Segundo a reportagem especial da Radiobrás, a China e o Brasil estão procurando maior cooperação para autonomia no mundo dos Satélites.A reportagem descreve: os satélites sino-brasileiros CBERS 1 e CBERS 2 circulam pela órbita da terra captando imagens dos dois paises desde 1999. Agora, eles passam a fornecer dados estatísticos que podem ajudar nas análises metereológicas e fenomenológicas não apenas do Brasil e da China, como de países vizinhos. Esse é o teor do acordo que prevê a cooperação para o estabelecimento de um sistema de aplicações de sensoriamento remoto do Programa Sino-brasileiro Brasileiros de Recursos Terrestres. O acordo será assinado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hu Jintao, no encontro que terão no dia 24 de maio.
De acordo com o diretor do Centro de Pesquisa e Aplicação de Satélite da China (Cresda), Guo Jian Ning, essa etapa fecha um ciclo completo dos CBERS 1 e CBERS 2, em que Brasil e
China estiveram juntos na criação, passaram juntos pela operação e agora passam a fazer juntos a aplicação do programa. A idéia é fornecer informações com leituras estatísticas do que é fotografado pelos satélites. "Estamos preocupados em discutir como fazer o usuário compreender as estatísticas e com a distribuição desses dados", diz.
Ning ressalva que as imagens produzidas pelos satélites ainda não têm o mesmo nível de definição daquelas feitas por paises como Estados Unidos ou Alemanha. "Mas este projeto significa para os dois paises, que têm extensão continental e problemas sociais e ambientais comuns, a conquista da autonomia", salienta. Com o sistema de decodificação, será possivel
localizar fenômenos como o desmatamento da Amazônia ou mesmo poços de petróleo.
Do laboratório de recepção de imagens da Cresda, os cientistas podem observar minuto a minuto o que se passa ao longo dos 9.572.909 quilômetros quadrados da China. Podem acompanhar, por exemplo, o crescimento das cidades, que se multiplicam no país. Ele tem nos arquivos, por exemplo, uma foto da cidade de Xangai tirada pelo CBERS 1 em julho de 2001. Quando compara com a foto da mesma localidade feita em dezembro de 2003, fica estarrecido: "A cidade está crescendo de maneira assustadora".
Mas, só de muito longe, pelo menos por enquanto, as cidades podem ser vistas, o que frustra, por exemplo, a possibilidade de um mapeamento do Rio de Janeiro, com seus morros e conflitos. "O nível de definição dos nossos satélites não permite a utilização para temas como segurança, mas apenas para agricultura, meio ambiente e meteorologia"
O programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite / Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) foi assinado em 1988 para aplicações nas áreas ambientais, urbanas e agrícolas. Na primeira etapa, que contou com investimentos e recursos humanos de 30% para o lado brasileiro, houve o lançamento do primeiro satélite, em 1999, e do segundo em 2003. Os satélites CBERS 1 e CBERS 2 foram lançados por foguetes chineses da série Longa Marcha a partir da base de lançamento de Shanxi e Taiyuan respectivamente, na Republica Popular da China.
Já foram assinados os protocolos para a segunda etapa, que envolve os satélites 3 e 4, com viabilidade de usos meteorológicos e de telecomunicações, e previsão de lançamento para 2005 e 2008. Desta vez, a contrapartida brasileira no projeto será de 50%.
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