Será realizada em meados de abril, em Sanya, na província de Hainan, sul da China, a terceira Cúpula dos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e Sul da África do Sul). Será quando a África do Sul entrará formalmente nesse mecanismo de cooperação. A primeira reunião com a ampliação do número de países membros desperta muita atenção de todo o mundo. E o Brasil tem boas expectativas sobre a cúpula.
A conselheira da Embaixada do Brasil na China, Tatiana Rosito, revelou dias atrás que em 2010, o investimento chinês no Brasil aumentou cerca de US$ 300 milhões, e que desde o ano passado, a China já é o maior investidor do país sul-americano, com um volume acumulado de mais de US$ 15 bilhões. Por causa disso, na cúpula realizada em Sanya, o recém-empossado governo brasileiro tem expectativa de firmar cooperações mais profundas e amplas. Especialistas brasileiros indicam que neste contexto, o governo de Dilma Roussef deseja ampliar e aprofundar a cooperação com base nos consensos alcançados dos dois encontros anteriores, para que a Cúpula do Brics não fique apenas na teoria.
Para o Brasil, a integração do grande país africano e até de mais países em desenvolvimento no mecanismo do Brics será uma tendência no futuro. O presidente do Instituto Brasileiro de Estudos da China e Ásia-Pacífico, Severino Cabral, disse que o mundo todo constata o rápido desenvolvimento da China, Rússia, Índia e do Brasil e o fortalecimento das cooperações entre os quatro países é exatamente uma tendência. Segundo ele, com a integração da África do Sul, o Brics desempenhará um papel mais importante no fim da crise econômica e até política internacional.
Perante uma grande pressão inflacionária em todo o mundo, a reforma do sistema monetário será um tema importante no encontro dos dirigentes do Brics, especialmente, para o Brasil. Entrando em 2011, a imprensa financeira brasileira relata sem parar que, com o aumento do preço de commodities, um grande volume de capitais entra no país, que agora enfrenta uma forte pressão inflacionária. O real, moeda brasileira, vem valorizando 37% desde 2009. Além do Brasil, a China também enfrenta esse problema. Por causa disso, promover a reforma do sistema monetário internacional será uma exigência comum dos países em desenvolvimento.
Agora, entre a China e Rússia, e entre a China e Índia, o comércio já pode ser liquidado com moedas locais. Porém, a China e o Brasil ainda têm divergências sobre a questão. Os especialistas brasileiros esperam que esse problema possa ser resolvido durante a visita da presidente Dilma Rousseff à China.
Além disso, o governo brasileiro revelou no início deste mês que, devido à política fiscal e ao sistema de previdência social estável e eficaz, o país concretizou um crescimento econômico de 7,5% em 2010, um recorde nos últimos 24 anos. Especialistas consideram que além de um ambiente estável de desenvolvimento econômico, o Brasil ainda está avançando nas áreas de energia limpa, tecnologia e agricultura. E o governo quer aproveitar essa cúpula em Sanya para reforçar cooperações com outros países do Brics, para atrair, inclusive, mais investimentos na infraestrutura.
Para os articulistas, durante a cúpula de Sanya, os participantes vão trocar opiniões sobre questões econômicas e financeiras mundiais e procurar novas oportunidades de benefícios recíprocos. Além disso, os cinco países ainda vão conversar sobre temas da Cúpula do G20, a ser realizada no segundo semestre deste ano, a fim de coordenar seus posicionamentos no diálogo com os países desenvolvidos.