Começou ontem (16) na cidade chinesa de Chengdu, um simpósio sobre o conceito de vida budista. Para os participantes do evento, a autoimolação viola totalmente a doutrina e a disciplina da religião. O budismo salienta a misericórdia e o respeito à vida, se opondo ao suicídio ou à indução de outros para a prática do mesmo. Qualquer crente budista deve obedecer a esta disciplina.
Ao comentar sobre os atos de autoimolação ocorridos nos últimos tempos nas regiões fronteiriças entre as províncias de Sichuan, Qinghai e Gansu, o presidente da Associação do Budismo da China, o monge Chuanyin, disse que é lamentável o que aconteceu. Ele ressaltou o conceito valorizado pelo budismo.
"O budismo se opõe tanto ao assassinato quanto ao suicídio. É uma religião que sustenta a misericórdia, o bom tratamento das pessoas, a estimação e a proteção de toda vida no mundo. Além disso, o budismo considera que a indução ou o incentivo ao suicídio é igual que cometer o ato pessoalmente."
Algumas pessoas afirmam que a "autoimolação não viola a disciplina budista". O vice-presidente da Associação do Budismo da China, Hu Chuang Meng Baron, apontou que o suicídio é um ato estúpido que viola de forma mais grave a disciplina budista.
"Temos uma doutrina rigorosa. O primeiro dos cinco mandamentos budistas é a proibição do assassinato. Quem comete assassinato ou suicídio não pode ser considerado monge."
Blo-Bzang, também vice-presidente da Associação do Budismo da China, disse que a afirmação de que "a autoimolação ajuda na transformação do estado de Buda" é puro disparate. Segundo ele, somente a acumulação de bondades resulta na obtenção dos êxitos das práticas budistas.
"A autoimolação não tem nada a ver com o bodisatva que costumamos falar. Um civil que cometa a autoimolação vai ferir sua família, enquanto um monge, vai prejudicar as atividades religiosas do seu templo."
Segundo Zhuo Xinping, diretor do Instituto de Pesquisa sobre Religiões, da Academia de Ciências Sociais, o incentivo à autoimolação profana a doutrina seguida pelas principais religiões do mundo.
"Quase todas as principais religiões do mundo estimam o respeito à vida, inclusive o budismo, o judaísmo, o cristianismo e o catolicismo. A proteção da vida é uma linha de base da religião."
Tradução: Inês Zhu
Revisão: Luiz Tasso Neto