中国国际广播电台
Conta-se
que no oeste da China, muito
muito longe, na cordilheira
Kunlun, vivia a reina Mãe do
Oeste, em cujo palácio,
havia uma fonte, cujas águas
formavam um tanque de jade.
Ao redor do lago, cresciam
plantas preciosas,
desabrochavam flores
encantadoras, viviam animais
raros, e voavam pássaros
maravilhosos. Era ali que se
produzia o precioso elixir
da imortalidade, um licor
feito de suco de pêssegos e
cujas árvores eram irrigadas
pelas águas do tanque de
jade. Os pessegueiros
floresciam a cada três mil
anos, e davam frutos ao cabo
de outros três mil. Viviam
nesse palácio como serviçais
três aves fantásticas,
inclusive o pássaro de nove
cabeças vermelhas, olhos
pretos e plumas verdes como
esmeralda, e o pássaro de
três pés que sobrevoava dia
e noite o palácio, vigiando
o precioso elixir, e também
as três cavernas onde
estavam encarcerados os
monstros, causadores de
enfermidades e epidemias.
Certo dia, o pássaro de três
pés sobrevoava uma dessas
cavernas, quando ouviu
gemidos de dor e desespero.
Movido pela curiosidade,
olhou através das fendas da
porta. Os monstros começaram
a suplicar-lhe:
“Abra um pouco a porta para que
o ar penetre. Estamos quase
sufocados. Todos sabemos que
você é bonzinho”.
“Impossível. Vocês aproveitariam
para escapar”, disse o pássaro.
“Não se preocupe, o que queremos
é apenas respirar um pouco de ar
fresco, por favor”. E davam
intencionalmente tristes
gemidos.
Abalado, o bondoso pássaro
voltou ao palácio e roubou a
chave que pesava vários quilos.
Mal entreabriu a porta, os
monstros forçaram a saída
apressadamente e desapareeram
num abrir e fechar de olhos.
Então iniciaram as enfermidades
e epidemias, que desde então
afetavam a humanidade.
Naquele tempo, vivia na terra um
homem inteligente e laborioso,
que trabalhava de todo o coração
para o bem do povo. Como os
seres humanos viviam
principalmente da caça, da pesca
e do apanho, esse homem resolveu
tentar o cultivo de plantas.
Seus cultivos cresceram bem e
deram boas colheitas garantindo
o sustento dos seres humanos,
durante quatro estações do ano.
O povo passou a chamá-lo com
todo o respeito, de Shen Nong,
que significa exatamente o Deus
da Agricultura. Vendo que os
seres humanos eram afetados
pelas enfermidades, Shen Nong
pôs-se a meditar: “Se eu pudesse
encontrar alguma planta para
aliviar a dor da humanidade?”
Mas há tantas plantas na terra,
como se sabe quais são as
propriedades curativas e para
que doente servem? Para salvar a
vida dos seres humanos, Shen
Nong começou a aprovar uma por
uma todas as plantas. Havia
muitas variedades delas: ácida,
doces, amargas, picantes,
quentes, refrescantes. Algumas
fortificavam, outras
entorpeciam, outras eliminavam
inchaços ou acalmavam dores.
Neste trabalho de investigar e
anotar as observações,
envenenou-se umas setenta vezes.
Seu espírito de alto sacrifício
comoveu Yuhuang, o Imperador de
Jade, o soberano do Céu, que o
presenteou com um chicote divino
com poderes mágicos. Com o
chicote, Shen Nong podia
conhecer de imediato as
propriedades de cada planta,
pois a cada reação, ele adquiria
uma cor diferente. Quando ficava
vermelho, a planta era curativa
e quando ficava preto, era uma
erva venenosa.
O cultiva das plantas e a
descoberta das ervas medicinais
foram os dois acontecimentos na
história da humanidade. Na
China, antes da introdução da
medicina ocidental, o que se deu
na década de 40 do século 19, a
medicina tradicional era o único
método de combate às doenças. As
plantas medicinais desempenharam
e continuam desempenhando grande
papel na prevenção e cura de
doenças. Não é de estranhar que
o povo chinês tenha criado esta
lenda, expressando seu grande
respeito por Shen Nong como o
pai da medicina tradicional
chinesa.
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