Recentemente, o famoso futebolista Nicolas Sebastien Anelka, que atua como atacante, assinou com o Clube Shanghai Shenhua da liga de futebol chinesa, a Chinese Super League (CSL), por um período de dois anos. Segundo o jornal esportivo francês L'quipe, o salário anual de Anelka vai ser de 10,6 milhões de euros, o que torna o jogador (confirmando-se esta notícia) no terçeiro mais bem pago do mundo. Vários clubes chineses estão procurando estrelas mundiais de futebol para abrilhantar suas equipes, oferecendo salários elevados para atrair esses atletas. A CSL se encontra numa "fase de ouro". Será que conseguirá iluminar o futuro do futebol chinês que está atravessando uma conturbada época?
A notícia da transferência de Anelka foi anunciada a 11 de dezembro, através do microblog oficial do Clube Shanghai Shenhua que assim comunicou ter chegado a um consenso com o clube inglês Chelsea, onde Anelka estava jogando desde 2008, para a transferência do jogador depois do inverno.
A chegada do "primeiro jogador internacional da CSL" está despertando a atenção da mídia, tanto na China como a nível internacional, sendo o seu elevado salário anual uma das razões por detrás de tanto interesse. O canal esportivo ESPN indicou que o Shanghai Shenhua criou uma "ponte de ouro" para Anelka com um salário anual de 10,6 milhões de euros, o que representa um ganho semanal de 200 mil libras. Anelka vai ganhar mais que jogadores tão consagrados como Messi que recebe em comparação "apenas" 180 mil de libras por semana. O presidente do Shanghai Shenhua, Zhou Jun, falando sobre essa questão ressaltou, no entanto, que o salário não é a única razão que levou Anelka a jogar no clube ao qual preside.
(Áudio 1 Zhou Jun)
"O salário é uma das razões, mas a principal razão é que Anelka concorda com o nosso objetivo de desenvolver o futebol chinês. Além disso, a cidade de Shanghai e a história chinesa de 5.000 anos ajudaram a tornar a oferta mais atraente."
Além de Anelka, outros jogadores famosos também já exprimiram o desejo de jogar na China: o ex-capitão do Real Madrid e da seleção espanhola, Raúl González, já autorizou o seu empresário a negociar com os clubes do país; o ex-jogador do Real Madrid, Guti, avisou que não vai jogar na China para outro clube que não o Shenhua; o argentino do Manchester City, Carlos Tévez, está negociando com um clube chinês. O Direct 8, um canal de televisão francês, classificou a transferência de Anelka como "boa propaganda para a CSL e para o Clube Shanghai Shenhua. Antes, o Guangzhou Hengda tinha oferecido o quinto maior salário mundial a um desconhecido jogador argentino, Darío Conca. Não é difícil ver que a China se tornou um 'país de ouro' para os futebolistas que se estão aproximando do fim de carreira."
A dita "etapa de ouro" do futebol chinês foi aberta pelo Guangzhou Hengda. Na temporada de 2011 da CSL, o presidente do Clube Hengda e o CEO do Evergrande Real Estate Group, Xu Jiayin, gastaram mais de 500 milhões de Reminbi. Esse investimento permitiu que se alcançassem ótimos resultados: o clube subiu de liga e conquistou nesse mesmo ano a taça da CSL. No entanto, Xu quer mais:
(Áudio 2 Xu Jiayin)
"Nossa meta é conquistar a Liga dos Campeões da AFC (Federação Asiática de Futebol) num espaço de tempo de três a cinco anos. O Clube tem que atingir esta meta, e para isso, o Grupo vai garantir todos os apoios necessários. Se não conquistar o campeonato, o técnico do clube, Lee Jang-Soo, verá o seu lugar em risco. Isto está já decidido."
Para atingir esta meta o mais brevemente possível, o Hengda já anunciou que o investimento na temporada de 2012 vai ser de mais de 700 milhões de Reminbi. Outros clubes fizeram também saber que irão duplicar seus gastos na próxima temporada.
Nos últimos anos, as potências tradicionais foram afetadas pela crise comercial. Nesse cenário, as economias emergentes, como a China, o Brasil ou África do Sul, asseguraram a organização de quase todos os Jogos Olímpicos e Copas do Mundo entre 2008 e 2022. Também as estrelas de futebol foram "compradas" por países como o Catar, Emirados Árabes Unidos e Rússia. Nesta competição de "atrair" jogadores famosos, a China não fica atrás, devido ao envolvimento dos grandes grupos imobiliários - estima-se que 14 dos 16 clubes que participam na temporada de 2012 da CSL têm relações ao mundo do imobiliário.
Os grupos da área do imobiliário são investidores pesados no mundo do futebol. Este desporto, sendo o cartão de visita de muitas cidades, é também uma forma de estes grupos garantirem boas relações com o governo central e as autoridades locais. De acordo com o Esporte Globo do Brasil, o governo chinês está prestando mais atenção a este esporte, e a Liga Chinesa de Futebol é vista como a melhor plataforma de ampliação do esporte.
Estes investimentos de grupos de áreas de negócios que nada têm que ver com o esporte são feitos com o fator econômico à cabeça. Será que o futebol chinês, que está num estado de decadência há muito tempo, vai beneficiar desses gigantes investimentos, ou não? O vice-presidente do Clube Beijing Guoan, Zhang Lu, exprimiu sua preocupação sobre esta matéria:
(Áudio 3 Zhang Lu)
"Se o futebol chinês beneficiar dos investimentos, o resultado será um maior investimento por parte de outros clubes, o que aumentará o capital total do futebol em grande escala. Por outro lado, o mercado decidirá se os investimentos feitos foram bons ou não, se os futebolistas são bons e se resultam num retorno desse dinheiro. Se o retorno desses pesados investimentos não for significativo, é provável que, no final, muitos clubes, especialmente os clubes pequenos, não se possam sustentar."