Os fornos de porcelana de Cizhou situam-se no distrito de Cixian, província do Hebei e foram muito famosos na dinastia Song (960-1279). Já na dinastia Sui (581-618), ali se produzia um tipo de porcelana azul e na dinastia Song, o nível de fabrico de porcelana atingiu em Cizhou o seu apogeu. As características e cor das peças locais, acabaram por definir-se num estilo e tipo de peças conhecido como "porcelana de Cizhou". Esta é caracterizada por produtos meio-porcelana e meio cerâmica. A porcelana de Cizhou desempenha um papel de medianeira ? entre a antiga e a moderna ? na evolução da indústria da porcelana no país e ocupa um lugar muito importante na história da porcelana da China.
A utilização de um pigmento com grande quantidade de ferro, é uma técnica especial da porcelana de Cizhou. Os desenhadores têm de pintar com rapidez e habilidade antes de as peças de barro secarem. A técnica, uma das da pintura tradicional chinesa ? Xieyi, estilo caracterizado por expressão viva de esboço arrojado ? capta temas como flores, pássaros, peixes e outros. O efeito criado, de adorno, é simples e vivo.
"Gravar figuras" é outra das técnicas que se utilizam na decoração das peças de Cizhou. Os desenhos gravados nas peças de barro ainda húmidas, contrastam com as cores do fundo que realçam os contornos das figuras. Este efeito é criado pelo traço grosso pouco espaçado. Esta técnica é geralmente usada nas peças monocromáticas.
O esmalte preto, obtido após a ida da peça ao forno, goza de alta fama no domínio da porcelana tanto chinesa como mundial. O ingrediente para a obtenção deste esmalte preto é o solo amarelo local. Com alto conteúdo de ferro, depois de queimar, o barro adquire uma cor castanho-preto. Devido às diferentes espessuras do esmalte e temperatura do forno, obtêm-se cores que vão do castanho avermelhado ao vermelho-preto, passando, entre outras, pelo azul-preto. É frequente aparecer, numa mesma fornada e até numa mesma peça, várias cores. Este resultado, inesperado, é imprevisível mesmo para os oleiros.
As configurações, designs e cores do esmalte da porcelana de Cizhou são simples e facilmente imaginamos estas peças em ambientes e ocasiões solenes. Tendo herdado algumas características das peças fabricadas nas dinastias Sui e Tang, a porcelana de Cizhou tem evoluido conforme a necessidade e decisão do tempo. Os produtos de Cizhou mantiveram sempre e continuam a manter, uma tradição que lhes é própria.
Com as decisões imperiais de se mudar a capital do norte para o sul e o aparecimento dos fornos oficiais, a arte folclórica viu-se desprezada pelos dominantes e a porcelana de Cizhou estava em vias de extinção antes da fundação da Nova China. Em 1954, com o apoio do governo, estabeleceu-se em Handan um instituto de investigação da porcelana e cerâmica. Desde então, começou a pesquisar-se sobre a porcelana de Cizhou e, gradualmente, recuperou-se a sua produção.
Durante anos, os especialistas da Associação dos Pintores da China e professores do Instituto Central de Artes Plásticas deslocaram-se frequentemente à sede de fornos em Pengcheng para orientar trabalhos. Professores catedráticos e mestres de artes plásticas deslocaram-se também a Pengcheng, participando nas investigações e ensaios dos novos produtos da porcelana de Cizhou. Foram eles que impulsionaram o desenvolvimento, criaram esmaltes e diversificaram os padrões e variedades das peças. Quanto às capitais da porcelana, diz-se desde sempre que Jingdezhen é a do sul e Pengcheng é a do norte. Daqui se pode avaliar a situação da porcelana de Cizhou naquela altura.
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