中国国际广播电台
Ao
anoitecer de um dia no ano
366, um monge chamado Le Zun
passou pelo monte Sanwei de
Dunhuang, na Província de
Gansu, no Noroeste da China.
De repente, teve uma visão:
milhares e milhares de luzes
iluminavam mil budas. Então,
ele ficou na localidade e
começou a abrir grutas com
todo o devoto no monte
Mingsha, situado defronte ao
monte Sanwei. Foi o início
da construção das grutas
Mogao e a história está
gravada numa estela erguida
quando da reconstrução das
grutas.
Dunhuang,
apesar de localizada em pleno
deserto, foi uma importante vila
na Rota da Seda e uma das
primeiras escalas para a
introdução do budismo à China.
Ela era visitada por
comerciantes, emissários e
monges procedentes da Ásia
Central, Ásia Ocidental e
Europa, com marcas das
diferentes culturas. A
prosperidade de Dunhuang era
como o seu nome: Dun, grandioso,
e Huang, período próspero, assim
registram as documentações
antigas.
Depois de Le
Zun, a abertura de grutas e a
produção de estátuas budistas
prolongaram-se por mais de mil
anos. No século 14, as
atividades decaíram e foram
finalmente abandonadas.
Existem hoje
mais de 700 grutas grandes ou
pequenas espalhadas num
precipício de mais de 1600
metros de comprimento e
divididas em cinco camadas. A
maior gruta tem 268 metros
quadrados e a mais alta, cerca
de 50 metros de altura. As 492
grutas gozam da fama do "acervo
da arte budista existente no
mundo" por abrigarem cerca de 45
mil metros quadrados de afrescos
e mais de 2400 estátuas
coloridas.
As dinastias
Sui (581 a 618) e Tang (618 a
907) são os apogeus no
desenvolvimento do budismo na
China e no desenvolvimento da
arte das grutas Mogao. Apesar do
curto período de existência de
38 anos, a dinastia Sui
construiu 101 novas grutas Mogao.
Isto representa o dobro do
número total das grutas abertas
nos 180 anos anteriores. Na
mesma dinastia, a religião e o
poder real se integravam
estreitamente, enquanto a arte
das grutas se diversificavam.
Mas, o seu auge aconteceu na
dinastia Tang, da qual restam
232 grutas, cerca de metade das
grutas atualmente existentes.
Durante mais
de mil anos, Dunhuang abrigava
muitas minorias étnicas e
representava um local de mescla
das culturas chinesas, indianas,
islâmicas e gregas. As
diferentes nações, culturas e
períodos deixaram aqui seus
vestígios.
Ricos em seus
enredos desde os contos
budistas, pinturas feitas de
base nas sutras, até as imagens
das divindades e desenhos
ornamentais, os afrescos são a
elite da arte das grutas Mogao,
sendo os da dinastia Sui mais da
metade dos existentes. Nas
grutas, o descascamento da tinta
revelou outro segredo: afrescos
feitos em diversos períodos se
sobrepõem até em quatro a cinco
camadas.
O motivo e o
estilo dos afrescos variam em
diferentes períodos. Antes da
dinastia Sui, destacavam-se os
contos budistas e as imagens dos
imortais tais como "Auto-cultivação"
e "Busca da perfeição". Depois
da dinastia Sui,
caracterizavam-se pelas pinturas
feitas de base nas sutras
budistas e pelas imagens de
budas, e as pinturas tais como
"Terra bem-aventurada"
mudaram-se do teto das grutas
para a parede frontal, ocupando
a posição de ouro. Em grutas
mais antigas, os budissatvas
eram apenas os adornos de budas,
mas apareceram na dinastia Sui
as imagens isoladas de
budissatva, o que representa o
início do processo chinesalizado
do budismo. Nos afrescos da
época, os trajes e os desenhos
tornaram-se esplêndidos com
sentimentos ternos e alegres e
de refinado estilo.
Dia 22 de
junho de 1900, o monge Wang
Yuanlu, quando limpava as
areias acumuladas nas
grutas, descobriu
casualmente uma pequena
gruta, onde se encontravam
mais de 50 mil sutras
religiosos, escrituras,
pinturas em seda, e objetos
religiosos. Nos livros do século
4 até os meados do século
11, a grande maioria era de
sutras budistas, além de
livros sobre a história, a
geografia, o calendário, a
astronomia, a medicina e os
hábitos e costumes
populares, coletâneas de
poesias, e livros de contas.
Trata-se das matérias
que raramente se registram
nas documentações antigas ou
tinham se perdido. Os livros
são escritos principalmente
em língua Han e há também as
literaturas em línguas das
minorias étnicas e em
línguas estrangeiras.
Quando,
porquê e quem teria colocado
essas relíquias culturais na
gruta? Quando se fechou a gruta?
A que período pertence os
afrescos na gruta? São enigmas a
decifrar. Existem mais grutas de
sutras em Mogao? Ninguém pode
dar uma resposta concreta a
respeito.
A notícia da
descoberta dos tesouros se
espalhou rapidamente por quatro
cantos do mundo, atraindo
aventureiros britânicos,
franceses, americanos, russos e
japoneses. Empregando meios
desonestos, muitos levaram estes
objetos da China.
A descoberta
da Gruta de Sutras atrai a
atenção do mundo. Dos estudos
sobre as documentações de
Dunhuang, derivou uma nova
disciplina de ciência: Ciência
de Dunhuang. Na fase inicial, os
estudos se concentravam
principalmente nas documentações
descobertas na Gruta de Sutras e
vem se ampliando para as
questões relacionadas com as
documentações da gruta, as
grutas de Dunhuang, a história e
a cultura de Dunhuang,
desenvolvendo-se numa ciência
com 11 disciplinas, tais como
história e geografia, a
arqueologia, a arte, a religião,
a literatura, as línguas, os
hábitos e costumes, a ciência e
tecnologia antigas, a literatura
documentais, a preservação das
grutas. Há mais de 80 anos, os
estudos sobre Dunhuang tornou-se
uma ciência importante em todo o
mundo. Trata-se de uma ciência
nova. Muitos estudos básicos
encontram-se ainda na fase
inicial.
Em 1987, as
grutas Mogao foram tombadas como
patrimônio cultural mundial.
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