"Este é o primeiro trem chinês que o Rio de Janeiro usa. Ele faz parte de um conjunto de 120 trens que servirão os moradores da cidade. O trem vai elevar a qualidade de vida da população e trazer mais conveniência ao transporte local. Os habitantes do Rio de Janeiro e eu estamos satisfeitos por poder utilizar o trem vindo da China."
O discurso foi feito pelo secretário estadual dos Transportes do Rio de Janeiro, Júlio Lopes. O trem é apenas um caso de uma série de cooperações entre China e Brasil. As duas maiores nações em desenvolvimento concretizaram um total de US$70,9 bilhões em transações nos primeiros onze meses deste ano. Uma alta de aproximadamente 40% perante o mesmo período do ano passado.
A forte expansão dos negócios entre os membros do Bric atraiu mais países a integrar o bloco, como disse o Dawie Roodt, economista chefe do Efficient Group da África do Sul.
"Por quê a África do Sul quer integrar o Bric? A razão é bem simples. O atual desenvolvimento mundial, em vez de ser puxado por países desenvolvidos, vem sendo carregado exatamente por aqueles chamados de "emergentes".Para a África do Sul, é importante ligar os interesses do país aos das nações vitoriosas no palco mundial. E agora, são os países do Bric que saem vitoriosos."
Um relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a taxa de desenvolvimento econômico da China será de 9,5% este ano, e de 9,0% no próximo ano. Quanto ao Brasil, a previsão é de 3,8% e 3,6%. A Índia deve crescer 7,8% em 2011 e 7,5% em 2012, enquanto a Rússia, 4,3% e 4,1% e a África do Sul, 3,4% e 3,6%. Para o deputado estadual de Santa Catarina, Jailson Lima, foram as contribuições dos países do Brics que atenuaram os impactos da crise econômica mundial.
"A unidade dos Brics representa a união dos países emergentes, dos países que historicamente dentro da conjuntura econômica internacional não tinham peso nas decisões políticas e econômicas. E esta unidade mostra claramente que nós estamos sendo protagonistas de uma nova ordem econômica."
Além de compartilhar de uma base sólida de cooperação, os países do Brics têm também entre si uma relação de competição. Isso se reflete nas fricções econômicas surgidas nos últimos anos nas transações da China com o Brasil e com a Índia. O embaixador do Brasil, Clodoaldo Hugueney, considera os conflitos comerciais um fenômeno natural.
"Quando as transações comerciais entre dois países atingem um certo nível, é normal que surja mais tensão nas relações entre os dois lados. O comércio é um processo bilateral e sua estrutura deve refletir a composição do PIB dos países envolvidos. Por exemplo, o Brasil, embora exporte principalmente minérios para a China, sua transação com outros países é uma refleção precisa da estrutura industrial do país. Nós precisamos chegar a um melhor equilíbrio na estrutura de exportações."
As mesmas preocupações dos países do Brics em relação aos assuntos econômicos e políticos mundiais os fizeram ter uma relação mais estreita e se tornar uma força importante para promover a multiplicidade do mundo. O embaixador chinês no Brasil, Qiu Xiaoqi, considera que o mecanismo do Brics está emitindo um sinal forte e claro ao mundo de buscar cooperação e estabilidade.
"O mecanismo do Brics vai certamente se desenvolver mais no futuro. Um dos princípios fundamentais do bloco é a abertura, transparência e tolerância. Nós não somos contra outros países nem grupos de nações. O que queremos é promover a cooperação entre todos, o progresso econômico e concretizar a meta de desenvolvimento conjunto."
Traduão Li Mei
Revisão Luiz Tasso Neto