A ópera Kunqu, que surgiu há 600 anos, é uma combinação de canto, dança e drama, e é considerada a melhor representação dos ideais estéticos tradicionais chineses.
Mas, devido à excessiva sofisticação das apresentações artísticas, perdeu muita audiência a princípios do século XX deixando só a um punhado de profissionais lutando por mantê-la viva.
Agora, os amantes desta antiga arte estão esforçando-se para mudar a situação.
O renomado escritor, Bai Xianyong, tem produzido uma nova versão do Pavilhão das Peônias dirigida ao público jovem da China. A peça estreou-se dia 21 de outubro em Beijing no Teatro do Século.
Uma jovem, Du Liniang, protagonista da peça, namorava-se com um professor com o qual só se encontrou uma vez num sonho até morrendo esperando-o. Sua fantasma encontrou depois o professor e lhe mostrou o amor.
O professor devolveu-lhe a vida e despois de muitas voltas e revoltas, finalmente se casa.
Esta é a drama do Pavilhão das Peônias, o exemplo mais famoso da ópera Kunqu.
Escrita por Tang Xianzu, um dramaturgo que viveu na época de Shakespeare, a história de amor fascinou público durante séculos.
Sem embargo, a versão original da lenda tem 55 atos e precisava dias a representar. Era demasiado lenta, complicada e sútil para o impaciente público moderno.
Bai Xianyong, de 67 anos, que começou a adorar a ópera Kunqu quando tinha nove anos, decidiu fazer uma adaptação da peça em 2003.
Reduziu o texto original de 55 atos a uma versão para 27 atos que dura nove horas e se apresenta durante três noites.
Mantendo a integridade da história, utilizou técnicas de teatro modernas para satisfazer as expectativas do público contemporâneo. E todos os atores são da faixa etária de 20 anos.
Alguns entusiatas de Kunqu sugeriram escolher atores veteranos, mas Bai insistiu em sua decisão.
Bai Xianyong disse: "Esta é a edição para o público jovem e os jovens atores. Mas tem ensaiado muito todo o ano. É por isso que temos a esperança de que os jovens atores e atrizes possam atrair o público jovem. Parece que somos bastante exitosos".
O escritor disse que os estudantes das escolas são seu objetivo. Preocupa-se da ignorância da geração jovem pelas tradições do país, e crê que seu apetite pela ópera clássica chinesa pode ser e debe ser desenvolvido, igual que se aficionaram ao rythmn and blues e ao hip-hop através da televisão e a internet.
Até agora, Bai está satisfeito com os êxitos obtidos. Em Taiwan, Hong Kong e Suzhou, os bilhetes se esgotaram vários dias antes da representação. Em Beijing, sua adaptação do Pavilhão das Peônias demostrou ser um dos eventos favoritos no atual Festival Internacional de Música.
Para regozijo do escritor, este pode ser um sinal de que a ópera Kunqu vai regressar ao centro da atenção no futuro próximo.
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