Durante a década de 90, impulsionado pelo cenário de rápido crescimento econômico observou-se o desenvolvimento artístico e a aparição de povoados de pintores no subúrbio da China.
Neste período percebe-se a manifestação de muitos pintores talentosos, com obras caracterizadas pela influência ocidental. Reunidos na periferia da cidade compraram e construíram grandes casas-oficinas valorizando a tranquilidade necessária para suas criações e estilo de vida. Gradualmente, surgiu um ambiente de mútuo entendimento e respeito à arte, dando origem a comunidade de pintores.
--Redação
Meus princípios
"Só recebo artistas", diz Lü Xiao'er. "Compartilhamos os mesmos ideais".
Não é de se estranhar a ajuda que Lü destina aos artistas pobres, abrigando-os na comunidade e oferecendo refeições. "Me sinto bem ajudando-os", diz com tamanha s inceridade, "porque eu também passei por momentos assim". Quando era pobre, poucos me estenderam a mão. Quando pintava, usava os dois lados do papel para economizar dinheiro. Hoje tem condições de pintar em papéis de ótima qualidade. "As relações sociais", explica, "são assim". "Não quero que os pintores jovens e pobres sofram o que sofri".
A fama da comunidade cresce em igual proporção ao fluxo dos artistas que a visitam. Entre eles figuram celebridades como Mo Yan, escritor famoso, cujo romance Milho Vermelho serviu de base para as filmagens do filme homôniomo dirigido por Zhang Yimou. Mo Yan, estava convencido que suas recentes criações eram de qualidade inferior as que concebia no início de sua carreira, há vinte anos atrás.
Mo Yan explica, que "viver na comunidade, dormir na cama Kang, tendo contato com o cheiro da lenha queimando e em conversas com Lü Xiao'er, lhe trouxeram novo ânimo. O plano seguinte de Lü é estabelecer outra comunidade de pintores, com uma concepção diferente da atual. Sua idéia é criar um ambiente mais amistoso e um salão para expor as obras com o intuito de facilitar os intercâmbios.
Esta notícia se espalhou entre os pintores, muitos já manifestaram o desejo de viver na nova comunidade. Todavia, Lü deixa bem claro as novas condições, o centro abrigará somente 15 pintores, cada um poderá ocupar um espaço equivalente a 200 metros quadrados, e receber a aprovação de Lü Xiao'er.
"Se não tiver boa moral, não recebo de maneira nenhuma, ainda que me ofereçam muito dinheiro", diz com a maior seriedade.
Bríos para mudar o mundo que o rodeia
Para os moradores locais, Lü é uma pessoa rara. Foi abandonado ainda pequeno na cidade e rumou para o campo. O processo inverso, contrário ao da grande maioria, que busca na cidade oportunidades que o campo parece não oferecer.
Foi considerado extravagante por se envolver em causas que aparentemente não seriam de seu interesse. Presenteia as crianças com pincéis, tinta e papel, e as ensina princípios de pintura e caligrafia de graça.
Por vezes leva as crianças para pintar no campo, decora com as obras dos pequenos as varandas dando à comunidade um cenário especial. Como retribuição pede aos pais e aos moradores que sirvam de modelo para os pintores. É uma forma de envolver e aproximar os moradores locais à arte.
A comunidade de pintores atrai muitos turistas, mas Lu não os recebe antes de apresentá-los aos moradores locais que sobrevivem da atividade turística, proporcionando uma oportunidade de visitarem as casas antigas e os vestígios históricos. Impulsionando desta forma o desenvolvimento turístico local.
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