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Confrontos e adaptação culturais entre a China e o Brasil
  2015-05-04 10:05:36  cri

Foi realizada recentemente em Beijing, uma palestre sobre as divergências e adaptações culturais entre a China e o Brasil. A palestra foi organizada pela Comunidade Acadêmica da Juventude Sino-latino-americana e pelo Centro de Cultura da Universidade de Beijing.

Foram convidados para discursar na palestra, Evandro Menezes de Carvalho, Catedrático da Fundação Getúlio Vargas do Brasil e Wang Yili, gerente do Centro de Intercâmbios Culturais "Oi China" que fica no Rio de Janeiro. A palestra foi presidida pelo famoso escritor e poeta chinês, Hu Xudong. A palestra atraiu estudantes chineses que estudam português, personalidades do setor de intercâmbios culturais entre China e Brasil, mídias chinesas em português, etc..

Como os dois países ficam geograficamente bem distantes, os dois povos não puderam se conhecer melhor no passado. Aos olhos dos Evandro, que já trabalha na China há dois anos, os brasileiros têm dois estereótipos sobre a China. O primeiro é sobre a cultura e segundo é sobre a política. Ele disse:

"Em relação a nós brasileiros, eu identifiquei e identifico mesmo até hoje, dois grandes estereótipos sobre a China sem prejuízos de haver outros, um deles é uma visão de certo modo ancorada numa visão romântica da China, a China do budismo, do taoísmo. E também flerta um pouco com as coisas mais peculiares da cultura chinesa com a alimentação. Então quando fazem um programa de TV sobre a China, vai alguém lá na Wangfujing Lu mostrar alguém comendo escorpião, essa coisa toda. Então esse é um primeiro estereótipo e desde que eu cheguei aqui, eu percebo que essa China do taoísmo, do budismo, pelo menos em Xangai e Pequim já acabou."

O segundo estereótipo é aquele que percebe a China a partir do viés político, que considera a China um país autoritário, que controla a vida das pessoas. Aos olhos de Evandro, este estereótipo também não é verdade e os dois estereótipos não podem refletir a realidade da China.

"Então estes dois estereótipos têm um pouco disso, quer dizer, eles trazem alguma informação sobre o país, mas ao mesmo tempo, eles não são a totalidade da verdade do país. Então os dois estereótipos se ancoram muito mais, uma imagem ou uma visão imaginada do país do que necessariamente na realidade em si mesmo do que é a China hoje. E aí tem uma questão interessante, porque eu vejo muito na academia, os pesquisadores estrangeiros, sobretudo dos países desenvolvidos, muito preocupados em dizer o que a China deve fazer para se desenvolver ou para incrementar o seu sistema econômico e político. E poucos se ocupam em descrever o que a China é, quer dizer, no fundo os trabalhos acadêmicos muitas vezes acabam sendo a projeção de um desejo do que a verdadeira intenção de revelar para o leitor estrangeiro, o que a China realmente é e não como ela deve ser."

A mãe de Wang Yili começou a trabalhar no Brasil há muitos anos. Quando Wang tinha 16 anos, a mãe a chamou para estudar no Brasil. Sem falar português, ela entrou em uma escola católica duas semanas após sua chegada. Ao falar da sua experiência, Wang disse:

"O que me impressionou foi que quando cheguei lá primeiro dia, tinham amigos que queriam me ajudar. Sempre me perguntavam em inglês: Yili, o que você precisa? E me convidavam para almoçar e jantar na casa deles. Na segunda semana, uma colega me convidou para sua festa de aniversário. Fiz muitos bons amigos nos três anos da escola secundária."

Agora, ela já se formou na Universidade Estatual do Rio de Janeiro e dedica-se junto com a mãe aos intercâmbios culturais entre China e Brasil, com o Centro de Intercâmbios Culturais que se chama Oi China situado no Centro do Rio de Janeiro. Ela acha que com a elevação do poderio da China e os intercâmbios cada vez mais frequentes entre a China e o Brasil, os chineses serão mais conhecidos pelos brasileiros do que no passado.

"Senti uma grande mudança. Quando entrei na universidade, cada vez menos brasileiros me reconheceram como japonesa. Muita gente me cumprimentava em japonês. E agora, eles falam 'olá' e 'te amo' em chinês"

No ano passado, Wang e sua mãe foram convidadas para um filme sobre os chineses que moram no Brasil. Ela acha que este filme é uma miniatura da vida dos chineses no Rio de Janeiro e até no Brasil. Ela disse:

"A história começou com uma contradição. Há uma loja brasileira que tinha bons negócios. Porém, uma loja chinesa atraiu os clientes da loja brasileira com os produtos a preços baixos. No início, as duas lojas eram concorrentes, mas depois acabaram se tornando amigos por causa da abertura, tolerância e simpatia dos brasileiros."

Evandro chegou à China dois anos atrás. Antes de vir à China, Evandro estudou a língua chinesa com a mãe de Wang Yili e recebeu um nome chinês, Gao Wenyong, que vem da tradução pela pronúncia. Isso, este nome é muito parecido como o de um chinês. Quanto à sua experiência na China. Ele disse:

"Então eu tenho alguns amigos e bons amigos em Xangai e como tenho alguns amigos e bons amigos em Pequim, com quem tenho uma excelente relação, a aí é interessante porque é uma relação que eu me sinto muito bem, eu tenho uma preocupação de saber que eu estou me relacionando com uma pessoa de cultura chinesa, entendeu, conversamos com muita abertura, em fim sem muitos problemas."

Ele vive feliz na China e tem muitos amigos chineses. Ele acha que para conhecer um país, você tem que conhecer a intimidade e cotidiano da população.

"Pra conhecer a alma de um povo, tem que conhecer as pessoas. E tem um aspecto importante que eu acho que se deve salientar, para entender a China em alguma medida, me parece que tem que entender o lugar da família. Na China a família cumpre um papel muito importante dentro da composição e da formação social, então me parece que isso é de verdade. Em uma medida isso se replica nas relações pessoais, quer dizer, aqui é muito difícil pra você, mesmo em Xangai, você ir para uma boate e fazer amizade assim."

Evandro acha que para fazer intercâmbios culturais, além da cultura típica e tradicional, ambas as partes ainda devem conhecer bem os fatores contemporâneos. Ele disse:

"Mas aí tem um aspecto interessante, se fala da cultura chinesa para o brasileiro, ele vai mencionar provavelmente também, por conta mesmo das atividades culturais que o próprio governo chinês faz quando exporta para o mundo. Ele vai lembrar a ópera de Pequim. Vai falar do kung fu, então são expressões culturais muito tradicionais típicas, do mesmo modo que nós temos no Brasil. Expressões culturais muito enraizadas na tradição. Mas existe uma China moderna fascinante, então eu fui aqui desde que eu cheguei, eu adoro conhecer as galerias de arte e os festivais de rock. Então você tem essas bandas de música, de rock contemporâneo que são maravilhosas e que se chegar no Brasil ou em qualquer lugar da Europa, Estados Unidos, eles estão prontos para ser uma música exportada. Então no Brasil o pessoal não faz ideia, quando eu digo lá que o rock chinês é bacana o pessoal ri, mas do mesmo jeito que vocês não fazem ideia do quão bom é o rock brasileiro, entendeu. Então esse diálogo contemporâneo ele não está vendo, então é esse que agente precisa apostar que está mais focado nas gerações novas."

A palestra durou apenas duas horas e os participantes interagiram ativamente com Evandro e Wang Yili. Quanto à palestra e à Comunidade Acadêmica da Juventude Sino-latino-americana, Guo Cunhai, doutor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências Sociais da China que também é um dos fundadores da Comunidade, disse:

"Fomos em 2013 ao Chile para participar do Fórum Acadêmico de Alto Escalão. O tema do fórum foi o conhecimento e a compreensão mútua entre a China e a América Latina. Depois do Fórum China-Celac, as relações políticas e econômicas entre a China e os países latino-americanos e caribenhos se desenvolveram rapidamente. Porém, os intercâmbios culturais ficaram um pouco atrasados, devido à longa distância. Tenho muitos amigos da América Latina e do Caribe em Beijing que desejam fazer intercâmbios com os jovens chineses. Por isso, estabelecemos esta comunidade e promovemos atividades neste aspecto."

Guo disse que esta palestra foi a segunda atividade do gênero desde a fundação da Comunidade. A entidade vai realizar mais atividades para promover o conhecimento e a compreensão entre os jovens da China, da América Latina e do Caribe.

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