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O Palácio
Imperial em Beijing foi a
residência oficial durante as
dinastias Ming (1368 a 1644) e
Qing (1644 a 1911). Ali, moraram
24 imperadores.
Diz a
tradição que o imperador
celestial morava numa
constelação púrpura conhecida
como o Palácio Púrpuro. Os
imperadores se auto proclamavam
"filho do céu". Sua residência
era vedada à aproximação das
pessoas comuns. Por isso, o
palácio do "filho do céu"
chamava-se a Cidade Proibida
Púrpura. Em 1925, a Cidade
Proibida tornou-se um museu: o
Museu do Palácio Imperial.
Em 1406, sob
o comando do imperador Zhu Di,
aliás, Chengzu da dinastia Ming,
mais de 100 mil trabalhadores se
concentraram em Beijing, a fim
de iniciarem a construção da
Cidade Proibida. Mais de um
milhão de trabalhadores cuidavam
do apoio logístico e do
transporte de materiais de
construção em todo o país. Em
1420, as obras de construção
terminaram. No ano seguinte, a
Capital da corte dos Ming
mudou-se de Nanjing para
Beijing. Os imperadores
posteriores, além de desfrutarem
do grandioso conjunto do
Palácio, empreenderam os
projetos de ampliação. Por
vários motivos, inclusive
incêndios, a Cidade Proibida foi
várias vezes reconstruída e
preservada.
A Cidade
Proibida ocupa uma área de 720
mil metros quadrados. Nas
dinastias Ming e Qing, o número
das construções na Cidade
Proibida oscilou muito, ora
aumentando ora diminuindo.
Atualmente, há mais de 90 pátios
- grandes ou pequenos - e mais
de 8700 cômodos, cobrindo mais
de 1,5 milhão de metros
quadrados de área construída.
Trata-se do maior e melhor
preservado conjunto
arquitetônico deste período da
China.
Suas
gigantescas dimensões impendem
qualquer visão externa. Ela é
cercada por um muro mede 960
metros (norte ? sul), 752 metros
(leste ? oeste) com cerca de 10
metros de altura. Nos quatro
vértices, há estupendas torres
de vigia. Um rio artificial para
defesa com 52 metros de largura
finaliza a sua proteção externa.
No topo da
Colina de Carvão, situada atrás
da Cidade Proibida, pode-se
contemplar o grandioso conjunto:
um eixo de 8,5 quilômetros de
extensão atravessa a cidade de
Beijing sentido sul ? norte. O
Palácio Imperial está numa
posição recuada, ocupando o
centro da antiga cidade.
Trata-se de um conjunto
arquitetônico retangular e
simetricamente disposto nos dois
lados do eixo. Sob o efeito da
luz solar, os telhados amarelos
se destacam no panorama
esplêndido, contrastando com as
baixas e cinzentas casas
plebéias que se apinhavam ao seu
redor. Compreende-se, então, a
magnificência, a grandiosidade e
a ordem da casa real.
Antigamente, um número reduzido
de pessoas estava autorizado a
chegar ao topo da Colina do
Carvão para apreciar o panorama
da Cidade Proibida, pois a
Colina do Carvão era um jardim
imperial.
De acordo com
as tradições legadas pelas
dinastias anteriores sobre a
distribuição dos palácios, a
Cidade Proibida se divide em
"corte exterior e corte
interior". A corte exterior se
destinava aos despachos de
rotina dos imperadores e a corte
interior se destinava aos seus
hábitos e assuntos cotidianos e
à residência da família real. As
importantes construções foram
concentradas no eixo central.
A Cidade
Proibida possui quatro entradas.
A a Porta Meridiana, no sul, é a
principal. Trata-se de uma porta
em forma de ?, em cujo centro há
uma praça. Ela possui cinco
passagens. A passagem central
era exclusivamente destinada à
solenidade de casamento entre o
imperador e sua imperatriz e
para o Zhuangyuan, o primeiro
classificado nos exames
imperiais. As passagens laterais
destinavam-se aos funcionários
civis e militares. Nas dinastias
Ming e Qing, a cerimônia de
lançamento do calendário se
realizava anualmente em sua
praça. A mesma praça ainda se
transformava no palco para a
recepção às tropas triunfantes
ou ao castigo público a
"pauladas" aos ministros
delinqüentes na dinastia Ming.
No eixo
central possui no sentido
sul-norte três importantes
salões: o Salão da Harmonia
Suprema, o Salão da Harmonia
Central e o Salão da Harmonia
Preservada. São os exemplos
máximos da arquitetura chinesa
em madeira. Nas dinastias Ming e
Qing, vários terremotos
atingiram a região de Beijing.
Enquanto muitas casas
soçobraram, os três salões
permaneceram intactos. No
entanto, não resistiram ao
incêndio provocado pela
fulminação em 1421, um ano
depois da conclusão das obras na
Cidade Proibida. Especialistas
atribuíram sua devastadora
destruição à sua estrutura de
madeira, à sua altura, às altas
construções ao seu redor e à
inexistência de pára-raios.
Outros incêndios atingiram a
Cidade Proibida nos séculos
posteriores.
O Salão da
Harmonia Suprema está assentado
sob uma plataforma de granito
com 8 metros de altura. Defronte
a ele, há uma praça grande com
cerca de 30 mil metros
quadrados. Com 72 pilares de
sustentação, é a maior obra
arquitetônica da antiguidade.
Sua altura mede 14,4 metros,
número equivalente a um prédio
de 3 andares. Apesar do longo
período que nos separa da era
dos imperadores, a imponência
imperial continua reinando no
Grande Salão.
Durante a
antiguidade, as diferentes
hierarquias regiam a dimensão,
altura, o estilo do telhado e os
móveis e as decorações
interiores dos palácios. O Salão
da Harmonia Suprema é da mais
alta categoria. Apesar do luxo,
era raramente utilizado. Ali se
realizavam apenas importantes
solenidades oficiais como, por
exemplo, a cerimônia de posse,
comemorações de aniversários, as
núpcias imperiais, cerimônias
destinadas às expedições
militares, bem como os rituais
relativos às importantes festas.
As cerimônias da corte eram
nutridas de extraordinária
pompa. Os funcionários civis e
militares e a guarda de honra se
enfileiravam na praça, o
imperador sentava-se no alto do
trono e os funcionários postados
nas últimas filas não podiam ver
o "rosto do dragão". Os incensos
perfumados inundavam os ares e
os sinos e tambores ressoavam,
concedendo um ambiente sagrado e
solene. Havia, ainda, uma força
intimidadora no ar, sempre
almejada pelo imperador.
Antes de
chegar ao Salão da Harmonia
Suprema, o imperador fazia seus
últimos preparativos ou
descansava no Salão da Harmonia
Central. Leia aqui as mensagens
de sacrifício às vésperas das
grandes cerimônias de oferenda
aos antepassados e ao Deus da
Terra.
No Salão da
Harmonia Preservada, o imperador
costumava oferecer banquetes aos
funcionários no final do ano. O
Salão tornou-se o local para os
exames imperiais durante a
dinastia Qing, ocasião em que os
novos Jinshi, primeiros
classificados nos exames
provinciais, se perfilavam nos
dois lados no salão para
enfrentar os exames orais diante
do imperador.
O Palácio da
Pureza Celestial, o Palácio da
Tranqüilidade Terrestre e o
Salão da União Celeste e
Terrestre também ficam no eixo
central da Cidade Proibida.
Na dinastia
Ming e no início da dinastia
Qing, o Palácio da Pureza
Celestial era a residência do
imperador e da imperatriz.
Depois de subir ao trono,
Yongzheng, o terceiro imperador
dos Qing, mudou sua residência
para o Salão da Cultivação
Mental e o Palácio da Pureza
Celestial tornou-se seu
escritório, onde conduzia os
assuntos estatais, recebia os
ministros e as missões
estrangeiras. Acima do trono, há
uma placa em que se lê: "Justiça
e Transparência". O imperador
Yongzheng decidiu durante o seu
mandato não revelar
antecipadamente o nome de seu
sucessor. Porém, o registrou num
édito em dois exemplares
duplicados. Um dos quais, sempre
portava consigo. O outro,
permanecia guardado num cofre
colocado atrás da placa "Justiça
e Transparência". O testamento
deveria ser aberto após a morte
do imperador, a fim de se
conhecer o nome do legítimo
herdeiro do trono.
O Salão da
União Celeste e Terrestre foi
construído durante o mandato de
Jiajing, durante a dinastia Ming.
A palavra "União Celeste e
Terrestre" se origina no Livro
das Mutações e significa a fusão
entre o Céu e a Terra
simbolizando, a harmonia entre o
imperador e a imperatriz. No
salão, estão guardados os 25
selos reais.
O Palácio da
Tranqüilidade Terrestre tinha
sido a residência da imperatriz
na dinastia Ming. No reinado de
Shunzhi da dinastia Qing, foi
reestruturado de acordo com os
hábitos da etnia Manchú. Dois
dos 7 cômodos do leste foram
transformados em quartos
nupciais do imperador. Os demais
se tornaram capelas do samanismo
para oferendas às divindades e
aos antepassados.
Na corte
interior encontram-se o Jardim
Imperial e o Grande Palco de
Ópera. O Jardim Imperial fica no
extremo norte do eixo central,
onde se vêem árvores e flores,
colinas artificiais, pagodes e
quiosques.
Diferentemente das decorações
utilizadas nos três principais
salões da corte exterior - onde
somente os dragões dourados são
motivos das pinturas coloridas
-, surgiram nas decorações da
corte interior outras imagens de
dragão, símbolo do imperador,
mescladas com a fênix, símbolo
da imperatriz.
Suas
dimensões são menores em relação
às dos três salões da corte
exterior e às de suas praças.
Obviamente, o destaque vai para
o senso de moderação e de menor
grandiosidade. Este clima
contrasta com a solene magnitude
e a severa imponência dos três
salões.
O Salão da
Cultivação Mental, apesar de não
estar no eixo central, tem
grande importância. Logo após se
tornar a residência do imperador
Yongzheng, explodiu a guerra na
fronteira. O imperador, então,
criou um escritório especial de
plantão fora do muro sul do
Salão. Três anos depois, o
escritório veio a ser chamado de
"conselho militar", tornando-se
mais tarde um grupo confidencial
privado do imperador com o poder
inferior apenas do soberano.
Os sete
imperadores depois de Yongzheng
moravam e conduziam os negócios
estatais no Salão da Cultivação
Mental. Suas audiências aos
ministros eram concedidas na
sala da frente. No seu cômodo do
leste, foram colocados dois
tronos separados no meio por uma
cortina, por trás da qual se
sentava a imperatriz-mãe regente
Cixi, a mulher que controlaria o
poder nos últimos anos da
dinastia Qing. Posteriormente, a
cortina foi retirada e Cixi
passou a se sentar diretamente
ombro a ombro ao lado do
imperador.
O Museu do
Palácio Imperial possui um
acervo estimado em mais de um
milhão de objetos culturais. Em
alguns palácios concentram
exposições de pinturas e
caligrafias, objetos de
porcelana, bronze e artesanatos.
Mas, os objetos expostos são uma
pequena parte de seu acervo. A
sistematização e a pesquisa do
acervo histórico e cultural do
Museu do Palácio Imperial se
encontra ainda numa fase
inicial, apesar de dezenas de
anos de trabalho.
Durante cerca
de 500 anos, vinte e quatro
imperadores moraram na Cidade
Proibida. Mas, os valores
culturais e a história acumulada
no conjunto de salões, portas e
até uma cor utilizada na
construção do Palácio Imperial
não são fáceis de se decifrar...
Em 1987, o
Museu do Palácio Imperial foi
listado como patrimônio cultural
mundial.
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