2012 é ano eleitoral nos Estados Unidos. Apesar de o relacionamento sino-americano não ter sofrido grandes transformações, o atual cenário interfere nas características do relacionamento bilateral. Temas relativos à China têm sido recorrentes entre os candidatos americanos. É preciso diferenciar a especulação política das estratégias concretas que visam orientar as políticas e ações americanas, como forma de nortear as próprias estratégias chinesas.
Os assuntos mais abordados sobre o relacionamento sino-americano abrangem as questões comerciais, Taiwan e Tibete. Em 2011, divergências envolvendo a taxa cambial do renmimbi, a moeda chinesa, e a venda de armas a Taiwan tensionaram as relações bilaterais.
O democrata Barack Obama, candidato à reeleição, tem pressionando Beijing pela valorização do renmimbi. Já o republicano Willard Mitt Romney prometeu que, caso eleito, cobrará impostos alfandegários sobre produtos chineses exportados para os EUA. Disse ainda que em seu primeiro dia de governo denunciará a China como país manipulador do câmbio. O ex-embaixador americano na China, Jon Huntsman, que conta com baixo índice de popularidade, sustenta que as disputas sejam resolvidas por diálogo.
A moeda chinesa vem registrando sucessivas valorizações desde as refomas cambiais aplicadas pela China em 2005. Em 2011, a apreciação do renmimbi ultrapassou os 5%. Mas isso não satisfez os norte-americanos. Através da valorização do yuan, a Casa Branca pretende recuperar a produção norte-americana e aumentar os postos de trabalho no país. Lembrando que a alta taxa de desemprego é um dos temas mais debatidos da fase pré-eleitoral e considerada crucial para a vitória de qualquer candidato.
Por outro lado, os vencedores precisam pensar na viabilidade de suas políticas. Citando como exemplo, a maioria dos republicanos representa interesses do empresariado. Uma posição dura na enocomia contra a China resultaria em dano aos investidores americanos na China. Por isso, as políticas para a China dos republicanos não podem ser mais negativas que as dos democratas.
Outro tema que vem esquentando o debate sino-americano é a questão do Mar do Sul da China. Os EUA pretendem estabelecer o chamado sistema Pan-Ásia-Pacífico, que objetiva fortalecer sua presença na região em todos os aspetos. Na área econômica, foi apresentado o Acordo de Parceria Transpacífico. A estratégia militar para os próximos dez anos recém-divulgada pelo governo contempla investimentos no reforço à disposição militar do país na Ásia-Pacífico, tendo a China como alvo. No campo diplomático, os EUA passariam a ter poder de intervenção profunda nos assuntos dos países vizinhos à China, motivo que aumentaria as disputas entre ambas as nações.
Depois da guerra no Iraque, ganha força a pressão sobre o programa nuclear do Irã, agora polemizado pelo tema Estreito de Ormuz. A intervenção bem sucedida no Irã depende de cooperações com a China. A situação na República Popular Democrática da Coreia poderia ser um novo ponto de comunicação entre os dois países.
2012 é ainda um ano repleto de promessas e oportunidades. A 4ª rodada de diálogos estratégicos e econômicos sino-americanos será realizada na China este ano, ocasião propícia para contatos e negociações de alto nível. Para passar com tranquilidade "o ano de mudanças", China e EUA precisam estabilizar as relações bilaterais e aumentar a confiança estratégica mútua.