Ruínas do Homem de Beijing em Zhoukoudian
中国国际广播电台
      

Zhoukoudian é uma pequena aldeia situada a cerca de 50 quilômetros ao sudeste do município de Beijing. No monte Longgu, perto da aldeia, há uma caverna natural com cerca de 140 metros de comprimento. Sua largura varia entre 2,5 e 42 metros. É na gruta que se descobriram os vestígios do Homem de Beijing.

Não se sabe desde quando as gerações e gerações dos habitantes locais começaram a escavar os "ossos de dragão" e vendê-los como fontes medicinais. Na realidade, os "ossos de dragão" são fósseis de animais da Antigüidade. No início do século 20, os "ossos de dragão" despertaram a atenção dos eruditos estrangeiros.

Em 1921, o geólogo sueco, J. G. Andersson, e o paleontólogo austríaco, O. Zdansky, fizeram uma escavação experimental em Zhoukoudian e encontraram alguns fósseis animais e pedaços de quartzo branco com fios. Segundo registros feitos por J. G. Andersson em seu diário, ele tocou levemente a parede de uma rocha e disse a O. Zdansky: "tenho um pressentimento, os restos de nossos antepassados estão aqui".

Nas escavações realizadas em 1921 e 1923, eles obtiveram dois fósseis de dentes de seres humanos, mas não os reconheceram imediatamente e só os confirmaram quando publicaram sua descoberta, em 1926. Em 1927, uma equipe composta de arqueólogos chineses e estrangeiros chegou a Zhoukoudian para uma escavação de grande envergadura. No mesmo ano, encontraram mais um dente de um ser humano bem preservado e nomearam o ser humano em Zhoukoudian como Sinanthropus Pekinensis. Depois, fizeram uma emenda na denominação com Homoerectus Pekinensis. Mas, o nome mais vulgar é o Homem de Beijing.

Dia 2 de dezembro de 1929, o arqueólogo chinês Pei Wenzhong descobriu na caverna um crânio humano completo. A notícia se transmitiu ao exterior rapidamente e despertou ampla atenção dos eruditos. Pouco depois, ferramentas de pedra e de osso assim como vestígios de fogueira foram descobertos na mesma localidade, o que chamou a atenção de todo o mundo para as ruínas do Homem de Beijing.

Em novembro de 1936, após sucessivas de 11 dias, foram encontrados no mesmo terreno, três crânios humanos. Em 1937, a guerra de resistência à agressão japonesa eclodiu em todo o país e o trabalho de escavação ficou interrompido.

No final de 1941 quando da eclosão da Guerra do Pacífico, os cinco crânios humanos assim como outras amostras se perderam misteriosamente no processo de translado e não há notícias até hoje. O Museu das Ruínas de Zhoukoudian reserva atualmente apenas um único crânio humano antigo. Este foi consertado com vários pedaços de ossos, que pertenciam a um mesmo indivíduo, mas escavados em diferentes períodos.

Depois da fundação da República Popular da China em 1949, realizaram-se várias escavações em Zhoukoudian. Elas obtiveram fósseis de ossos de face, membros e dentes, representando mais de 40 homens de Beijing, além de 100 mil peças de pedra acabadas ou semi-acabadas, peças de osso e peças de chifre, bem como fósseis de mais de 100 espécies de animais e os vestígios do uso de fogo.

A grande atenção dada às ruínas do Homem de Beijing deve-se ao fato de que elas proporcionaram as provas científicas para os estudos da origem e da evolução da humanidade.

Em 1891, o holandês Eugene Dubois achou na Indonésia um crânio humano e denominou-a "Pithecantropus", conhecido também como "Homem de Java". Mas, os fósseis eram humanos ou de um macaco? Existem as discussões a respeito. Por falta de provas, Dubois desistiu da sua conclusão considerando que o Homem de Java não tinha a ver com a classificação de seres humanos. A descoberta do Homem de Beijing foi aceita em pouco tempo pela comunidade acadêmica internacional, que veio reconhecer a classificação do Homem de Java.

Na evolução da humanidade, o Homem de Beijing pertence ao homem erecto e se encontrava numa importante fase do processo da evolução do macaco para o homem. Os fósseis humanos dessa fase são as raridades em todo o mundo, razão pela qual as ruínas em Zhoukoudian é, na atualidade, um dos mais ricos acervos dos fósseis humanos antigos desse período no mundo. A descoberta do Homem de Beijing esclareceu basicamente a árvore da evolução humana e proporcionou os fundamentos científicos para a doutrina sobre a evolução do macaco para homem.

Nas ruínas do Homem de Beijing, há um depósito arqueológico de mais de 40 metros de espessura. Nele, há 13 camadas sobrepostas de fósseis, de acordo com os resultados de pesquisa dos eruditos.

A parte inferior dos depósitos é uma camada misturada de areias e seixos que se formou, segundo as pesquisas científicas, durante um período frio, e confirmou um fato de que a região tinha passado por um período de climas frios antes da chegada do homem de Beijing.

Em cima da camada de areias e seixos, há uma camada em lama vermelho-carne, prova da existência de um afluente de água. Na lama, foram encontrados alguns utensílios de pedra. Como não se acharam vestígios humanos, ficamos sem saber quem seria o dono dos utensílios.

As grutas eram habitadas por hienas que se extinguiram na China, em diferentes épocas, porque em diferentes camadas de depósito há camadas de fezes do animal, que tinha o hábito de defecar em recintos fixos.

Depois das hienas, o Homem de Beijing tornou-se o dono das grutas. No chão das grutas há a presença de seus vestígios - ossos dos animais por eles abandonados, utensílios de pedra e ossos - assim como vestígios do uso de fogo.

A pesquisa científica demonstra que o Homem de Beijing vivia há 500 a 200 mil anos atrás. Não permaneciam nesta região, porque nas camadas de fezes de hiena e de areia, não se encontraram os restos humanos nem muitos vestígios culturais. Um grupo de homens de Beijing vivia aqui por um período. Nômades, partiam por motivo da falta de alimentação ou da mudança climática. Depois, outro grupo de seres humanos se instalou aqui.

Segundo cálculos de paleontólogos, há 500 mil anos atrás, cerca da metade dos homens de Beijing não completavam 14 anos de idade, devido às severas condições de sobrevivência. Tinham a imagem parecida com a do macaco e a do ser humano, por isso, é chamado homem-macaco. O volume cerebral equivale apenas a cerca de 80% do homem moderno. Mas, muito maior que o do macaco comum, o volume cerebral do macaco moderno é de cerca de 40% do Homem de Beijing. O Homem de Beijing tinha os membros superiores obviamente desenvolvidos e podia fazer trabalhos manuais e já podiam andar eretamente em seus membros inferiores um pouco curvados.

Também nas grutas, foram descobertas quatro camadas de cinzas de superfície e espessura relativamente grandes. Nelas, arqueólogos encontraram pedaços de osso e madeira queimados. Daí, entenderam que o Homem de Beijing já sabia usar o fogo para cozinhar suas caças e resistir ao frio. Naturalmente, ele usava apenas o fogo natural, mas sabia preservar a faísca.

Há cerca de 200 mil anos, o Homen de Beijing desapareceu. Não se sabe de onde ele veio ou aonde se foi.

Em 1933, por cima das ruínas do Homem de Beijing, foram descobertas as ruínas de Homem de Shandingdong. Os crânios completos e os pedaços de ossos pertencem pelo menos a 7 ou 8 indivíduos de ambos os sexos. Os restos estavam rodeados de pó vermelho de minerais ferrosos. Eruditos consideram que o Homem de Shandingdong realizava atos fúnebres de despedidas. Foram descobertas nas grutas agulhas de osso, pingentes de ossos perfurados e colares feitos de osso de peixe e pérolas de pedra. A análise revela que os ocupantes das grutas de Shandingdong sabiam fazer suas roupas com pele de animais ou enfeitarem-se. O Homem de Shandingdong viveu há 18 mil anos. Os resultados da pesquisa demonstram que ele não é descendente do Homem de Beijing.

Em 1987, as ruínas do Homem de Beijing em Zhoukoudian entraram na lista dos patrimônios culturais mundiais.