Comentário: De “vírus chinês” a “vírus”- O instinto de sobrevivência de Trump

Published: 2020-03-26 16:37:31
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O debate entre a China e os Estados Unidos que parece interminável deu uma guinada inesperada nos últimos dias. O vice-presidente norte-americano, Mike Pence, disse na segunda-feira (23) que os esforços da China no combate ao COVID-19 têm um “grau de transparência muito maior” em comparação com o tratamento anterior do surto. No mesmo dia, o presidente Donald Trump usou somente “vírus” em vez de “vírus chinês” para se referir à pandemia no Twitter. Desde que Trump começou a usar o termo “vírus chinês”, tem havido inúmeros relatos de que chineses tanto de nacionalidade chinesa quando americana foram perseguidos ou abusados nas ruas. Kristen Brownell, instrutora do Colégio Claremont em Los Angeles, escreveu no jornal The Guardian que estudantes chineses ao redor dela foram recusados de serem atendidos em vários restaurantes. O jornal New York Times publicou o artigo “Cuspes, gritos e ataques: em tempos de coronavírus, cidadãos sino americanos temem por sua segurança”.

A pressão política sobre Trump tem aumentado a cada dia. De acordo com o site de notícias Vox, o grupo de eleitores americanos de origem asiática está crescendo rapidamente, tornando-se crucial para as eleições em vários estados. Tanto democratas quanto republicanos estão tentando conquistar seus votos. A NBC News apontou que os eleitores de origem asiática são a chave para a vitória da eleição em alguns lugares.

Internacionalmente, a necessidade de agradar a China também se tornou proeminente. Para dizer de forma simples, os Estados Unidos não possuem materiais suficientes para lidar com o surto. A situação já estava prevista no final de janeiro. Mas o governo norte-americano não tomou medidas até 19 de março quando invocou o Ato de Produção de Defesa. Mesmo assim, Trump ainda não aprovou a produção de materiais, apesar de várias associações da área de saúde terem enviado uma carta conjunta ao presidente em 21 de março. O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse claramente ao governo federal que, a menos que mais respiradores sejam enviados à cidade, 26.000 pessoas irão morrer.

Trump já telefonou para o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, pedindo apoio de materiais. O presidente Moon, ainda tentando controlar o surto doméstico, respondeu que seu governo forneceria “apoio máximo” de acordo com as possibilidades. No entanto, o pesquisador do Conselho de Relações Exteriores, Mira Rapp-Hoper, indicou ao comentar no Twitter que Trump exigia continuamente à Coreia do Sul o pagamento de 5 bilhões de dólares por ano, se não, as autoridades militares dos EUA demitiriam funcionários sul-coreanos. Talvez não seja uma boa ideia pedir ajuda a alguém logo após ameaçá-lo. Então, a resposta da Coreia do Sul – “apoio máximo de acordo com as possibilidades”- é bem flexível.

Segundo relatos da mídia, os Estados Unidos estão tentando importar máscaras e materiais de proteção da China. Como o maior comprador de suprimentos médicos da China, é crucial manter um bom relacionamento com o país asiático em tempos de crise. E a China afirmou que está disposta a ajudar aqueles que precisam de assistência.

No entanto, o problema é que um uma prolongada crise de saúde pública, Trump não pode esperar consertar as relações com a China em troca de um pacote de ajuda e depois, tocar novamente a ferida. O desenvolvimento de vacinas e o controle da epidemia são projetos de longo prazo que exigem o abastecimento constante de suprimentos médicos e farmacêuticos, o que significa que uma relação estável de trabalho entre os dois países é fundamental. Chamar essa doença letal de “vírus chinês” certamente não ajuda nada.

A situação atual exige que o governo de Trump mude de tom. Seja um ato de conhecer realmente seu erro ou uma mudança necessária de performance, tal atitude seria um passo em direção a um relacionamento mais produtivo entre os dois países.

tradução: Shi Liang

revisão: Erasto Santos Cruz

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