A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Portugal anunciou na noite de ontem (23) que o atual presidente do país, Aníbal Cavaco Silva, venceu as eleições presidenciais e vai cumprir o seu segundo mandato. Segundo analistas, devido à crise de dívidas, Portugal será mais um país da zona do euro a pedir ajuda financeira à União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), depois de Grécia e Irlanda. Sob esse contexto, a comunidade internacional está atenta às soluções que o presidente buscará para tirar o país da crise.
Segundo a lista divulgada pela CNE, seis pessoas se candidataram à presidência, incluindo o atual presidente Aníbal Cavaco Silva, do Partido Social Democrata, e Manuel Alegre, do Partido Socialista. Conforme as pesquisas de opinião pública realizadas antes das eleições, Cavaco Silva foi o candidato favorito por possuir conhecimento em economia e ter experiência na área política. Silva foi professor de economia e assumiu o cargo de primeiro-ministro de Portugal entre 1985 e 1995. Desse modo, os eleitores acreditam que Silva é capaz de liderar o país na saída da crise atual.
Segundo dados divulgados pela CNE, nas eleições de ontem, Cavaco Silva obteve 52,9% dos votos e o seu principal adversário, Manuel Alegre, apenas 19,8%. No discurso proferido após as eleições, Silva salientou que Portugal está enfrentando uma severa situação econômica e social e que no futuro, o país deve resolver questões urgentes como a alta taxa de desemprego e a crise de dívidas.
Economistas consideram que a base econômica de Portugal se encontra muito fraca no momento. Dados mostram que na última década, a taxa média do crescimento anual do país foi de apenas 1%. Com uma estrutura industrial atrasada, as exportações do país dependem somente dos setores têxtil e de calçados. Devido à baixa eficiência de produção, Portugal não consegue competir com os blocos econômicos emergentes no mercado internacional. Para manter o modelo de benefícios sociais e alto consumo, o governo pediu muitos empréstimos. Agora, o volume de dívidas de Portugal já ultrapassa 15 bilhões de euros.
Por outro lado, dados oficiais mostram que a dívida pública de Portugal representou 86% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010. Para resolver a questão das dívidas, o país adota agora políticas fiscais restritivas. Segundo o orçamento do país para 2011, as políticas incluem o aumento de impostos, redução do salário dos funcionários públicos, congelamento de aposentadorias, entre outras. Para os economistas, a taxa de desemprego de Portugal neste ano pode ultrapassar 11%, recorde nas últimas décadas. Assim, Portugal provavelmente será mais um país da zona do euro que deve recorrer à ajuda da UE e do FMI.
Além disso, Portugal ainda enfrenta uma grande pressão de financiamento. Neste ano, toda a zona do euro vai encarar uma grande onda de financiamento. Portugal sozinho terá de arrumar 20 bilhões de euros no mercado financeiro. Em dezembro de 2010, o governo português emitiu títulos de dívida pública no valor de cerca de 1,25 bilhão de euros. O ministro das Finanças do país, Fernando Teixeira dos Santos, afirmou que Portugal não precisa de ajuda internacional, pois investidores estrangeiros compraram cerca de 80% deste lote de títulos. No entanto, para economistas, a maior preocupação é com os fortes laços financeiro e econômico entre Portugal e Espanha. Caso Portugal seja gravemente afetado pela crise de dívidas, a Espanha, como o quarto maior bloco econômico da zona do euro, não vai escapar da crise, o que será um golpe fatal para toda a zona do euro.
Logo, o presidente reeleito de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, enfrenta agora um grande desafio no que se diz respeito à crise de dívidas.
(por Shi Liang)