Liu Bang (256?195 a. C) e Xiang Yu (232-202 a. C), prominentes personalidades dos reinos Han e Chu, respectivamente, protagonizaram uma disputa muito singular: cada qual se empenhava em obter pessoas talentosas. A luta foi encarnizada e o episódio figura, junto com outros fatos verídicos, nos Registros Históricos, a conhecida obra de Sima Qian.
O assunto que vamos relatar começa quando Xiao He (? ? 193 a. C), conselheiro de Liu Bang, primeiro, e depois, seu primeiro-ministro, dirigiu-se a Liu Bang para fazer uma recomendação em favor de um homem até então sem maior figuração. Este homem, cuja data de nascimento se ignora e que morreu no ano 196 a. C, chamava-se Han Xin. Liu Bang aceitou a proposta de Xiao He e concedeu a Han Xin um posto não de alta hierarquia no seu exército. Aqui começoa o problema: Han Xin, deescontente com o cargo, decidiu abandonar o exército de Liu Bang e fugiu, enquanto Xiao Hen, ao interar-se da notícia, ia correndo em sua busca à noite.
Segudo Registros Históricos, Han Xin, um homem de origem pobre, ia frequentemente à casa de Ting Zhang a pedir esmola. Ao vê-lo, a mulher de Ting Zhang branqueava os olhos em sinal de desprezo. Para Han Xin não era raro passar fome. Quando não tinha nenhuma outra alternativa, ia ao rio pescar para ver se podia levar alguma coisa à boca. Uma velha, que costumava lavar roupa ali, vendo seu aspecto lamentável, começou a dar-lhe de comer todos os dias. Han Xin disse à velha: "Aglum dia devolverei o favor que me faz". Inesperadamente, a velha ficou zangada e disse-lhe: "ao dar-lhe de comer não espero recompensa". Han Xin se surpreendeu mas ficou mais agradecido. A miséria em que vivia Han Xin acarretava-lhe muitos problemas: com frequência era menospreciado por seus paisanos e ofendido por alguns canalhas.
Um dia, um bandido disse a Han Xin em voz de desafiar: "Você leva sempre espada e parece forte, mas na realidade, não é outra coisa que um cobarde. Se é valente, mata-me com sua espada. Se não é capaz de fazê-lo, tem que passar por baixo de minhas pernas". Logo depois das palavras, separou as pernas e esperou. Han Xin, contendo sua cólera, passou por baixo das pernas do bandido. A gente, ao ver isso, estalou de gargalhadas. Han Xin permaneceu imudável e muito mais convencido de que não valia a pena arriscar a vida por uma coisa insignificante: suas altas e secretas aspirações estavam por cima de tudo.
|