中国国际广播电台
Quando você visita a casa de um
amigo chinês, a primeira coisa
que ele oferece é um copo
quentinho de chá, mesmo nos dias
de calor sufocante no verão.
Entretanto, com o processo de
reforma e abertura da China nas
últimas décadas, outras bebidas
como Coca-Cola e Fanta, também
são usadas para receber
visitantes em casa, sobretudo
entre os jovens. Mas, a maioria
das famílias continuam mantendo
o costume tradicional,
oferecendo chá.
É verdade que o chá está
estreitamente ligado com a vida
dos chineses. Nos tempos
remotos, nossos antepassados já
conheciam os efeitos medicinais
do chá para o homem e desde
cerca de 4 mil anos atrás, o chá
começou a tornar-se uma bebida
do dia a dia da população. Nas
dinastias Qin e Han, no início
de nossa era, o cultivo e o
processamento do chá obteve
grande desenvolvimento e desde o
primeiro século, tomar chá virou
um hábito popular até hoje.
Temos um ditado que diz: “Ao
abrir a porta, encontra-se sete
coisas: lenha, arroz, óleo, sal,
molho, vinagre e chá.” Dai vemos
que o chá é uma das sete coisas
indispensáveis na vida diária de
uma família chinesa.
Os portugueses, brasileiros ou
africanos de expressão
portuguesa, ao encontrar um
amigo na rua, assim o convidam:
“Quer tomar café lá em casa?”
Mas, aqui na China, agente diz:
Quer tomar chá lá em casa?
A expressão CHA YU FAN HOU, ou
seja, depois do chá e da
refeição, quer dizer “nas horas
livres”. Quando dizemos “o
escândalo é o tema principal nas
conversas do povo depois do chá
e da refeição”, é uma maneira de
dizer que o chá é tão importante
como as refeições diárias.
O chá tem uma história milenar
na China. Já durante a dinastia
Tang, o monge Lu Yu, que viveu
entre 733 e 804 de nossa era,
escreveu a obra CHA JING (Livro
do Chá) dividido em três
volumes. Ali ele expõe o
carácter, a forma e a qualidade
do chá, sua colheita e o
processo de elaboração, o método
de preparação da bebida, assim
como os utensílios para bebê-lo.
Trata-se da primeira monografia
sobre o chá no mundo, pelo que
saiba.
Depois da obra de Lu Yu,
apareceram na China mais de uma
centena de livros exclusivamente
dedicados ao chá.
Segundo o tratado assinado em
1903, os Estados Unidos abririam
o Canal do Panamá em 1914,
ligando o Pacífico ao Atlântico.
Para festejar a abertura desse
importante canal de navegação,
aconteceu, em 1915, na cidade do
Panamá, uma feira internacional
sem precedentes na história.
Quatro tipos de chá enviados
pela China foram premiados com
medalhas de ouro de primeira
categoria, de forma que o chá
chinês tornou-se famoso em todo
o mundo.
Um desses premiados era o Chá
Verde do Macaco. Não é um nome
esquisito? Vem de uma história
interessante. O chá verde do
macaco produzia-se, aliás,
produz-se também agora, na
Montanha Fénix, rodeada por três
aldeias, na Província de Anhui,
Leste da China. A montanha é tão
íngreme que nenhum homem
conseguia subir e só se via
macacos divertindo-se lá em
cima. Os aldeões sentiam um
aroma encantador que chegavam
com o vento, mas não sabiam o
que era. Com o tempo, eles
perceberam o cheiro das plantas
de chá que cresciam no topo da
montanha. Então, os aldeões mais
inteligentes passaram a treinar
os macacos, ensinando-lhes a
colher chá. Na primavera,
estação propícia à colheita, os
macacos adestrados, com cestos
ou bolsas, subiam com ligeireza
à montanha, e voltavam às
aldeias com cestos ou bolsas
cheias de folhas tenras de chá
com um aroma formidável. Eis a
origem do nome esquisito “chá
verde do macaco”.
O chá faz parte das 7 coisas
importantes da vida na China.
Mas, algumas vezes, a falta de
chá em casa causa situação de
dilema:
Certo dia, um casal recebeu em
casa a visita de um amigo, mas o
chá havia acabado. A dona de
casa mandou o seu menino pedir
um pouco de chá ao vizinho. O
menino saiu, mas passado
bastante tempo, não voltou. A
água na panela começou a ferver.
Queira saber, ouvinte?
Antigamente, usava-se um tipo de
panela grande de ferro no forno
com lenha. A dona colocou mais
água fria na panela e continuava
colocando lenha no forno. Mais
tempo passou e o menino, nem
sombra. Sem remédio, a dona
colocou mais água fria na panela
e mais lenha no forno. Meia hora
passada, a panela estava cheia e
não apareceu nem o menino nem o
chá. Então, a mulher disse ao
marido: Nosso amigo não é pessoa
estranha. Seria melhor
convidar-lo a tomar um banho?”
O chá desempenha importante
papel na sociedade chinesa com
profundas raízes nas diversas
camadas sociais e na cultura do
povo.
O imperador Qian Long, da
dinastia Qing (1644–1911),
batizou um tipo de chá como o
“Poço do Dragão”, e o determinou
como o chá de uso exclusivo da
Corte. Até hoje, continua sendo
o melhor chá verde na China.
Outro, também verde, Bi Luo Chun,
foi batizado pelo imperador
Kangxi. Nas diversas dinastias
chinesas, havia os de uso
exclusivo da corte, proibindo os
mandarins e o povo de usá-los.
Aqui, ele possuía o ar de
nobreza.
Os intelectuais da antigüidade
chinesa gostavam de chá, pois,
tomando-o, compunham ou cantavam
poemas, comentavam as diversas
escolas literárias ou
filosóficas. Aqui o chá exalta a
tranqüilidade e a elegância no
espírito dos literatos,
afastados do dia a dia do mundo
temporal.
Tomar chá foi ainda um costume
da cerimônia de noivado e na
mediação de litígios entre
vizinhos. E hoje em dia, tomar
chá faz parte da
confraternização durante as
principais festas tradicionais
na China. Na história, o chá
chegou a ser usado como moeda em
determinados períodos e
determinadas regiões. Desde o
início da dinastia Tang, o
governo abria mercados nas
fronteiras, trocando cavalos de
outros reinos por chá, eis
porque era conhecidos como
“feiras de chá e de cavalo” nos
registros históricos.
Por vias terrestres e marítimas,
o chá chinês foi exportado para
outros países, inicialmente para
o Japão e a Coréia, em seguida
para a Índia e os países da Ásia
Central. Nas últimas dinastias
Ming e Qing, o chá chinês chegou
à Península Arábica e, no século
XVII, entrou na Europa onde deu
origem ao hábito de tomar chá
entre os nobres do Velho
Continente. Pelo seu valor
comercial, o chá era a moeda de
ligação, contribuindo para o
intercâmbio entre a China e
outros países.
Há uma história interessante. O
poeta Su Shi, famoso na história
da literatura, que viveu entre
os anos 1037 e 1101, gostava de
visitar templos e montanhas
pitorescas. Gozava de
elevadíssimo prestígio entre os
literatos. Quando era governador
de uma região, ele foi visitar
um templo cujo monge-mor só lhe
disse: “Sente-se” e voltou-se
para o criado: “Chá.” Com um
pouco tempo de conversa, o
monge-mor percebeu a elegância
da linguagem do visitante, então
lhe disse: “Por favor,
sente-se.” E voltou-se para o
criado: “Ofereça chá.” Tendo
perguntado o nome do visitante,
o monge soube tratar-se do tão
famoso poeta e, com um sorriso
bajulador, disse-lhe com todo o
respeito: “Por favor, sente-se
aqui, na cadeira de honra.” E
voltou-se novamente para o
criado: “Ofereça chá perfumado.”
Quando o monge pediu uma obra
caligráfica ao famoso poeta e
governador, este, sem hesitação,
pegou o pincel e deixou estes
caracteres:
“Sente-se, por favor sente-se,
por favor sente-se na cadeira de
honra;
Chá, ofereça chá, ofereça chá
perfumado.”
O monge-mor ficou vermelho de
vergonha.
Esta história ficou muito
popular e continua sendo usada
até hoje, para satirizar o
esnobismo de certas pessoas.
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