Análise: injustiça é ainda pior do que insuficiência

Nos últimos dias, ocorreu uma concorrência entre a Europa e os Estados Unidos sobre a compra de vacinas. No final, a AstraZeneca concordou em oferecer mais vacinas para o Velho Continente. Mesmo assim, a União Europeia revelou que só poderia comprar 40 milhões de vacinas, apenas metade do planejado.

A concorrência transatlântica é causada pela insuficiência da oferta de vacinas. Mas em comparação com os países em desenvolvimento, tanto os europeus como os americanos devem se sentir muito felizes. Os dados da Aliança da Vacina do Povo mostram que os países ricos ocidentais já compraram mais de 50% das vacinas produzidas, mas a população desses países ocupa apenas 14% do mundo. “Não vamos acabar com a pandemia em qualquer lugar até que acabemos com ela em todos os lugares”, disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom. Por isso, o nacionalismo de vacinas é muito inoportuno neste momento especial.

No entanto, a desigualdade entre o Norte e o Sul não é apenas refletida na questão das vacinas. Em seu Relatório Social Mundial 2020, as Nações Unidas enfatizam que a desigualdade é uma ameaça ao progresso social, e o fenômeno subiu para níveis históricos globalmente. A renda per capita na América do Norte é 16 vezes maiores do que a da região ao sul do Saara, no continente africano.

Atualmente, os principais países ocidentais persistem no Neoliberalismo, que considera que a desigualdade necessária pode estimular o espírito aventureiro e os esforços das pessoas. Mas a teoria não pode explicar a enorme diferença que existe hoje entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Perante a pandemia, esta contradição foi destacada. A sociedade humana parece estar mais longe da meta de igualdade e justiça promovida pela Carta da ONU.

Tradução: Luís Zhao

Revisão: Diego Goulart