O dia 29 de Julho de 2003 marcou o início das comemorações dos 1696 anos de história do Templo Tan Zhe, em Beijing. O período comemorativo durará 4 meses e os visitantes poderão ver a exposição fotográfica dos mestres, pinturas e artigos do Templo fundado durante a Dinastia Qing. Além disto, as tumbas em forma de torre de famosos monges das dinastias Jin, Yuan, Ming e Qing e atos religiosos também estão abertas à visitação pública. O rol de atrações inclui ainda lutas marciais entre jovens monges e o saboreio de pratos vegetarianos. Nossa reportagem esteve no Templo, a fim de conhecer suas transformações e sua história.
Situado a mais de 40 quilômetros ao Oeste desta Capital, o Templo Tan Zhe foi construído na Dinastia Jin (entre 256 e 316), sendo considerado o mais velho da cidade. Dizem que o templo Tan Zhe antecede a fundação de Beijing e que se reveste de mistérios quando chove ou neva. Com uma área de 4.4 hectares, o Templo possui uma longa história e um tranqüilo ambiente. Neste templo, também podemos encontrar raras e antigas árvores.
Construído na encosta de uma montanha, o Templo conta com pavilhões, portões e magníficos arcos decorativos. No pátio do pavilhão Pi Lu, há a maior magnólia da região central chinesa. Violeta, ela foi plantada há 200 anos. Suas flores desabrocham logo no início da primavera. Além disso, há outras duas árvores de gingko, batizadas com o nome do imperador Qian Long e de sua esposa durante a Dinastia Tang. Além disso, ao leste do pavilhão principal, encontram-se o quarto para o mestre e a residência temporária dos imperadores em trânsito.
No passado, três mil monges viviam no Templo. Atualmente, restam apenas 30. Dizem que em sua volta, 365 aldeias produziam os alimentos necessários para alimentar os monges do Templo. No pátio ao leste do pavilhão principal, encontra-se uma panela de bronze de 1.85 metro de diâmetro e 1.1 metros de profundidade usada para a preparação dos pratos. O Templo tinha três grandes panelas. A maior tinha três metros de diâmetro e dois metros de profundidade, sendo utilizada para fazer a sopa de arroz ou preparar o pão a vapor.
Embora poucos monges vivam no templo, suas condições de vida mudaram muito. Com o progresso e o desenvolvimento social, seu cotidiano melhorou. No passado, os monges recitavam as sutras apenas após as simples refeições.
No quarto do mestre Chuan Xinshi, formado no Instituto do Budismo da China, nossa reportagem encontrou sofás, um computador e outros artigos de escritório. Ele disse que o computador é seu íntimo companheiro. Além de recitar diariamente as sutras, ele consulta pela internet os dados existentes sobre o budismo e difunde-os através de e-mails.
Para aumentar o poder de intercâmbio, Chuan Xingshi começou a estudar inglês. Quando alguns estrangeiros visitam o Templo, ele trabalha como intérprete.
Depois do jantar, é hora do exercício físico. Os monges praticam esporte em instalações desportivas doadas pela Associação de Budismo da China. Mas, ao invés deste exercício, o monge Chuan prefere subir as montanhas.
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Caro ouvinte. Agora, vou lhe contar duas lendas sobre este Templo. Primeira: No corredor do pavilhão do dragão do mar, está pendurado um peixe de pedra, de 1,5 m de comprimento e 75 quilos de peso. Quando batem nele, produz um som agradável. Segundo monges do Templo, este peixe de pedra caiu do céu.
A mitologia reza que uma grande estiagem atingia o norte da China, interrompendo a fluidez dos rios, secando os poços de água, matando muitas pessoas e as criações de gado. A fim de obter água, o povo foi ao Templo homenagear os budas. Quando o imperador do céu soube disso, lembrou-se de que ele tinha recebido um peixe precioso, oferecido pelo imperador do mar, o qual era capaz de chamar o vento e a chuva. Então, o imperador do céu mandou oferecê-lo às vítimas da seca.
Durante uma madrugada, os monges foram acordados por um grande barulho. Assustados, todos saíram do quarto para ver o que acontecia. Viram uma coisa estranha que se assemelhava a um peixe. Então, considerando uma preciosidade doada pelo imperador do céu, o mestre mandou recuperá-lo. Quando o escultor começou a mexer nela, esta produziu um som muito agradável enquanto o tempo seco e abafado ia tornando-se cada vez mais úmido até que, finalmente, choveu. Foram três dias e três noites. Com a chuva, a população e as criações foram salvas. Para agradecer a oferta do imperador do céu, o peixe de pedra foi suspenso no corredor do pavilhão do imperador do mar.
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A seguir, a segunda lenda sobre a construção do Templo Tan Zhe. Quando o mestre Hua Yan visitava a montanha Bao Zhou, apaixonou-se pelas paisagens naturais. A fim de transmitir o budismo, ele hospedou-se no pequeno templo Jia Fu, aonde se ministrava os conhecimentos sobre a sutra. Diante do templo, havia um grande tanque d'água, considerado o rumo da entrada do mar leste. Vivia lá o dragão verde responsável por chamar a chuva. Quando o mestre dava aula aos fieis, o dragão também aparecia. Com o passar do tempo, o dragão emocionou-se com a teoria budista. Um dia, ele subiu para Terra, ajoelhou-se diante do mestre e pediu para ser seu discípulo. O mestre aceitou-o e pediu que o dragão mudasse para outro tanque, pois ele queria reformar o templo Jia Fu. O dragão aceitou a proposta do mestre. Na mesma noite, o tanque do dragão verde provocou grandes ondas e fez com que caísse uma tempestade regada a relâmpagos. Depois disso, o dragão voou para o norte. Durante a madrugada, os moradores locais descobriram que o tanque do dragão verde foi transformado num terreno muito plano, aonde se encontravam dois artigos decorativos. Na realidade, eram encarnações dos dois filhos do dragão. Foi o pai que ordenou que protegessem o Templo. Em seguida, com o apoio do dragão, foi construído o Templo Tan Zhe, equipado com estes dois artigos de 2.9 metros de altura instalados em dois pontos dianteiros extremos do pavilhão Da Xiong.
O Templo Tan Zhe, de 1696 anos de história narra sua mitológica história para nós. Se você tomar chá neste templo muito tranqüilo, ouvindo a narração de monges, gozará de uma vida feliz muito especial. Se o ouvinte quiser visitar este Templo, poderei leva-lo como guia. Bem, tivemos o programa hora do chá. Obrigada pela atenção dispensada e boa noite.
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