O que está por trás da tecnologia 5G

Fonte: CRI Published: 2020-11-04 16:41:26
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(Por Raphael Panizzi, Coordenador de Engenharia e Consultor de Soluções Tecnológicas)

Não é apenas uma inovação da quinta geração da telefonia móvel que promete trazer conexões mais rápidas, estáveis e eficientes. Menos importante é saber que a nova tecnologia permitirá uma massa gigantesca de usuários utilizando a mesma rede WIFI. Um pouco mais relevante, talvez, seria dizer que isso tudo foi graças ao avanço científico que possibilitou a fabricação de componentes eletrônicos que permitem um tráfego de dados muito mais intenso e capazes de operar na banda do espectro de onda milimétrica. Sim, é uma unidade minúscula e inimaginável há 10 anos atrás.

O que está em jogo vai além. Estamos diante de uma tecnologia que será o divisor de águas entre o novo terceiro mundo e o novo primeiro mundo. O cenário geopolítico será totalmente alterado, e já é possível observar que na ponta dessa revolução há o protagonismo da China como grande desenvolvedor da tecnologia que beneficiará toda a humanidade.

Segundo dados do IBGE, o Brasil tem uma população de pouco mais que 212 milhões de habitantes. Isso representa cerca de metade de um Brasil inteiro usando a tecnologia na China, já que o número de chineses que tem acesso ao 5G diariamente nas cidades é superior a 110 milhões e o governo Chinês já tem planos para ampliar a infraestrutura de transmissão de dados para mais de 600.000 antenas até o final de 2020.

O que a China está fazendo com maestria é se preparar para uma era em que cidades inteligentes e interligadas em grande escala serão o novo normal, carros sem motoristas serão conduzidos e monitorados a distância, além de sistemas de inteligência artificial com detecção facial poderão monitorar o bem-estar das pessoas.

O setor energético brasileiro será um dos mais impactados com a modernização que está vindo. Para se ter uma ideia da magnitude que isso representa, começaremos a ver aerogeradores captando e processando quantidades muito maiores de dados em tempo real. Isso resultará em uma maior confiabilidade do sistema, além de uma geração maior de energia, com o controle das máquinas respondendo de forma mais otimizada às variações climáticas. O setor de energia solar também não ficará para trás, afinal robôs serão utilizados para inspecionar e realizar manutenção dos painéis solares, reduzindo consideravelmente os custos de manutenção. A empresa chinesa de tecnologia Huawei, que também é a grande desenvolvedora da tecnologia 5G, não perdeu tempo e hoje tem soluções de inteligência artificial e nuvem integrados com a tecnologia fotovoltaica para uma geração de alto padrão de desempenho, segundo fontes da própria empresa.

Além disso, há muitos anos que a Huawei se interessa pelo mercado solar Brasileiro devido ao grande potencial de radiação solar que é pouco explorado. Inclusive assinou um Memorando de Entendimento (MoU, na sigla em inglês) com a empresa Steelcons para o primeiro projeto de usina solar de 90MW da empresa, através do fornecimento de tecnologia para a captação fotovoltaica. O que evidencia o interesse que os chineses têm na cooperação com o desenvolvimento do Brasil.

Essas notícias são vistas com muito entusiasmo pelos grandes players do mercado de energia brasileiro porque a matriz energética limpa, que engloba eólica, solar, hidráulica e bioenergia, atingiu a marca de mais de 46% de participação na matriz energética total de 2019, segundo dados do ministério de Minas e Energia.

Os números impressionantes e as consequências que a tecnologia pode trazer, já despontam a preocupação dos norte-americanos que vem perdendo protagonismos tecnológico e influência regional. Isso acontece, principalmente, por conta da velocidade que os asiáticos estão vindo com soluções altamente inovadoras e com preços bastante competitivos.

Nesse contexto, o Brasil tem a oportunidade de surfar um momento muito especial, principalmente porque a China é um importante parceiro comercial e de longa data. Desde 2015 eles ocupam o primeiro lugar no ranking mundial de geração de energia solar e atualmente se posicionam como grande desenvolvedor da tecnologia 5G. O que está por trás dessa tecnologia evidencia a importância de continuarmos estreitando os laços de cooperação mútua com a China, uma vez que esse cooperativismo se mostra fundamental para definir os grandes vencedores da nova era que o tão sonhado 5G vai proporcionar, com novos agentes que protagonizarão o caminho a ser seguido e a energia a ser utilizada.

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