​Chineses e Portugueses debatem aprofundamento das Relações Portugal/Europa com a China

Fonte: CRI Published: 2021-06-21 15:50:27
Share
Share this with Close
Messenger Messenger Pinterest LinkedIn

O regresso da China à posição de um dos mais importantes países no panorama mundial tem levantado a oposição crescente dos EUA, que tentam envolver outros países numa “guerra fria” contra a China. Apesar da China não impor o seu modelo político às nações com que se relaciona e respeitar as regras da Organização Mundial de Comércio, os EUA usam estes argumentos para tentar impedir a concorrência económica. Os EUA não reconhecem que já estamos num Mundo Multipolar e não querem perder a hegemonia sobre as outras nações. Neste contexto de mudança de paradigma político, a União Europeia tem afirmado o seu interesse em ser mais autónoma e ter um papel mais ativo nos palcos internacionais. A sociedade civil de vários países europeus tem vindo a afirmar o interesse geoestratégico da Europa, sem alienar os seus aliados ocidentais, em aprofundar as relações com a China. Gostaria, assim, de referir duas iniciativas exemplificativas desta perspetiva, em Portugal: uma conferência com a Academia de Ciências Sociais da China, e a criação de uma União de Associações de Cooperação e Amizade Portugal-China.

O Futuro da Cooperação Sino-Portuguesa e Sino-europeia, no âmbito da Nova Rota da Seda, foi o tema discutido na conferência digital realizada no final do passado mês de maio[1]. Esta iniciativa foi organizada pelo Centro de Estudos Chineses do Instituto de Estudos Europeus, da Academia de Ciências Sociais da China, em colaboração com a Academia Sino-Lusófona da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, com a participação do Observatório da China e de alguns outros convidados. Contou com a presença de académicos e de convidados especiais, como os embaixadores dos dois países (Zhao Bentang, Embaixador da República Popular da China em Portugal, e de José Augusto Duarte, Embaixador de Portugal na China), que reafirmaram o interesse comum em aprofundar as relações entre Portugal e a China, nos diversos domínios – institucionais, culturais e económicos. O Presidente do Conselho de Administração do Porto de Sines em Portugal, José Luís Cacho, reafirmou o interesse numa parceria privilegiada com a China, visando investimento no terminal portuário oceânico, para que possa receber os grandes navios da China que atravessam o Canal do Panamá e que, através de outras ligações marítimas e da ligação ferroviária transeuropeia, poderá ser um redistribuidor importante do comércio chinês na Europa. O Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça de Portugal, Júlio Pereira, referiu-se, nomeadamente, ao longo e pacífico relacionamento de Portugal com a China, à adesão de Portugal à Nova Rota da Seda e à cooperação em diferentes áreas económicas e científicas. Destacou, ainda, o papel de Macau no aprofundamento da ligação da China com a Lusofonia, como é o caso do Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, também conhecido como Fórum de Macau.

O Presidente do Observatório da China destacou três desafios globais e incontornáveis da atualidade que, para serem resolvidos com sucesso, necessitam do conhecimento e da colaboração empenhada da China e do Ocidente: a pandemia de Covid-19, o agravamento das alterações climáticas e os movimentos migratórios de emergência.

A evolução da atual pandemia de Covid-19 demonstra a necessidade de maior colaboração dos países mais ricos na distribuição de vacinas nos países mais pobres e periféricos. Só estaremos seguros quando 70% a 80% da Humanidade estiver vacinada, atingindo assim a imunidade de grupo.

As mudanças climáticas provocadas pela ação humana têm colocado em risco a vida do Ser Humano na Terra como a conhecemos. A China tem sido um dos países na vanguarda da descarbonização, com investimento maciço nas energias renováveis e na aceleração da recuperação do meio ambiente.

Os movimentos migratórios para a Europa estão cada vez mais associados ao crescimento da pobreza e da desigualdade. A Europa (e em particular Portugal, pelas suas ligações aos países africanos de língua portuguesa) deveria encarar o estabelecimento de parcerias com a China, com vista ao desenvolvimento económico e social sustentável da África, valorizando o seu potencial humano.

Para promover o intercâmbio económico, político, académico e cultural entre Portugal e a República Popular da China, foi fundada, a 10 de junho de 2021, por sete membros institucionais[2], a União das Associações de Cooperação e Amizade Portugal-China. Esta União defende que Portugal e a China devem concertar posições sobre as principais questões internacionais, no âmbito da Organização das Nações Unidas, da sua carta de princípios e na valorização do G20, designadamente pelo apoio firme ao sistema multilateral de comércio e a promoção de um sistema económico mundial aberto. A União pretende contribuir para um futuro assente nos princípios de coexistência pacífica, igualdade, reciprocidade, respeito e benefício mútuos, assim como da não interferência nos assuntos internos de outros países e ambientalmente sustentável. A União desenvolverá iniciativas que, entre outras, esclareçam o interesse para Portugal (sem esquecer os países de Língua Oficial Portuguesa) da iniciativa do Cinturão e Rota, de aprofundamento da cooperação bilateral no comércio, investimento, energia, infraestruturas e cultura.

Na minha opinião, os desafios globais, com que o mundo se confronta, só podem ser resolvidos através da cooperação entre os países Ocidentais e a China, envolvendo a sociedade civil, com soluções globais sustentáveis e pacíficas.

Por Rui Lourido, presidente do Observatório da China


[1] 25 de maio de 2021, intitulada "A Nova Rota da Seda, Verde entre EU-China (China Portugal) e a Cooperação num Mundo em Mudança”.

[2] Observatório da China, Liga dos chineses em Portugal, Câmara de Cooperação e de Desenvolvimento Portugal-China, Instituto para Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Oriente, Centro de Investigação Internacional, Associação de Cooperação Portugal-Grande Baía, Câmara do Comércio Portugal-China PME. A presidência da União será rotativa com a duração de mandato de seis meses, mas terá um Secretariado Geral permanente, que dará continuidade às orientações gerais.

Share

Mais Populares

Galeria de Fotos

Dia Internacional do Yoga
​Estudantes graduados realizam solenidade de despedida do campus na Universidade de Comunicação de Nanjing
Museu do Grande Canal inaugurado em Yangzhou
Exposição "Hayao Miyazaki e o mundo de Ghibli" em Beijing atraiu muitos visitantes
Céu estrelado fantástico na província de Guizhou
Tapete tibetana, uma das três famosas tapetes do mundo

Notícias

Investimento estrangeiro direto na China aumentou 6% em 2020, diz relatório da ONU
Academia Songyang
PCCh: Um Partido centenário em defesa da Comunidade de Futuro Compartilhado
Livro Branco sobre a Construção do Porto de Livre Comércio de Hainan é lançado
Evolução da comida espacial da China
De pai para filho: duas gerações de comunistas