Ao longo da sua história milenar, os chineses foram criando inúmeros provérbios que são, hoje, prte integrante do seu patrimônio lingüístico-cultural.
Os provérbios chineses provêm basicamente de episódios históricos, geralmente da antigüidade remota. Ressalta, portanto, o seu carácter erudito, que se evidencia, mesmo no caso das lendas e histórias tradicionais, a nível do processo de transmissão, embora os haja também provenientes de expressões genuinamente populares.
Cada provérbio é uma unidade lingüistica rica em expressividade, podendo transmitir concisamente, embora com grande vivacidade e elegância, uma mensagem complexa.
Quanse todos os provérbios chineses são constituídos por quatro caracteres, e quatro caracteres bem definidos, insubstituíveis por sinônimos ou quaisquer outras palavras de sentido semelhante, a não ser em casos muito especiais, já que qualquer troca dos termos utilziados poderia confundir o leitor ou ouvinte. Cada provérbio chinês é uma unidade indivisível, pois o seu significado não é a simples soma das suas partes integrantes.
---- redator
Este provérbio consta do livro Han Fei Zi, obra publicada há cerca de dois mil anos.
Era uma vez um homem que vendia lanças e escudos numa feira. Certo dia, pegou numa das suas lanças e disse para o povo que o rodeava:
"Reparem! A minha lança é a mais aguçada, e fura qualquer coisa, por mais resistente que seja!"
Passou, logo de seguida, a elogiar um dos seus escudos: "Comprem um dos meus escudos, que são os mais resistentes que pode haver! Não há arma que seja capaz de os perfurar!"
Foi então que um dos presentes perguntou:
"Então diga-me lá: o que acontece se atacarem com uma das suas lanças alguém que se defenda com um dos seus escudos?"
O vendedor ficou sem saber o que responder.
Eis a história de que resultou o provérbio: A própria lança contra o próprio escudo, para 
indicar uma contradição a nível do comportamento e das palavras. Quando alguém diz uma coisa e faz o contrário, podemos criticá-lo com este provérbio.
Como toda a gente sabe, na China, apesar do muito que se tem discutido a reforma da grafia, continuam a usar-se os ideogramas. Em chinês, a palavra que significa "contradição" ou "contraditório" é formada por dois ideogramas - mao e dun. Mao significa "lança" e dun, "escudo". Por conseguinte, a origem da palavra está também na história que acabamos de contar.
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