A missão Shenzhou-13 foi um sucesso para o avanço científico espacial

Fonte: CRI Published: 2022-04-17 19:12:49
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A missão espacial Shenzhou-13 acaba de retornar em segurança à Terra após um inacreditável período de 6 meses no espaço sideral! Esse feito, praticamente dobra o recorde anterior da China de 92 dias no espaço, marcado pela missão Shenzhou-12.

A aterrisagem do módulo de retorno se deu como esperado, tocando o solo do deserto de Gobi por volta das 23:00 de sábado, 15 de abril aqui no Brasil. Uma equipe composta por helicópteros, médicos, engenheiros e assistentes acompanhou toda a aterrisagem e conseguiu chegar em questão de minutos aos taikonautas que apresentavam boa saúde e segurança. A partir de agora, a tripulação terá que se readaptar à gravidade da Terra, o que levará alguns meses até poderem retornar à sua rotina normal, já que ficaram muito tempo no espaço.

A missão não estabeleceu apenas o recorde de tempo no espaço. Quando comparada à missão Shenzhou-12, conseguiu o grande feito de retornar à Terra 20 horas mais rápido já que, dessa vez, o módulo conseguiu uma aterrisagem perfeita em apenas 8 horas e com mais conforto para a tripulação, por incrível que pareça! Com um plano orbital modernizado, aumento de eficiência e precisão no controle, além do aprimoramento no cálculo computacional, foi possível que a China conquistasse esse desempenho incrível.

A Shenzhou-13, que conseguiu validar pela primeira vez um procedimento de missão de emergência com a futura missão Shenzhou-14, marcou a missão tripulada de número 8 da China e o décimo terceiro voo do programa Shenzhou. Ela foi importante como parte de um programa de experimentos e divulgação científica que contou com longas caminhadas no espaço, além de aulas de física ministradas pela tripulação para alunos do país asiático diretamente do espaço e que estão ganhando uma popularidade sem precedentes.

As aulas, ou melhor, a Tiangong Classroom, começou em junho de 2013 com a primeira aula no laboratório espacial da estação. Ocasião em que foi demonstrado os efeitos do ambiente sem gravidade, tornando-se uma marca que virou febre na China e que conta, atualmente, com uma gama de alunos telespectadores que vão desde crianças até adultos. Com estudantes de diversas partes do país, os experimentos da missão Shenzhou-13, como pular corda, beber água e inclusive se movimentar dentro da espaçonave ganham uma singularidade a mais com a microgravidade. Simples tarefas se tornam uma aventura que consegue prender a atenção de milhões de pessoas que observam como os fenômenos físicos se comportam de forma diferente no espaço em que, até mesmo, uma aspirina efervescente retida em uma bolha de água consegue mostrar de forma mais clara para milhões de estudantes como as leis da física funcionam.

De fato, a microgravidade das estações espaciais é tão diferente do que é observado em solo que extrapolam muito a experiência cotidiana dos terráqueos. Dessa forma, o conteúdo de ensino deve ser cuidadosamente selecionado para que seja tanto fácil de ser operacionalizado pela tripulação quanto de ser observado experimentalmente pelas crianças que assistem às aulas. É um projeto que possibilitou uma educação em ciências espaciais nunca visto antes e que combina missões de voo tripulado, astronautas professores e adolescentes da China inteira com experimentos de flutuabilidade líquida, tensão superficial, dinâmica da efervescência e microgravidade, por exemplo.

Como se não bastasse tantas curiosidades, até mesmo a conservação do momento angular foi utilizada para explicar a forma como os taikonautas podem se movimentar no interior do módulo. De forma brilhante, uma analogia pode ser feita com uma patinadora de gelo que consegue alterar a velocidade de rotação ao aproximar ou afastar a perna durante o giro. Analogia essa muito conveniente, já que ocorreu em Beijing os Jogos Olímpicos de Inverno em fevereiro de 2022, que contou com mais de 2 mil atletas de 91 nações diferentes.

O processo de experimentação permanente é reconhecidamente uma parte importante do espírito inovador e científico, uma vez que para os alunos aqui na Terra é muito difícil entender os fenômenos físicos sem a parte prática. Assim, antes das aulas espaciais, o Museu de Ciência e Tecnologia da China projetou com muito afinco os materiais adequados para acompanhar a Tiangong Classroom da melhor forma a obter o melhor aproveitamento intuitivo e experimental por parte dos alunos. Com isso, não houve decepção no método de ensino e os participantes ficaram muito estimulados em participar.

Nesse contexto, o sucesso da missão Shenzhou-13 não se resume apenas a uma plataforma de ensino para as pessoas, mas é também uma fonte de unidade e cooperação para o desenvolvimento de pesquisas científicas que se transformam em inspiração para muitos países em desenvolvimento. Com a construção de uma estação espacial própria, a China poderá expandir a ciência e a cooperação com diversos outros países, como já vem fazendo durante anos com o Brasil. Conquistas essas que contribuem para o bem-estar social de um mundo cada vez mais tecnológico e científico.

Por Raphael Panizzi, Coordenador de Engenharia e Consultor de Soluções Tecnológicas

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