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(GMT+08:00) 2004-06-23 10:10:27    
Luta contra AIDS

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Gao Yaojie, 77 anos, é especialista em oncologia ginecológica e catedrática aposentada do Instituto de Medicina Tradicional China de Henan. Dedicou-se voluntariamente à prevenção e tratamento da AIDS em 1996. Nos últimos sete anos, percorreu mais de cem aldeias e visitou mais de mil enfermos do AIDS na Província de Henan. Escreveu e publicou por conta própria o livro Prevenção e Tratamento da AIDS e distribuiu gratuitamente cerca de 300 mil exemplares. O material de promoção "Conhecimentos sobre Prevenção da AIDS", redigido por ela mesma e impresso por conta própria, saíram até agora 16 números, com uma tiragem total de 610 mil exemplares. A partir de 2000, passou sua atenção para o auxílio de órfãos dos enfermos do AIDS e deu ajuda financeira para 164 deles. O Conselho Executivo Global da Saúde outorgou-lhe em 2001 o Prêmio Jonathan Mann para a Saúde e os Direitos Humanos Globais, como reconhecimento às duas contribuições ao melhoramento da saúde pública e da prevenção do AIDS. Em 2002, foi elogiada como "Estrela da Ásia" pelo Semanário Comercial, uma dos "25 Heróis da Ásia" pelo semanário Times; em 2003 obteve o Prêmio Ramon Magsaysay de Serviço Público. Kofi Annan, Secretário-Geral da ONU, mencionou seu trabalho como figura pública na atividades de educação e propaganda para a prevenção do AIDS nas zonas rurais da China. Transmitiremos a seguir um artigo por ela escrito, sob o título "Solução para órfãos de pacientes do AIDS".

Quando trabalhava como médica no departamento de ginecologia, conheci a primeira enferma de AIDS em abril de 1996 na consulta de clínica. Nos seus últimos estertores, a enferma me suplicou: "Doutora Gao, o único que fiz foi uma transfusão de sangue. Pode curar-me? Não quero morrer! Tenho marido e filho. Eles não podem viver sem mim ......" Suas palavras foram gravadas para sempre na minha memória.

Cada enfermo do AIDS que morre deixa um a três órfãos, na sua maioria em idade escolar. Então surge um problema por resolver: Como viverão estes órfãos? Poderão freqüentar escolas como as outras crianças? Se não o fizerem, será provável que se tornem analfabetos. Isto prejudicará e até ameaçará a segurança da sociedade. Muitos se perguntam qual é o tema mais preocupante na luta contra o AIDS? Ao meu ver, é o problema de órfãos. Se não lhes prestarmos atenção, haverá mais cedo ou mais tarde uma catástrofe nacional.

Há anos todos crêem que os órfãos de pacientes de AIDS podem ficar com outros parentes depois da morte dos pais. Para eles o apoio financeiro é o mais necessário entre todos os problemas. Com esta idéia na cabeça, enviei-lhes em diferentes ocasiões mais de 80 mil yuans, equivalentes a 10 mil dólares americanos, entre o segundo semestre de 1999 e o primeiro de 2002. Apanhei uma surpresa dolorosa e decepção amarga, quando sabia que a maior parte do meu dinheiro nunca tinha chegado às mãos dos órfãos. Em 2001, remeti 1,100 yuans por correio aos órfãos Gao Li e Gao Yan, de Henan. Entretanto, o tio de ambos guardou o dinheiro no bolso e logo o perdeu numa casa de jogos de azar. Os dois meninos levavam três meses sem ter um pouco de sal para comer. O tio até levou a farinha e o carvão que o governo lhes tinha oferecido, além da lâmpada e medidor elétrico. Mandei também a Feng Tuanwei 600 yuans para suas despesas escolares de três semestres, porém, descobri que o menino não foi à escola nem um dia sequer e que passou todo o tempo escavando areia no rio para ganhar o pão do dia.

Alguns tutores obrigam os meninos a trabalhar ou a pedir a esmola. Parte de órfãos entre 13 ou 14 anos são obrigados a trabalhar em duras condições. Muitos deles carregam e descarregam pedras ou areias na construção civil ou escavam areias no rio. A situação das meninas é pior ainda. Alguns adultos solteiros fazem todo o passível para ocupá-las. Outros as enganam, dizendo que querem contratá-las como operárias. Por isto considero que o apoio financeiro não é suficiente para ajudar os órfãos do AIDS. Faltam, sobretudo, mais preocupação da sociedade, o amor familiar e a oportunidade de receber a educação.

Muitos propõem que o governo abra um orfanato especial para eles. Porém, isto não me parece boa idéia. Primeiro, como nosso País ainda não é muito rico, será muito difícil ajudar todos eles exclusivamente com os recursos do governo e grande número de órfãos sofrem uma vida de fome e frio e adotam uma atitude hostil à sociedade. Além disso, se eles se concentram no mesmo lugar, podem produzir conseqüências negativas imprevisíveis.

Um parente meu da província de Shandong veio visitar-me e expressou o desejo de adotar Gao Chuang. Depois que em junho de 2002, o adotou, o menino passou a estudar na Escola Primária Baiji do Distrito de Caoxian, Província de Shandong. Da mesma maneira, seis órfãos do AIDS de Henan foram adotados sucessivamente por famílias de Shandong. Estes meninos voltaram a viver como as outras crianças.

Creio que a melhor solução do problema dos órfãos de AIDS é estimular a adoção. Cuidados por uma família normal, os órfãos podem ter a oportunidade de comunicar-se normalmente com seus amiguinhos e colegas de estudo. Com o passar do tempo, desaparecerá a dor histórica e poderão concentrar-se nos estudos. Entretanto, têm que escolher cuidadosamente a família adotiva. Neste sentido, ao meu ver, há três condições indispensáveis: a família é de bom coração e digna de confiança, tem condições financeiramente aceitáveis e querem pagar os estudos secundários de seis anos.

Muitas dificuldades surgem no processo de adoção. Circula-se o rumor de que alguns vendem órfãos de pacientes de AIDS a traficantes de meninos para ganhar dinheiro. Este rumor é sumamente lesivo para as famílias adotivas e as entidades interessadas dos governos das regiões onde moram estas famílias.

Alguns pais enfermos me escreveram, pedindo-me para cuidar de seus filhos. O mais lamentável é que estes meninos não possam admitir o fato de que seus pais foram contaminados. Porque eles estão com medo de ser discriminados por seus amiguinhos e colegas de estudo. Tudo isto causa mais dificuldades para fazer nossos trabalhos de apoio. Há pouco, tive um encontro com a Vice-Primeira-Ministra Wu Yi, ocasião em que ela me perguntou pelas dificuldades na ajuda a estes órfãos. Disse francamente para ela que o problema mais importante é eliminar o rumor. Quando se diz a verdade, o problema será resolvido radicalmente. Estou consciente de que não tenho condições de ajudar todos os órfãos de AIDS, mas se consigo ajudar um, já vale a pena.

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