Frente a epidemia, políticos estadunidenses podem fazer algo sério?
Recentemente, o líder norte-americano vem chamando várias vezes o novo coronavírus de “vírus chinês”, o que despertou grande indignação da comunidade internacional. As palavras estão cheias de racismo e pretendem levar a prevenção e controle da epidemia a um caminho escuro repleto de ódio racial.
Para o diretor-executivo do Programa de Emergências de Saúde da Organização Mundial de Saúde, Scott Michael Ryan, o vírus não tem fronteira e deve-se evitar relacionar o vírus com alguns indivíduos. “A gripe A H1N1 teve origem nos Estados Unidos, mas não a chamamos de gripe estadunidense. Por isso, ao referir a outros vírus, é de extrema importância adotarmos o mesmo método”, destacou na quarta-feira (18) Ryan.
Já para London Breed, prefeita de São Francisco, o nome é grosseiro. Em sua declaração, a prefeita apontou que o novo coronavírus é uma epidemia global que afeta todos e devemos ouvir as opiniões de profissionais em saúde pública e enfrentá-la de mãos dadas. “É o que estamos fazendo em São Francismo e o que devem fazer também os funcionários federais”, sublinhou.
No início de março, o prefeito de Nova Iorque, Bill de Blasio, afirmou que a falta de kits para a detecção do novo coronavírus é a razão essencial que causou a piora da crise. Em artigo publicado em seu portal, a revista norte-americana Science apontou que houve, por um tempo, problema de qualidade nos testes de ácido nucleico.
É irônico que diante da transmissão acelerada da epidemia e do aumento incessante de casos confirmados de infecção de COVID-19, a liderança de Washington reagiu culpando os outros e se vangloriando. Vamos ver o que eles fizeram nos últimos dois meses.
O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, discursou no dia 30 de janeiro que a epidemia ajudará na criação de postos de trabalho aos EUA, mesmo no momento mais difícil da luta contra o COVID-19 na China.
Em um comício eleitoral ocorrido no dia 28 de fevereiro, em South Carolina, o líder estadunidense alegou que a epidemia foi uma nova fraude criada pelos democratas e culpou seu adversário.
Ao ser entrevistado pela mídia, o seu secretário de Estado, Michael R. Pompeo, chamou o novo coronavírus de vírus de Wuhan.
Quando um jornalista pediu ao presidente dos EUA para fazer avaliação sobre seu desempenho ao reagir à epidemia, ele se deu a nota máxima sem hesitação.
Afinal de contas, é um assunto científico vencer a epidemia. Surtirá efeito apenas falar, vangloriar-se e culpar outros? Alguns políticos do país com a mentalidade torta estão colocando sua população em perigo.
Até o momento, 50 estados, bem como Washington D.C., reportaram casos de infecção de COVID-19.
Com o rápido aumento de casos confirmados, investidores parecem menos confiantes com o pacote de medidas anunciadas pelo governo Donald Trump, apesar da redução constante da taxa de juros e políticas de afrouxamento quantitativo. A bolsa de valores americana interrompeu as negociações pela quarta vez em oito dias de negócios.
Para o líder norte-americano, que considera a bolsa de valores como sua principal façanha, o declínio constante do mercado é o que mais lhe preocupa, já que é o que decide diretamente seus votos. O fato mostra também a lógica inexorável que domina na prevenção e controle nos EUA: O que mais importa é o capital, não a vida!
Ao enfrentar o inimigo comum da humanidade, aqueles políticos que gastam tempo em conversas vazias, podem fazer algo que favoreça verdadeiramente a vida e a saúde do povo?
Tradução: Zhu Jing
Revisão: Diego Goulart