Comentário: Latino-americanos não devem assumir responsabilidade pela segunda onda da epidemia nos EUA
“O México deveria ser responsável por uma nova onda do Covid-19 nos Estados Unidos?”, escreveu assim o site mexicano “El Financiero”. A razão para isso é a seguinte: na quinta-feira (11), em uma reunião realizada na Casa Branca, a liderança do governo dos EUA culpou os turistas mexicanos pela atual onda da epidemia, enfatizando que essa nova onda não tem nada a ver com o “reinício da economia”.
Da China à Organização Mundial da Saúde, da União Europeia à América Latina, o atual governo norte-americano usou repetidamente o truque de desviar para outros suas responsabilidades devidas pela má prevenção e controle da epidemia. Isso exemplifica o provérbio latino-americano: “Tão longe de Deus, tão perto dos Estados Unidos”.
Desta vez, os políticos norte-americanos estão mirando no vizinho México. Um dos principais motivos é que a maioria dos novos casos confirmados nos EUA vem principalmente de comunidades latino-americanas. A Casa Branca suspeita, portanto, que os novos casos possam ter sido “importados” do México. De fato, essa razão é extremamente ridícula.
Desde o início da epidemia, o grupo de latino-americano nos EUA sofreu taxas de infecção e mortalidade “desproporcionais”, bem como impactos causados pela desigualdade racial. De acordo com informações divulgadas no início de abril pelo governo municipal de Nova York, os latino-americanos representam 34% das mortes causadas por Covid-19. O site do jornal New York Times aponta que a lacuna presente na saúde de afro-americanos e latino-americanos nos EUA “resulta diretamente da desigualdade econômica e de oportunidade na história”.
Os países da América Latina, particularmente, México, Guatemala e outros países vizinhos dos EUA, são na verdade vítimas da exportação epidêmica dos EUA. Desde o início da epidemia, os EUA enviaram de volta a países latino-americanos um grande número de imigrantes ilegais que não foram testados, o que piorou ainda mais a situação epidêmica desses países com fracos sistemas de saúde pública.
tradução: Shi Liang
revisão: Gabriela Nascimento