Numa recente Conferência, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao estabeleceu quatro tarefas para a revitalizar as áreas industriais do Nordeste do País em 2004. Para tanto, ele prometeu grandes esforços para reestruturar as empresas estatais, promover o setor privado, otimizar a combinação das empresas industriais e absorver mais investimentos nacionais e estrangeiros. Ele disse que a China vai iniciar sua estratégia para revitalizar os centros industriais tradicionais nas três províncias do Nordeste, pois estas desempenham importante papel no desenvolvimento industrial chinês.
A revitalização das velhas bases industriais daquela região do país se constitui numa das prioridades estratégicas do Governo Central chinês. Para tanto, as autoridades centrais estão adotando várias medidas. Mas, quais as razões para modificar o perfil daquela região chinesa?
Para compreendermos isto, devemos conhecer, em primeiro lugar, sua atual situação. O nordeste abrange as seguintes três províncias: Liaoning, Jilin e Heilongjiang. Juntas, ocupam cerca de um milhão e 241 mil quilômetros quadrados e possuem mais de 100 milhões de habitantes. Esta região é muito rica em recursos minerais e florestais.
O governo central estabeleceu 150 projetos prioritários para o desenvolvimento da indústria pesada no país durante os primeiros sete anos depois de vida da Nova China em 1949. Cerca de um terço dos mesmos foram construídos naquela região. Os projetos abrangeram a siderurgia, a química, metalúrgicas pesadas, a indústria automobilística e a indústria ligada à Defesa Nacional.
Sem dúvida nenhuma, muitas das empresas industriais tradicionais - estabelecidas na década de 50 do século passado, durante a transição do país rumo à economia planificada -, se mostram menos competitivas ao longo dos últimos anos. Muitas, inclusive, acumularam grandes prejuízos nos últimos 20 anos, quando a China implantou a política de reforma e abertura econômica ao exterior para converter-se numa economia de mercado. A proporção do valor da produção industrial daquela região no PIB do país caiu de 17% para 9% durante este período.
As chamadas "velhas bases industriais" do nordeste são empresas estatais, estabelecidas no período da economia planificada. Atualmente enfrentam muitas dificuldades por não terem atendido às exigências do mercado e limitam o desenvolvimento econômico daquela região chinesa.
Vejamos agora os seguintes dados: Em Shengyang, capital da província de Liaoning, 132 empresas vão falir. O total de suas dívidas chega a 10 bilhões e 500 milhões de yuans e abrigam 680 mil postos de trabalho. Na mesma cidade, das 1717 empresas de propriedade coletiva, 63% estão paralisadas ou semiparalisadas e acumulam uma dívida total de 5 bilhões e 460 milhões de yuans, com 133 mil empregos.
Nas plenárias anuais da APN (Assembléia Popular Nacional) e CCPPCh (Conferência Consultiva Política do Povo Chinês), que se realizaram simultaneamente em março deste ano, alguns representantes afirmaram que para resolver tal problema, é necessário superar as contradições humanas. Por isso, há que levar em consideração a solução dos problemas relacionados com a qualidade de vida da população, a recuperação ambiental e a preservação dos interesses de curto, médio e longo da população.
Concretamente, deve-se prestar alta atenção à seguridade social dos desempregados. Sem a solução deste problema, não haverá estabilidade. Nesta região, o prejuízo acumulado pelas estatais pesa na estrutura social e se transformou num dos fatores de sua instabilidade, pois está provocando grandes déficits no sistema de pensões, a falta dos recursos financeiros necessários à assistência médica e gerando pesadas dívidas.
Por isso, para revitalizar as velhas bases industriais do Nordeste, é necessário, em primeiro lugar, transformá-las em empresas que correspondam às exigências da economia de mercado.
Na realidade, a revitalização das velhas bases industriais não é um novo tema. Desde a década de 80 do século passado, as autoridades centrais têm se esforçado por resolver este problema. Porém, devido às condições históricas, tal medida tem sido restringida pelo sistema de propriedade estatal e pela estrutura da economia de mercado, de forma que tal problema não alcançou, ainda, uma solução eficaz.
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