Outra epidemia: crimes com armas nos Estados Unidos tornam 2020 o ano mais violento em décadas
Em 13 de julho de 2020, embora a maior cidade dos Estados Unidos anunciasse as primeiras 24 horas sem registro de morte por Covid-19 desde o início da pandemia, cidadãos de Nova York não estavam dispostos a comemorar o triunfo conquistado a duras penas. Davell Gardner Jr., um menino de um ano que foi morto a tiros enquanto estava sentado em seu carrinho de bebê fora de um parque no Brooklyn na noite anterior, lembrou às pessoas que a epidemia da violência armada no país não era menos letal do que a pandemia de Covid-19.
Davell Gardner Jr. não foi a única criança que perdeu a vida em meio à pandemia, não por Covid-19, mas como resultado de crimes com armas de fogo nos EUA. De acordo com dados do Gun Violence Archive (GVA), um site que coleta dados sobre violência armada, 1.360 crianças e jovens de 0 a 17 anos foram vítimas mortais de armas de fogo nos EUA em 2020, enquanto 3.752 ficaram feridos.
No ano passado, os americanos experimentaram níveis mais altos de violência. Os dados da GVA mostraram que 19.302 pessoas foram mortas em tiroteios ou em incidentes relacionados com armas de fogo em 2020, que é o maior número de mortos em mais de 20 anos. Tiroteios em massa, assim definidos os incidentes em que quatro ou mais pessoas são feridas ou mortas, também subiram para 612, o maior número nos últimos cinco anos.
“A pandemia de Covid-19 revelou problemas enraizados nos EUA, como a discriminação racial, a crise na saúde pública e a ampla desigualdade entre ricos e pobres. Essas questões sociais e econômicas tornaram a já complicada violência armada estadunidense ainda mais severa, e dificilmente podemos ver qualquer esperança de melhora no futuro próximo”, afirmou o vice-diretor e membro sênior do Instituto de Estudos Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Yuan Zheng, o People's Daily Online.
“Em um futuro próximo, a polarização política e os conflitos entre republicanos e democratas serão os principais temas do cenário político dos EUA. O controle rígido de armas, que prejudica os interesses de grupos pró-armas, não será tolerado. Também é impossível revisar a constituição para promover ainda mais o controle de armas ou mesmo implementar proibições. A violência armada continuará sendo um grande problema social nos EUA, e simplesmente não há saída”, avalia o professor assistente de pesquisa do Instituto de Estudos Americanos , do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneos da China, Sun Chenghao.
Tradução: Zhu Jing
Revisão: Diego Goulart