Comentário: "Juiz dos direitos humanos" deve se julgar em primeiro
O dia 23 de agosto é o Dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravos e sua Abolição instituído pela Unesco. No entanto, recentemente os Estados Unidos publicaram seu relatório anual sobre tráfico humano, no qual desavergonhadamente se classificam como um dos melhores países neste setor.
A história não mente. Entre os séculos 16 e 19, dezenas de milhões de africanos foram vendidos ao Novo Continente. Eles perderam nomes, dignidade e foram escravizados. A atual maior potência do mundo é construída com base nos ossos e sangue de incontáveis escravos. Os EUA não têm a qualidade de discutir direitos humanos, muito menos de criticar outros países.
O tráfico de escravos é um pecado original dos colonialistas que não deve ser esquecido. Mas esta história já está integrada no sangue dos norte-americanos. Até hoje, a discriminação racial ainda é muito grave no país. Os afrodescendentes e outras minorias continuam sofrendo em emprego, educação, saúde e outros aspectos.
A pandemia destacou ainda a lacuna social nos EUA. Até março deste ano, a taxa de vacinação de brancos foi 2,1 vezes do que a de afrodescendentes, e 2,9 vezes do que a de hispânicos. Em junho deste ano, a taxa de desemprego de afrodescendentes foi de 9,2%, muito maior do que a de brancos que foi 5,2%.
Outro fato chocante é que, hoje em dia, os fenômenos de tráfico humano e trabalho forçado ainda existem nos EUA. Entre 2007 e 2019, o Hotline Nacional sobre Tráfico Humano no país recebeu a denúncia de 63.380 casos. A Universidade de Califórnia publicou o relatório “Escravos desconhecidos: o trabalho forçado nos EUA”. Conforme o documento, não importa em que período os Estados Unidos estejam, sempre há pelo menos 10 mil pessoas em situação de trabalho forçado.
A história e a realidade ruim dos direitos humanos deixam muito irônica a frase “todos os homens são criados iguais” na Declaração de Independência dos EUA. Washington sempre se chama de “juiz dos direitos humanos”, mas não tem qualidade para avaliar outros e deve se julgar em primeiro.
Tradução: Luís Zhao
Revisão: Diego Goulart