Desde a adesão à OMC em 2001, a China se transformou de um novo membro da organização para um participante e até um promotor das regras comerciais multilaterais. Não só a China, mas também outros países se beneficiam com isso.
Como outra nova economia, atualmente o Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina e também o país para o qual a China exporta mais nesta região. Durante esses 10 anos, o crescimento dos investimentos mútuos entre China e Brasil tem sido óbvio. Segundo estatísticas, o volume total dos negócios China-Brasil foi de apenas US$ 3,2 bilhões em 2001. Já em 2010, este número subiu para US$ 56,3 bilhões.
Para o secretário-geral do Centro de Pesquisa da Academia de Ciências Sociais da China, Zhou Zhiwei, a mudança do comércio entre os dois países se deu por causa da maior abertura da economia chinesa:
"Nos últimos 10 anos, os impostos alfandegários cairam de 15,3% para 9,8%. Além disso, a China reajustou as leis e regulamentos para se adaptar ao mundo. No aspecto de investimentos, especialmente em 2010, a China se tornou o maior investidor do Brasil, ultrapassando os países ocidentais. Podemos ver que os investimentos mútuos cresceram bastante. Isso mostra a relação comercial entre a China e outras novas economias."
Em 2005, a China ultrapassou a Alemanha e se transformou no terceiro maior parceiro do Brasil, o terceiro maior destino de exportação e a segunda maior origem de importação do país sulamericano. Graças aos custos e impostos alfandegários baixos, boa eficiência e inovações científicas e tecnológicas, os produtos "made in China" ocupam grande porção no mercado brasileiro. Os produtos criados e desenvolvidos pelas empresas chinesas, tais como Haier frigoríficos, Chery Motors e Gree Ar-condicionado, possuem consumidores no Brasil. Os produtos "made in China" deram mais vatalidade ao mercado brasileiro.
"As inovações científicas e tecnológicas são apoiadas pelo governo e departamentos públicos. Por isso, neste aspecto, de acordo com pesquisas do Brasil, os produtos criados pela China têm muitas vantagens. As empresas chinesas desempenham um papel importante na área da inovação científica e tecnológica. Além disso, os preços dos produtos também são muito atraentes. Os consumidores comuns gostam dos produtos chineses, por isso a China pode continuar desenvolvendo o potencial do mercado brasileiro. "
Embora a relação comercial China-Brasil seja complementar, existem competições entre os dois países. Segundo Zhou Zhiwei, isso é por causa das semelhanças na estrutura econômica.
"Mais de 90% dos produtos chineses exportados para o Brasil são manufaturados. Isso gera grande pressão do setor industrial brasileiro. Não apenas no mercado brasileiro, mas também em outros mercados, como EUA e outros países da América Latina, a China e o Brasil possuem relação competitiva. Isso é óbvio."E não é só isso. Embora em 2004 o governo brasileiro tenha criado o estatuto da economia completa do mercado da China, o Congresso ainda não o aprovou. Por isso, cada vez que surgem problemas comerciais, o Brasil escolhe medidas anti-dumping para competir com a China como antes. E parece que essa situação vai continuar por algum tempo."
Ao mesmo tempo, embora os negócios e investimentos entre os dois países se desenvolvam bem e a economia brasileira tenha um crescimento estável, para os investidores chineses, ainda existem certos riscos. Sobre isso, a vice-diretora da Instituição da Teoria Abrangente do Centro de Pesquisa da Academia de Ciências Sociais da China, Yue Yunxia, expressa que:
"Na minha opinião, há estas questões a curto prazo, como a inflação e a taxa de juros alta e as questões da valorização da moeda e desequilíbrio de pagamentos internacionais. A longo prazo, na estrutura do comércio exterior do Brasil, o consumo dos bens não-duráveis tem crescido na importação, mostrando que o país não utilizou bem a oportunidade da valorização do Real para aumentar a produtividade. Em outro aspecto, na estrutura da balança comercial do Brasil, há cada vez mais déficit que precisa ser compensado através de projetos financeiros e de capital. Além disso, a infra-estrutura brasileira deve ser melhorada."
Embora exitam as questões mencionadas, os negócios China-Brasil estão cada vez mais frequentes e estreitos. Acreditamos que os dois representantes das novas economias, no futuro, tenham mais oportunidades de cooperação.
Tradução: Nina Niu Xuan
Revisão: Luiz Neto