A China sediou o 7º Encontro Anual da Rede Internacional de Políticas Culturais (RIPC). O encontro promovido pela Unesco - que aconteceu no Centro de Conferência Internacional do Município Central de Shanghai entre os dias 14 e 16 de outubro - reuniu 36 dos 63 países membros da RIPC, 7 organizações internacionais, entre elas o Conselho Europeu, bem como a Organização do Desenvolvimento do Comércio Internacional. Segundo os organizadores, o encontro foi dividido em três sessões: Culturas Tradicionais e Modernização, Convenção Internacional da Diversidade Cultural, nesta sexta-feira (15) e Construindo o Futuro: Sobre Políticas, Tendências e Questões Emergentes na Área Cultural, na tarde de sábado.
O Brasil estava representado no evento pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil. Gil desembarcou na China dia 9 e cumpriu vasta agenda. Além dos encontros que manteve com o ministro da Cultura da China, Sun Jiazheng, e com o ministro da Administração da Rádio, Televisão e Cinema, Xu Guangchun, Gil visitou o Núcleo de Cultura Brasileira da Universidade de Beijing, onde falou para os alunos de Português e pesquisadores chineses nesta segunda - feira. O ministro também concedeu uma coletiva à imprensa na sede da embaixada brasileira nesta Capital. Na manhã desta quarta feira, Gil seguiu para o município de Shanghai, a fim de participar da RIPC.
Mútuas lições
O Departamento de Português da Rádio Internacional da China seguiu os passos do ministro nesta Capital. Na segunda feira, Gil aproveitou a palestra que concedeu no Núcleo de Cultura Brasileira da Universidade de Beijing para congratular os alunos chineses do Departamento de Português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing, da Universidade de Beijing, bem como os pesquisadores da Universidade de Beijing, pela passagem do 55º aniversário de fundação da Nova China. Na oportunidade, o ministro também falou sobre a expansão das relações culturais entre brasileiros e chineses.
-É fundamental que o povo chinês e o povo brasileiro conheçam um ao outro, que se aproximem, que um ensine ao outro variadas formas de compreender o mundo", afirmou aos presentes.
Gil também destacou a importância das relações sino-brasileiras. " Estamos celebrando 30 anos de relações bilaterais com a República Popular da China. As dimensões dos dois países, o papel regional que exercem e a semelhança de posições nos foros internacionais propiciaram o estabelecimento, ainda nos anos noventa, de uma parceria estratégica, a qual se baseia não só no grande potencial das relações econômico ? comerciais bilaterais, mas também numa visão multilateralista comum dos dois países, que buscam, em médio prazo, a construção de uma nova ordem internacional multipolar".
Globalização
Na concorrida coletiva que concedeu na terça-feira passada à imprensa chinesa e estrangeira na sede da embaixada brasileira nesta Capital, Gil analisou os impactos e benefícios provocados pela globalização sobre as diversidades culturais.
- É muito simplista dizer que a globalização ameaça a diversidade cultural. Ao contrário disso, a globalização garante a diversidade cultural, por que estabelece o diálogo aberto entre as várias culturas. Ela proporciona aquilo que eu chamei anteriormente de contaminação-a boa contaminação necessária-, exatamente o desenvolvimento, ao progresso, à capacidade de absorção de novas técnicas, o desenvolvimento dos talentos de um determinado País e de uma determinada área com as tecnologias advindas de outras áreas. Enfim, o intercambio proporcionado pelas diferentes linguagens proporcionadas pela globalização é, num primeiro estágio, uma coisa positiva.
Para Gil, os principais perigos oferecidos às diversidades culturais no processo de globalização cultural advêm dos ideais culturais hegemônicos. "O que é complicado é quando as hegemonias ou os ideais e projetos hegemônicos de algumas culturas dominantes se fazem hipertrofiados ou quando os interesses dominantes de uma determinada cultura tentar se sobrepor a todos os outros interesses das diversidades culturais das outras culturas e etc".
Conforme o ministro brasileiro, o encontro da RIPC deveria oferecer os limites necessários ao avanço de tais projetos. "É preciso estabelecer regras bem claras para o jogo e essa é umas intenções da Convenção. Para isso a Unesco quer criar com um conjunto enorme de países solidários e que apóiam a iniciativa uma convenção para a diversidade cultural que possa ao mesmo tempo garantir isso a continuidade de processo de intercâmbio e as garantias da proteção que certas manifestações culturais precisam ter dentro de seus países e de seus hábitat's".
Brasil China
O ministro Gilberto Gil anunciou oficialmente durante a coletiva a criação de um grupo de trabalho sino-brasileiro. A iniciativa se destina a estudar e fomentar futuros intercâmbios culturais entre os dois países nas áreas de produção cinematográfica, rádio, televisão, música e literatura.
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