Cooperativa de café de Minas Gerais quer entrar no mercado chinês a partir da exposição de importação em Shanghai
A Minasul, segunda maior cooperativa de café do Brasil, com mais de 7 mil produtores associados no Estado de Minas Gerais, chegará à China pela primeira vez a partir da Exposição Internacional de Importação da China (EIIC), que acontecerá em Shanghai de 5 a 10 de novembro. Mesmo estreante no mercado chinês, os planos iniciais são robustos e prevêem até a abertura de um escritório local, segundo o diretor de Novos Negócios da Minasul, Luis Henrique Albinati.
"Queremos estabelecer um escritório na China, que serviria também como hub para outros países da região, como já temos na Europa", conta Albinati.
Mas antes, o objetivo é conhecer o país e as oportunidades e canais para realizar negócios com a China. O diretor e a responsável por Relações Internacionais da Minasul, Maria Claudia Lucinda Porto, participarão de um curso de três dias no gigante de comércio eletrônico chinês, Alibaba, em Hangzhou. O convite foi feito por intermédio da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil), ligada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, entidade que também convidou as empresas brasileiras à EIIC. A Minasul está entre as 87 companhias brasileiras participantes da feira.
Segundo Albinati, além de conhecer parceiros e estabelecer negócios com compradores e distribuidores chineses, a Minasul quer trazer parceiros chineses para fomentar tecnologias para a produção de café no Brasil, a partir de ferramentas que poderiam ser desenvolvidas conjuntamente.
"Há soluções que ainda precisam de desenvolvimento, e acreditamos que os chineses possam ser nossos parceiros neste processo, que não beneficiaria apenas os associados da Minasul, mas cafeicultores em todo o Brasil", afirma Albinati.
A Minasul produz cafés chamados de commodities, ou comuns, e também cafés especiais, cuja classificação tem como base a pontuação padrão mundial, feita a partir do Instituto de Qualidade do Café (CQI, na sigla em inglês para Coffee Quality Institute). A pontuação é dada por profissionais especialistas, os Q-Graders, ou classificadores de qualidade, que pontuam determinado lote ou saca de café a partir de atributos tais quais aroma, corpo, acidez e harmonia, numa padronagem que tem como inspiração a enologia, que classifica os diferentes vinhos e sua qualidade. Um café é considerado especial quando atinge, pelo menos, 80 pontos, em uma escala de 0 a 100.
"É interessante porque já há pesquisas que mostram que o grão de café tem variações mais complexas do que a uva, chegando a mais de 300 variações", afirma Albinati.
"A classificação é a língua franca para todo o mundo do café, não interessando o idioma que se fale", conta Porto, ela própria uma Q-Grader.
Segundo Porto, os profissionais que avaliam o café passam por um treinamento e depois realizam 24 provas para se tornarem Q-Grader, ou classificadores do café, além de precisarem fazer reciclagens junto à CQI. O objetivo é que estes profissionais estejam aptos a reconhecer os atributos do café e garantir pontuações técnicas e adequadas e não apenas oriundas de critérios subjetivos.
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, e Minas Gerais responde por 50% da produção brasileira. O país também é responsável por um terço da produção mundial de cafés especiais. Em 2018, a estimativa é que o país colha quase 60 milhões de sacas de 60kg, uma safra recorde.