Orquestra do Porto toca música barroca na China no Dia Nacional de Portugal
A embaixada de Portugal em Beijing trouxe para a capital chinesa pela primeira vez a Orquestra Barroca Casa da Música, durante as celebrações do Dia Nacional de Portugal. Em duas apresentações, nos dias 14 e 15 de junho, a orquestra ofereceu ao público músicas que, há mais de 300 anos, encantaram o famoso imperador chinês Kangxi.
Sob direção musical de Federico Guglielmo, as orquestra interpretou clássicos de Bach, William Corbett e Giacomo Facco, além de peças de Carlos Seixas, Francisco António de Almeida e David Perez. As apresentações foram recebidas com entusiasmo pelas audiências do Conservatório de Beijing e da Universidade de Pequim.
A orquestra, com sede na cidade do Porto, foi escolhida para celebrar as relações históricas e amistosas entre China e Portugal, disse o embaixador português na capital chinesa, José Augusto Duarte.
O Porto fica na região onde nasceu o responsável pela introdução da música barroca na China. Tomás Pereira, um jesuíta do século 17, nasceu em São Martinho do Vale, na região do Porto. Ele trabalhou por 35 anos com o imperador Kangxi, na China, e instituiu na Corte Imperial Chinesa, o gosto pela música barroca. “Nada melhor que homenagear Tomás Pereira e a boa e antiga relação entre Portugal e a China através de evocar esse bom exemplo de boa cooperação no passado”, disse Duarte.
Cultura e diálogo
A Casa da Música do Porto é considerada por abrigar uma das melhores orquestras de música barroca de toda a Europa. Para o embaixador, a cultura exerce um papel importante nas relações entre povos e nações. “A cultura é um aspecto fundamental para o diálogo, para a elevação do espírito, para aquilo que há de melhor no ser humano. É através da cultura e das expressões culturais que podemos desenvolver relações de curiosidade e de enriquecimento mútuo”, afirmou.
O diplomata chinês Gao Kexiang, que foi embaixador da China em Guiné-Bissau, Portugal e Angola, conta que já havia visitado a Casa da Música no Porto. “Tive uma impressão marcante. Dessa vez, no Conservatório da China, no momento do Dia Nacional de Portugal, ofereceram um espetáculo tão bonito para os chineses e todos os convidados. Fico realmente muito satisfeito”, disse.
Para a violinista da orquestra Reyes Gallardo, é importante levar a cultura portuguesa e europeia para o resto do mundo. “E com a Orquestra da Casa da Música, as pessoas podem conhecer o que tem de bom na cidade do Porto”, afirmou. O também violinista Flávio Aldo, em sua primeira passagem pela China, comprou um “er hu”, o tradicional violino de duas cordas chinês. “Comprei por curiosidade, para experimentar, e tentar aprender um bocado, mas não tenho a intensão de ser um instrumentista”, admitiu, entre risos.
O organista Fernando Miguel Jalôto, responsável pelos solos no cravo, se disse realizado por se apresentar na China. “É um país que nos toca muito, sinônimo da distância, do diferente, do oriente. Tocar na China é quase um sonho de criança, foi uma experiência única. Quando surgiu essa oportunidade, cancelei outro concerto para vir para cá.”
O ministro conselheiro da embaixada da Angola na China, Sergio Neto, elogiou a apresentação da orquestra do Porto. “Achei bastante interessante. Foi um espetáculo maravilhoso, uma entronização de culturas. Penso que esse tipo de iniciativa deve-se realizar mais vezes. Efetivamente foi um grande espetáculo, muito bonito, que reforça as relações bilaterais dos países lusófonos com a China”, disse.
Repórter: Rafael Fontana