A montadora chinesa Geely anunciou em 2 de agosto a conclusão da compra da sueca Volvo, então controlada pela Ford, pelo valor de US$ 1,5 bilhão. Para analistas chineses, o maior desafio a ser enfrentado pela Geely é manter a reputação da Volvo, que produz automóveis tidos como os mais seguros e menos poluidores da categoria.
Em março, a Geely anunciou a compra da Volvo pelo valor de US$1,8 bilhão. Na cerimônia de aquisição realizada no início do mês, porém, a montadora pagou US$1,5 bilhão. Segundo a Geely, o preço final foi combinado depois de uma série de ajustes na pensão dos aposentados e custo de operação.
O presidente do conselho da Geely, Li Shufu, que recebeu a indicação para ser chairman da Volvo, disse em seu discurso que a aquisição foi baseada no importante papel da empresa no desenvolvimento da indústria automotiva mundial.
"A Volvo contribuiu muito para o desenvolvimento da indústria automotiva global e, especialmente nos quisitos segurança e proteção ambiental, ela lidera a vanguarda mundial. Por isso, a Volvo tem um papel destacado na história da indústria de veículos. Compramos a Volvo com o objetivo de melhorar essa indústria e elevar a marca à liderança do mercado mundial."
Segundo o acordo de aquisição, a Geely será detentora de nove produtos de série da marca Volvo, três plataformas de manufatura e 2400 pontos de distribuição espalhados por todo o mundo, além do sistema de pesquisa e fornecedores. Boa notícia para a montadora chinesa. Por outro lado, as vendas da Volvo vêm registrando uma queda continua nos últimos anos. Em 2009, a montadora vendeu 335 mil unidades em todo o mundo, número 10% menor em relação ao ano anterior.
Concluída a etapa de compra, a Geely vai enfrentar agora uma série de dificuldades relacionadas à operação, profetiza o analista chinês do setor automotivo, Jia Xinguang. A reestruturação da Volvo depende da solução desses desafios.
"Há uma diferença considerável entre as marcas Geely e Volvo na cultura empresarial e no modelo de operação. Sem dúvida, haverá muitas dificuldades na comunicação entre as duas partes. Outro problema é que a Geely não tem experiência com carros de luxo, tanto na gerência como na venda. Muita gente até duvida da capacidade financeira da Geely."
Na opinião dos executivos da Geely, o gigantesco mercado chinês é a garantia da restauração da Volvo. Nenhum mercado de carros luxuosos no mundo cresce tanto e tão rapidamente quanto o chinês, cuja demanda anual é de 500 mil unidades. E esse número não para de crescer. Li Shufu prometeu ampliar as vendas da Volvo no mercado internacional.
"O maior problema relacionado à Volvo é sua menor dimensão em comparação com Mercedez-Benz e BMW. Gastando em pesquisas o mesmo que a BMW, vendeu menos, por isso os carros da Volvo são bem mais caros e não dão lucro. Vamos aumentar sua dimensão para baixar o custo por unidade e, assim, poder lucrar!"
A Geely anunciou que vai manter a sede do Volvo na Suécia e o centro de produção na Bélgica. Depois de aprovado pelo novo conselho, os administradores terão direito de exercer o plano comercial. Li Shufu revelou que a Geely não vai interferir demais nas operações e gerência do Volvo.