No ano 219 a. C, o imperador Qinshihuang, o primeiro a unificar a China na história, subiu na montanha Taishan. Mandou construir um altar no cume para render homenagem ao Céu, chamando a cerimônia como Feng, e outro altar no sopé da montanha homenageando a Terra, sendo a cerimônia chamada como Chan, com o fim agradecer os favores do Céu e da Terra e pedir a permanência do seu governo e a estabilidade do Estado. Pelas cerimônias de Feng e Chan, a montanha Taishan obteve uma posição ainda mais elevada em comparação a outras montanhas.
No ano 110 a. C, o imperador Wudi da dinastia Han subiu pela primeira vez na montanha e nos 22 anos posteriores, voltou à montanha 7 vezes. Segundo registros históricos, no pico da Taishan, o imperador Wudi não sabia o que dizer emitindo uma série de interjeições: "Que alta! Que sublime! Que grandiosa! Que extraordinária! Que vistosa! Que ilustre! Que confuso!" Se as primeiras interjeições descreveram o perfil da montanha, a última seria difícil de compreender. Porquê ele se sentia confuso? Ou estava tão fascinado pela paisagem que nunca tinha visto e não conseguiu encontrar as palavras para expressar o sentimento?
De acordo com as tradições da casa real, as cerimônias se realizavam na montanha Taishan, somente para celebrar a unificação do Estado, os grandes empreendimentos do soberano e o surgimento de sinais de bom auspício. Mas, alguns soberanos sem fazer nenhuma façanha também subiram na montanha, até o imperador Zhenzong da dinastia Song criou, em 1008, uma carta celestial gabando-se de seguir uma ordem celestial para manter o governo eternamente. De fato, ele, perante muitos problemas internos e a invasão exterior, pretendia aproveitar-se de uma cerimônia na montanha Taishan para divulgar o conceito de que "o poder real emanava do imperador celestial" e preservar o seu governo. Trata-se da última grandiosa cerimônia na montanha Taishan da história. Desde aí, os imperadores foram pessoalmente à montanha ou mandaram as mensagens de sacrifício, mas só para render os tributos à divindade da montanha. Durante as dinastias Ming e Qing, os rituais em homenagem ao Céu continuavam, mas já no Templo do Céu em Beijing, ao invés da montanha Taishan.
A peregrinação ao Céu não foi fácil. Do sopé da montanha até o cume, o caminho se estende por mais de 10 quilômetros e a viagem leva em geral cinco horas. Aproveitando-se da ruptura do corpo da montanha, foram construídos três pavilhões ao longo do caminho: Pavilhão Yitianmen, Pavilhão Zhongtianmen e Pavilhão Nantianmen.
Do ponto de partida, ou do Pavilhão Daizongfang, portão do Parque da Montanha Taishan, mais de 6200 degraus separam o ser humano do cume. Nele, pode-se contemplar, no sopé da montanha, o Pavilhão Nantianmen, que parece apenas um pequeno ponto preto acenando para as pessoas. A escadaria, feita especialmente para a peregrinação, possui trechos suaves, inclinados e íngremes. Seu traçado sobe bordando um riacho e o vale torna-se cada vez mais estreito. Apesar de ser apenas uma trilha, conta com forte ritmo tal como as ondas do mar, tendo a primeira onda entre o Pavilhão Yitianmen e o Pavilhão Zhongtianmen e, o segundo, entre o Pavilhão Zhongtianmen e o Pavilhão Nantianmen. Mais além do Pavilhão Nantianmen, é o cume da montanha, uma área de apenas 0,6 quilômetro quadrado.
Ao longo do caminho, vêem-se os templos em homenagem ao Céu. O mais importante é o Templo Daí, no sopé da montanha, onde se realizavam grandiosos rituais e hospedava o imperador. Antigamente, o Templo Dai ocupava um quarto da cidade de Tai´an e era considerado um dos três maiores conjuntos arquitetônicos de palácios chineses ao lado da Cidade Proibida em Beijing e o Templo de Confúcio em Qufu. Vêem-se ainda os templos budistas, taoístas e de outras crenças religiosas, sendo os templos taoístas na maioria.
Nos últimos dois milênios, pode-se contar nos dedos o número de imperadores que subiram a montanha. O fluxo de peregrinos, turistas, aventureiros, assim como pessoas em busca de lugares absolutamente ermos é incessante, o que contribuiu para que a cidade de Tai´an, no sopé da montanha, se transformasse em uma cidade turística desde a antigüidade. Ao subir a montanha, a maioria dos antigos viajantes antigos não se portava como aventureiros ou conquistadores da montanha. Eles vieram curtir um sentimento "cultural" na Natureza. Por isso, muitos deles, inspirados pelas paisagens, escreveram poemas que expressavam seus sentimentos pela Natureza e pela vida. Alguns escreveram seus poemas diretamente nas grandes rochas ao lado do caminho, outros criaram poemas em bela caligrafia e mandaram gravá-los nas pedras. Estes poemas demonstram os valores estéticos dos chineses sobre as montanhas e os rios.
A prática do alpinismo na montanha Taishan tem mais de dois mil anos, um fato raro na China e em todo o mundo; E a história e a cultura contidas na montanha são únicas. Um dito chinês diz: "Não se conhece a montanha Taishan aos olhos". Conhecer a fundo a montanha Taishan não é fácil.
Em 1987, a montanha Taishan foi tombada como patrimônio mundial cultural e natural.
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