A Academia de Ciências Sociais da China divulgou recentemente um relatório sobre a relação entre a idade média da população chinesa e a mão de obra no País, evidenciando que a tendência para o envelhecimento da sociedade chinesa.Entrevistado pela nossa rádio, um sociólogo especialista nas relações entre crescimento demográfico e econômico, Cai Fang, indicou que o acentuado processo de envelhecimento dos chineses se constitui num grande desafio para o desenvolvimento econômico e social do País. Ele também sugeriu que o governo chinês adote rapidamente medidas que atenuem os problemas gerados por este fenômeno social.

Na China, os idosos acima dos 65 anos correspondem a 67% da população e os impactos do envelhecimento social se ampliam anualmente. Prevê-se que, em 2050, a sociedade chinesa alcance o pico do envelhecimento, quando os idosos devem passar a representar 24% da população.

O "Relatório sobre a Relação entre População e Emprego", a Academia de Ciências Sociais da China, que concentra os maiores intelectuais do país, afirma que a atual base social e econômica da China ainda é muito fraca. Por isso, o envelhecimento populacional vai aumentar a pressão sobre o orçamento governamental e o sistema de aposentadoria, trazendo grandes desafios para o desenvolvimento social e econômico do país. O especialista Cai Fang, responsável pela pesquisa e pela redação final do Relatório, revelou que o governo e a sociedade devem estar atentos às tendências de envelhecimento, a fim de criar um completo sistema da aposentadoria. Ele disse:

" Enquanto a economia planificada se transforma numa economia de mercado, a aposentadoria na China também passa pela responsabilidade empresarial para o seguro de pensão social. Neste processo, nós precisamos de encontrar um sistema da aposentadoria que corresponda à realidade chinesa."

Atualmente na China, menos da metade dos trabalhadores urbanos contribuem com o sistema previdenciário e 80% dos aposentados recebem a sua pensão. Com o envelhecimento populacional, a falta de fundos destinados às pensões está se ampliando. Cai Fang acha que a China deve ampliar a base das contribuições e reforçar a administração dos fundos relacionados, reformar e aperfeiçoar o sistema de aposentadoria aos idosos urbanos.

Os especialistas ainda defendem a tese de que é necessário ampliar os fundos de pensão para aposentadoria. Segundos as estatísticas, cerca de 70% da população chinesa está em idade de trabalho e a oferta de mão-de-obra ainda é muito alta. Por isso, especialistas demográficos indicaram que o país deve aproveitar a vantagem da alta percentagem de mão-de-obra para acelerar o desenvolvimento, a fim de se preparar para o envelhecimento da sociedade.

Cai Fang também concorda com este ponto de vista. Ele considera que o governo deve aumentar os investimento na população economicamente ativa e de elevar o nível educacional do povo, de modo a prolongar o período de alto crescimento econômico chinês por 20 anos ou mais. Assim pode-se acumular suficientes fundos da aposentadoria. Ele ainda indicou que o problema da aposentadoria rural da China merece atenção do governo. Com a diminuição do número de membros das famílias e da queda da receita agrícola a milenar forma de sustento dos idosos no campo - que depende da rede familiar ? está se extinguindo. Cai Fang afirmou:

"Acho que devemos escolher dois caminhos: primeiro, conforme a necessidade e o nível do desenvolvimento econômico nos diferentes lugares, estabelecer-se gradualmente o sistema da aposentadoria rural que cubra todos os camponeses. Este processo vai demorar muito tempo a ser implantado. Outro é estabelecer o sistema de garantia mínima de vida no campo para satisfazer as atuais necessidades urgentes".

Segundo ele, a China deve criar um sistema da aposentadoria que coordene os papéis familiares e sociais, a fim de enfrentar os desafios trazidos pela chegada do pico do envelhecimento populacional.