Cidade de rios, flores e música
A cidade antiga de Lijiang situa-se na província de Yunnan, sudeste da China. Quando entram na cidade, os turistas f içam imediatamente impressionados com as ruas pavimentadas com placas de pedra, chamadas de "pedras de cinco cores", por seus veios naturais multicolores. Diferente de outras antigas cidades chinesas, Lijiang não tem muros altos nem a distribuição geométrica tradicional. Rotas e veredas de todas as direções fluem para uma praça central com área superior a 500 metros quadrados, conhecida como Largo Quadrangular, onde funcionava a feira mais importante da cidade. As ruas e becos são sinuosos, com habitações de madeira e barro dos dois lados. É uma cidade tranqüila e de estilo simples.
As casas da antiga cidade, em geral, são quadrangulares com habitação principal no meio. Dois blocos lado a lado, fechados por um muro em frente, formam um pátio central. A habitação principal, onde vivem os pais, está voltada onde nasce o sol; as habitações dos lados são destinadas aos filhos do dono da casa.
Os habitantes de Lijiang podem contemplara montanha Yulong, Dragão de Jade em português, coberta de neve durante o ano todo. A água que corre pela cidade vem do lago Heilongtan formado por águas vindas da montanha. O rio se divide em vários afluentes que cruzam ruas e becos da cidade e passam em frente às casas populares. O afluente mais largo tem cinco metros e o menor não passa de um metro. Juntos, eles formam na cidade um antigo sistema de abastecimento de água de grande complexidade e sofisticação, até hoje em funcionamento.
Quando acaba a feira no Largo Quadrangular, a mais importante feira da cidade, os habitantes costumam bombear as águas do rio por todas as ruas, numa limpeza coletiva e natural.
A música da etnia naxi é qualificada como "fóssil" da música antiga, por seus ritmos e pautas de mais de mil anos, uma raridade na China.
Plantar flores no pátio é outra tradição dos habitantes da cidade. Além disso, festas caseiras ou piqueniques são as formas de convívio social prediletas entre amigos e familiares.
O ser humano e a Natureza são irmãos
A maioria da população da cidade de Lijiang é da etnia naxi. Segundo a história, seus ancestrais eram adoradores da natureza, tendo aves e animais como deuses. Na cultura dos naxi, conhecida como Cultura Dongba, o ser humano e Shu, Deus da Natureza, são irmãos por parte de pai. Shu administra a natureza, montanhas, florestas, rios, lagos e fauna. Ao ver que os seres humanos destruíam florestas, poluíam rios e caçavam animais, Shu, zangado, decidiu vingar-se. É por isso que a humanidade passou a ter os problemas, como epidemias e calamidades naturais. Mais tarde, os seres humanos passaram a pedir a proteção de Shu contra as desgraças.
Para os naxi, Shu vive na nascente do rio. Por essa razão, os naxi proíbem a poluição das águas e desmatamento das florestas e até os gritos perto do rio. Por toda a cidade, veem-se muitas lápides com instruções para que os habitantes tratem bem as montanhas, árvores e água.
Os naxi mantêm sua Cultura Dongba misteriosa com a manutenção da escrita, sutras, pintura, música, dança, armas e ritos religiosos. A palavra "Dongba", na língua naxi, significa "sabedoria" ou "mestre". A escrita Dongba é a única escrita hieroglífica ativa no mundo. Segundo especialistas, mais de 20 mil volumes dessas obras estão protegidas e arquivada sem bibliotecas e museus chineses e países europeus e americanos.
Lijiang se adaptou harmoniosamente à topografia irregular desse local de importância comercial e estratégica da antiguidade. Ela ainda conserva uma paisagem urbana histórica de elevada qualidade e autenticidade e uma cultura multiétnica sedimentada durante séculos.