Visão: Covid-19 desmascara a manipulação desumana do governo dos EUA
Os ministros da saúde do G20 reunidos em Roma, nos dias 5 e 6 de setembro 2021, aprovaram um longo documento com importantes e bonitos princípios de combate geral à pandemia, mas não conseguiram do governo dos EUA e dos principais países Ocidentais o compromisso essencial, claro e objetivo no combate consequente à Covid-19. O G20 não conseguiu, nomeadamente, decidir suspender as patentes das vacinas das suas grandes farmacêuticas e não deliberou programar de imediato a transmissão do conhecimento e tecnologia do Ocidente para os países em desenvolvimento, para a abertura imediata de laboratórios com a capacidade de produzirem localmente as vacinas, nem alcançou a redução do custo das vacinas.
Numa afronta vimos assistindo, lamentavelmente, ao aumento dos preços das vacinas e das margens de lucro das principais farmacêuticas multimilionárias ocidentais, legitimados pelos seus governos. Ao contrário, a China tem vindo a fazer parcerias com vários países em desenvolvimento, em várias geografias, para a transferência do conhecimento e da tecnologia necessária à produção, por esses países, das vacinas chinesas. Tal acontece, já há muito tempo, na América do Sul, nomeadamente no Brasil. Também na Europa, a China decidiu apoiar a Sérvia, construindo a primeira fábrica europeia para produzir a vacina chinesa Sinopharm. Na qual prevê produzir, anualmente, cerca de 30 milhões de doses a partir de abril de 2022 para a Sérvia e para vários países da Europa.
Os EUA mantêm-se, até hoje, como o país com o maior número de mortes e contaminados por Covid-19, apesar de ter ultrapassado o desastroso negacionismo inicial do seu governo. País com 334 milhões de habitantes, atingiu, em 5 de Setembro de 2021, 40.089.360 infecções e 649.316 mortes, enquanto que a China com quase cinco vezes mais população (1400 milhões de habitantes) conseguiu controlar eficientemente a pandemia, tendo sofrido 95.010 infecções e 4.636 mortes, segundo a Reuters.
Para ocultar a sua ineficiência e irresponsabilidade no combate à pandemia, os governos dos EUA não hesitaram, para tentar desviar as atenções deste fracasso, em acusar a China, sem fundamento, como tendo produzido artificialmente o vírus no laboratório de virologia de Wuhan. A reforçar a manipulação feita por Trump, o governo Biden ordenou aos serviços secretos dos EUA que decidissem qual a origem do vírus, demonstrando desta forma as suas intenções partidárias e o seu desprezo pela ciência e pela OMS. Contudo a Associated Press noticiava, já em 1 de maio de 2020, que as agências de inteligência dos EUA tinham concluído que o novo coronavírus "não fora feito ou geneticamente modificado pelo homem". É do conhecimento comum dos cientistas, confirmado pela equipa médica da Organização Mundial da Saúde (OMS), que visitaram a China e o laboratório de Wuhan, que todas as análises realizadas a este vírus SARS-CoV-2 indicam ser de origem animal.
Na atual situação de emergência mundial, criada pelo Covid-19, a China é o país que, desde o início, mais recursos nacionais mobiliza na investigação e no combate ao vírus em nível nacional e internacional. A China, solidariamente, mal descodificou o genoma do SARS-CoV-2, ofereceu essa descoberta (7 de janeiro 2020) aos centros científicos ocidentais (incluindo os CDC dos EUA) e à OMS, o que facilitou o combate imediato e global à doença, e permitiu a rápida descoberta de vacinas pelas grandes farmacêuticas. Quando a pandemia alastrou, foi a China que, com responsabilidade, produziu e canalizou para o Ocidente, para a África e para muitos países asiáticos, a maioria da sua produção de equipamentos médicos de apoio ao combate à Covid-19, numa altura em que o mundo mais necessitava deles. A China deu o exemplo e não discriminou países segundo o seu modelo de organização política.
A manipulação política do governo dos EUA, apoiada pelos serviços secretos aliados (principalmente Canadá, UK, Japão, Nova Zelândia e Austrália) tem ainda outro duplo objetivo: por um lado enquadra-se no contexto da guerra económica que os EUA arregimentam e erguem para tentar conter o legítimo desenvolvimento da China e, por outro lado, tentam ocultar a correta postura da China no eficiente e responsável combate a esta pandemia, e a sua ação solidária para com os outros países em desenvolvimento. A China entregou, até julho de 2021, 350 milhões de doses de vacinas a países em desenvolvimento. O presidente chinês, Xi Jinping anunciou, numa mensagem escrita ao Fórum Internacional para a cooperação de Vacinas contra Covid-19, e reafirmou na 13ª cúpula do Brics que a China doará mais 100 milhões de doses de vacinas a países em desenvolvimento e que contribuirá com 2 bilhões de doses da vacina chinesa para o mundo, até ao final de 2021, e oferecerá US$ 100 milhões à Covax (programa da OMS). O presidente Xi acrescentou que a China, até o momento, forneceu mais de 1 bilhão de doses de vacinas prontas e a granel para mais de 100 países e organizações internacionais.
Quanto à evolução da investigação da origem do SARS-CoV-2, ela deve ser orientada, unicamente, por critérios científicos e no âmbito da OMS, a qual foi convidada e já enviou à China duas missões cujos relatórios são públicos, pelo que sem preconceitos deve alargar a sua investigação aos locais onde os cientistas têm dúvidas fundamentadas (como nos EUA, na Dinamarca, na Itália, na Holanda e na Espanha). Nos EUA a situação é mais grave, pois o laboratório P4 do Forte Detrick utilizou o conhecimento japonês na produção de armas químicas e biológicas. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano mandou encerrá-lo indefinidamente por razões de "segurança nacional", pelo que seria importante o governo dos EUA autorizar uma investigação independente da OMS.
A cooperação internacional no processo de vacinação da totalidade da população de todos os continentes é uma responsabilidade acrescida dos países mais desenvolvidos, tentando, assim, impedir, de forma mais eficaz, o surgimento de novas estirpes do vírus. Neste contexto, apesar de ainda ser um país em desenvolvimento, a China tem liderado solidária e eficazmente esse processo.
Autor: Rui Lourido, historiador e presidente do Observatório da China