A China é um país com uma milenar civilização e possui um acervo histórico e cultural muito rico e precioso. Como em todos os países do mundo, a esmagadora maioria de nossos objetos históricos culturais é conservada pelos museus. Mas, qual é a atual situação dos museus chineses e o atual estágio da museuologia no país?
Os museus foram introduzidos na China no final do século 19. O primeiro museu do país foi o Museu de História Natural da Cidade de Nantong, na província de Jiangsu, criado em 1905, por Zhang Jian, um dos maiores empreendedores industriais e orientadores educacionais da história chinesa. No entanto, a expansão dos museus foi truncada pelas seguidas décadas de agitações políticas, guerras civis e pela invasão japonesa que varreram a China. Durante este período, a museuologia chinesa também permaneceu isolada das grandes tendências e estruturas internacionais.
Em 1949, quando da proclamação da República Popular da China, o país contava apenas com 21 museus e todos em precárias condições.
Atualmente, segundo as estatísticas oficiais, a China possui mais de 1800 museus estatais. Entre estes, cerca de 1200 estão sob a Administração Estatal da Herança Cultural, enquanto os demais estão subordinados ou gravitam em torno de institutos ou universidades como à Academia de Ciências, à Academia de Ciências Sociais da China ou às forças armadas. Além destes, há cerca de mil museus privados no país.
Mas, segundo os especialistas, o número dos museus é relativamente baixo quando comparado com o tamanho da população.
Em cerca de 1200 museus pertencentes à Administração Estatal de Herança Cultural, estão conservados mais de 10 milhões de objetos de valor histórico. O número também é baixo se levarmos em consideração o acervo do país e as constantes descobertas arqueológicas, culturais e históricas. No entanto, o acervo é de rara qualidade. E muitos deles são considerados como preciosidades ou patrimônios culturais do país, disse Li Jimin, ex-diretor da Administração Estatal de Herança Cultural.
Alguns museus no mundo são, reconhecidamente, importantes instrumentos para o fomento da indústria turística. O Museu do Palácio Imperial de Beijing, o Museu do Exército dos Soldados de Terracota em Xi´An, o Museu do Louvre em Paris, o Museu de São Petersburgo na Rússia e o Museu de Londres são alguns destaques mundiais nesta área. Tanto o estágio de desenvolvimento da estrutura quanto a linha museológica adotada são consideradas como algumas das principais referências culturais de um país ou de uma localidade.
Na China, a nova orientação teórica dos museus só começou a emergir há alguns anos. Por exemplo, desde os anos 90, o turismo começou a se desenvolver neste país, mas, o desenvolvimento dos museus, ou melhor dizendo, os museus não acompanhavam a onda e conheceram uma tendência de queda das visitas.
Segundo estatísticas, nos quatro anos desde 1991 a 1994, o número dos museus pertencentes à Administração Estatal ascendeu de 1075 para 1161, mas as visitas diminuiram de 140 milhões anuais para cerca de 70 milhões anuais.
O que é que impediam as visitas?
Além do preço ingresso, algumas pessoas achavam que a queda das visitas devia à carência dos investimentos governamentais e sociais, baixo nível cultural da população e competição de novas instalações de lazer e diversões. Mas, Li Jimin atribuiu o principal motivo à concepção antiquada sobre as funções dos museus e à sua administração.
Para Li Jimin, um museu aplaudido pelo público deve satisfazer duas condições: abundância das informações e expressão artística e divertida de suas amostras.
Mas, até os anos 90, muitos museus pareciam salas de espécimes ou depósitos voltados aos pesquisadores profissionais, ignorando a necessidade e a capacidade de aceitação do público.
É de notar que nos últimos anos, surgiram na China vários museus, especialmente museus voltados à ciência e tecnologia, que, além de designs modernos e divertidos, atraem os visitantes com seus programas que destacam a participação dos visitantes.
E muitos museus começaram a renovar suas concepções das amostras e procuram atrair maior número de visitantes, adotando para isso, diversas medidas.
No início do novo ano de 2004, uma das maiores novidades procedentes de museus neste país é a entrada gratuita a museu em várias regiões. Na província de Zhejiang, uma das mais desenvolvidas economicamente, abrem-se gratuitamente ao público os seus dois mais importantes museus, Museu da Província de Zhejiang e Museu de Seda da China. O primeiro é um dos mais antigos museus chineses a nível provincial e o segundo, o maior do mundo dedicado à seda e sericicultura.
Com exeção da manhã das segundas-feiras, os dois museus abrem-se gratuitamente aos cidadãos da província, turistas forasteiros e visitantes estrangeiros, todos os dias, incluindo durante os feriados. No primeiro dia da abertura gratuita, o Museu da Província de Zhejiang recebeu 6300 visitantes e depois, as visitas mantem-se em torno de 3000 pessoas diárias, cifra esta sendo 6 até 7 vezes maiores do que antes.
Na realidade, já no dia 18 de maio do ano passado, 15 museus municipais de Hangzhou, uma das maiores cidades da província de Jiangzu, abriram-se gratuitamente ao público, o que despertou uma onda de visitas na cidade.
E serve de um exemplo a suas colegas em todo o país. Dia 18 de novembro do mesmo ano, principais museus de Guangzhou, da província do Guangdong, promoveram o Dia de Museus, dando acesso gratuito ao público. No mesmo dia, o Museu-Casa dos Chens recebeu mais de 40 mil visitantes, número muito superior à capacidade de atendimento do Museu, situação esta preocupou até a sociedade pela proteção da herança cultural. Segundo a autoridade responsável de Guangzhou, a cidade tem o primeiro dia de cada mês como Dia de Entrada Franca a todos os seus museus.
Depois de Guangzhou, os 16 museus diretamente subordinados à Administração municipal de Herança Cultural de Beijing se abriram a partir de primeiro de janeiro deste ano, aos alunos primários e secundários gratuitamente, além de permitir entrada gratuita aos idosos com idade superior a 60 anos, medida já adotada em 2001.
Em Shanghai, a partir do dia 10 de janeiro, três museus, nomeadamente Museu da Cidade de Shanghai, Museu-sede do primeiro Congresso do Partido Comunista da China e Museu de Lu Xun, abriram-se às visitas coletivas de alunos e em breve, outros 69 museus e memoriais da cidade vão permitir entrada gratuita dos alunos.
Especialistas consideram que a medida possibilita mais visitas a museus, apesar da perda financeira do ingresso, mas, os efeitos sociais são incalculáveis.
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