As restrições impostas à exportação de alta tecnologia à China têm sido um obstáculo para o desenvolvimento das relações comerciais entre o país asiático e a União Europeia (UE). A China vem apelando à entidade que relaxe essas restrições. O pedido foi repetido recentemente pelo vice-premiê chinês, Li Keqiang, durante sua visita oficial à Bélgica e à sede da UE.
Mas quais são as restrições? Qual o impacto delas ao comércio bilateral? E quando a UE vai amenizar as restrições? Para responder a essas perguntas, o repórter da Rádio Internacional da China entrevistou Chen Fengying, diretora do Departamento de Pesquisa sobre Economia Mundial, do Instituto Chinês das Relações Internacionais Contemporâneas.
Segundo a acadêmica chinesa, a União Europeia impõe restrições à exportação de tecnologias que, para o bloco, podem ser transferidas ao uso militar ou que se referem à segurança nacional. Porém, o que a China precisa urgentemente é de alta tecnologia na proteção ambiental e na redução do consumo energético.
"A União Europeia se preocupa muito com a transferência ao uso militar de tecnologias importadas em nome do uso civil. O bloco restringe também a exportação de tecnologias de aviação, exploração do alto-mar, e computação. Não existem tais restrições entre os membros do bloco, mas a União Europeia toma muito cuidado com a exportação à China. De fato, no entanto, o que nós precisamos são tecnologias ligadas à proteção ambiental e à redução do consumo energético."
Na opinião de Chen Fengying, sob a atual situação econômica europeia, o relaxamento das restrições à exportação para a China favorece o crescimento do comércio do bloco europeu e o aumento dos empregos no Continente.
"Para mim, as restrições têm impacto negativo no comércio do bloco. Os europeus poderiam exportar mais sem essas barreiras. No passado, o impacto não era tão grande, pois o comércio entre países desenvolvidos era bastante ativo. Mas agora a situação está complicada. A Europa está enfrentando a crise de dívida soberana, logo após uma crise financeira. A economia norte-americana está se recuperando, mas de forma moderada. Os mercados dos países emergentes, no entanto, estão crescendo rapidamente. O relaxamento das restrições à exportação para a China poderia alavancar o emprego e puxar, consequentemente, a economia europeia."
Segundo artigo divulgado pelo vice-premiê chinês, Li Keqiang, no jornal Financial Times, o aumento de um ponto percentual da exportação europeia de alta tecnologia à China pode elevar em pelo menos 2,2 bilhões de euros o volume das exportações totais do Continente ao exterior. Para Chen Fengying, a União Europeia pode afrouxar parte das restrições devido à atual situação econômica, mas o relaxamento será limitado.
"Acho que a posição europeia pode mudar, mas a mudança não deve ser muito grande. Primeiro, porque o bloco ainda não reconheceu a China como uma economia de mercado. Em segundo lugar, porque a Europa ainda vê a China como um rival. Assim, o bloco não deve abrir o acesso à exportação de tecnologias chaves."
Tradução: Inês Zhu
Revisão: Luiz Tasso Neto