Comentário: por que China e Brunei podem estabelecer parceria estratégica?
No início deste ano, alguns bancos internacionais, como Citibank e HSBC, suspenderam sucessivamente seus negócios financeiros em Brunei, uma vez que a queda dos preços globais de energia afetou o setor de petróleo e gás naquele país. Um banco vindo da China nadou contra a corrente e preencheu a lacuna.
Brunei é o terceiro maior produtor de petróleo e quarto maior fornecedor de gás natural do Sudeste da Ásia. Essa indústria responde por 60% da sua economia, mas sofreu grande impacto nos últimos anos. Neste contexto, o governo formulou o projeto Visão 2035, visando buscar desenvolvimento diversificado. Quando os investidores estrangeiros se retiraram de Brunei, a China permaneceu e ofereceu apoio.
China e Brunei só estabeleceram relações diplomáticas em 1991. Em 2013, os dois países decidiram elevar seu relacionamento para o nível estratégico. No mesmo ano, o presidente chinês, Xi Jinping, formulou a iniciativa Cinturão e Rota, que foi bem recebida por Brunei. Os dois lados assinaram um memorando de entendimento para fazer a interligação entre a Visão 2035 e a iniciativa Cinturão e Rota.
Em 2017, o comércio bilateral entre China e Brunei aumentou 36,5% em comparação com o ano anterior, somando US$ 1 bilhão. As exportações de Brunei ao mercado chinês expandiram 58,8%.
Hoje, cada dia mais empresas chinesas investem em Brunei. O maior projeto de cooperação entre dois países, por exemplo, é a construção de uma petroquímica, que recebeu investimentos de US$ 15 bilhões. A primeira fase da obra será concluída em maio do próximo ano e a segunda, em 2022. O projeto deverá criar cerca de 100 mil vagas de trabalho.
A China participa de forma proativa da instalação de infraestruturas em Brunei. As empresas chinesas ajudaram a construir a ponte Pulau Muara Besar, a rodovia Telisai-Lumut, e a barragem Ulu Tutong, entre outras grandes obras. A ponte sobre o mar Temburong, atualmente em construção, vai ligar diretamente os territórios leste e oeste de Brunei. O tempo de deslocamento entre os dois lugares será encurtado de duas horas para 20 minutos.
Quanto ao intercâmbio cultural e pessoal, Brunei permitiu em 2016 aos cidadãos chineses a obtenção de visto na chegada ao país. No ano passado, mais de 52 mil turistas chineses visitaram Brunei. Dessa forma, a China se tornou o maior emissor de turistas a Brunei.
Nos dias 18 e 20 deste mês, o presidente chinês Xi Jinping faz uma visita oficial ao país. No comunicado conjunto, os dois países anunciaram o estabelecimento da parceria estratégica. Isso corresponde à interação bilateral nos últimos cinco anos.
Quanto ao Mar do Sul da China, Xi Jinping e o sultão de Brunei, Haji Hassanal Bolkiah, reiteram a importância de resolver as disputas territoriais e jurisdicionais por meio do diálogo e consultas pacíficas de Estados soberanos. Os dois lados desejam aplicar os princípios universalmente reconhecidos pelas leis internacionais, inclusive a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), de 1982. Ambos concordaram na implementação efetiva da Declaração sobre Condutas das Partes no Mar do Sul da China, assim como em avançar as consultas sobre o Código de Conduta.
Como descreveu o embaixador chinês em Brunei, Yang Jian, as relações China-Brunei pode servir como uma referência para a coexistência entre países grandes e pequenos, que se tratam com igualdade e benefício recíproco.