Retirada imprudente de Washington da OMS provoca ira e oposição em todo o mundo
A decisão de Washington de cortar relações com a Organização Mundial da Saúde (OMS), amplamente considerada como irresponsável e imoral, mais uma vez irritou o mundo pela indulgência do governo Trump de jogar a culpa nos outros, particularmente na China e na OMS, por sua própria má conduta ao lidar com a dupla crise da pandemia da COVID-19 e da desenfreada agitação contra o racismo em todo o país.
O presidente dos EUA, Donald Trump, culpou repetidamente a China pelas vidas perdidas e pela recessão econômica no país, assim como acusou a OMS de ser "China-cêntrica". No entanto, é amplamente reconhecido que não há evidências para as supostas transgressões da China e da OMS.
Especialistas em saúde pública e autoridades em todo o mundo no geral se opõem ao presidente dos EUA, desmascarando seus movimentos "como uma forma de desviar a atenção" para as tentativas fracassadas de seu governo de lidar com as dificuldades internas e apelando por uma colaboração global.
Epidemiologistas revelaram que 90% das vidas americanas poderiam ter sido poupadas em meio à pandemia se Washington tivesse imposto restrições, incluindo medidas de lockdown e distanciamento social duas semanas antes, em 2 de março.
A dor pela saída dos EUA da OMS, uma decisão "imoral e provavelmente ilegal", será infligida "nos campos de batalha da COVID-19 e em todas as comunidades pobres que dependem de agências das Nações Unidas para alimentos de emergência, imunizações infantis, medicamentos essenciais e orientação", disse Laurie Garrett, escritora científica ganhadora do Prêmio Pulitzer, em artigo publicado pela Foreign Policy.
Garrett também opinou que a atitude de Washington de abandonar a OMS "sintetiza os aspectos mais questionáveis do estilo de liderança do presidente: sua tendência a culpar os outros por seus erros, sua recusa em compartilhar o cenário global educadamente com outros países, sua cega indulgência egocêntrica e seu total desprezo pela ciência".
A Sociedade de Doenças Infecciosas da América "se posiciona fortemente contra a decisão do presidente Trump", tuitou o Dr. Thomas M. File, presidente da entidade. "Não teremos sucesso contra essa pandemia, ou qualquer surto futuro, a menos que nos unamos, compartilhemos informações e coordenemos ações."
Chamando a decisão de Trump de "vergonhosa e irresponsável", Ami Bera, democrata da Califórnia na Câmara dos Representantes dos EUA, tuitou que deixar a OMS "tornará os Estados Unidos e o mundo menos seguros".
O rompimento dos EUA com a OMS "não é um bom sinal", disse Shekhar Mande, diretor-geral do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da Índia.
"A OMS é um órgão valioso que tem desempenhado um papel importante". Participou da na eliminação da varíola, do vírus da poliomielite e tem trabalhado muito bem com os países", publicou o jornal indiano Mint citando Mande.
Segundo a mídia alemã Funke, o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, também expressou sua oposição à atitude de Washington, criticando-a como "o sinal errado na hora errada".
"Não podemos derrubar um dique no meio de uma tempestade", disse Mass citado pela agência de notícias Reuters.