A Organização Mundial do Comércio (OMC) anunciou ontem (8) oficialmente que o o brasileiro Roberto Azevêdo foi escolhido para Diretor-Geral da OMC. Ele é o primeiro chefe da entidade que vem de um país da América Latina e de um membro dos BRICS. Os especialistas consideram que a vitória de Azevêdo reflete a mudança na estrutura do comércio internacional e o desejo da comunidade internacional de buscar uma ordem comercial mais justa.

O pesquisador do Ministério do Comércio da China, Mei Xinyu, disse que com o rápido desenvolvimento comercial registrado pelos países emergentes nos últimos dez anos, é inevitável que surjam representantes desses países na liderança da OMC.

"A vitória de Azevêdo demonstra que a estrutura da OMC começa a mudar. O crescimento comercial registrado pelas novas economias nos últimos dez anos é bem maior do que o dos países desenvolvidos. Neste contexto, os países emergentes desejam uma maior voz na OMC. E o desejo é refletido na escolha do líder da entidade."

Entre os 50 membros africanos da OMC, 42 anunciaram o apoio ao candidato brasileiro. Com o apoio da maioria dos países da América do Sul e dos BRICS, Azevêdo garantiu a vitória na última rodada de consultas, ficando à frente do candidato mexicano, Herminio Blanco.

Para Mei Xinyu, a vasta experiência de Avezêdo na diplomacia e a boa impressão do Brasil na OMC são motivos que pesaram para determinar a vitória.

"Azevêdo possui uma vantagem muito notável: ele trabalha há muito tempo no comércio internacional e conhece muito bem os mecanismos multilaterais. O Brasil registrou também bons êxitos no comércio internacional. Em comparação com o México, o Brasil apresenta vantagens tanto no setor econômico, como no uso dos mecanismos internacionais do comércio. A experiência pessoal de Azevêdo e a boa presença brasileira no cenário internacional contribuíram para a sua vitória."

Para muitos especialistas, o primeiro desafio do novo chefe da OMC será reiniciar as negociações da Rodada de Doha. O vice-diretor do Instituto da China sobre OMC, Tu Xinquan, analisou:

"O maior desafio que se apresenta ao novo chefe é a reativação das negociações da Rodada de Doha. Este parece ser o consenso geral. Atualmente, o trabalho mais urgente para a OMC é alcançar um consenso preliminar sobre as negociações da Rodada de Doha antes da 9ª Conferência Ministerial da organização, marcada para dezembro deste ano, em Mali, na Indonésia. Se Azevêdo conseguir coordenar as diversas partes antes de dezembro para entregar resultados positivos na conferência em Mali, ele passaria o seu primeiro exame."

Ainda segundo Tu, muitos países em desenvolvimento depositam grande expectativa em Azevêdo. Nos últimos anos, com as crises econômicas nos EUA e na Europa e o regresso de uma atitude de protecionismo comercial, surgiram algumas dúvidas e hesitações sobre a globalização e a abertura do comércio internacional. Por esta razão, os países esperam que a vitória de Azevêdo traga uma revitalização e represente uma nova tendência na economia mundial.

Tradução: Li Jinchuan

Revisão: Miguel Torres