中国国际广播电台
Havia já três
anos que o rei Wei ocupava o
trono do reino de Qi, um dos
sete reinos combatentes. A sua
vida resumia-se a baber e a
divertir-se no seu palácio,
deixando todos os assuntos
importantes para os ministros
resolverem. A administração era
péssima, e o seu reino foi sendo
sucessivamente derrotado pelos
vários reinos vizinhos, ficando
à beira da ruína.
Os ministros e os generais
andavam todos extremamente
preocupados, mas ninguém se
atrevia a chamar à atenção o
rei.
Mas o ministro Chunyu Kun, que
era um homem muito espirituoso,
tendo reflectido sobre as razões
que levavam a que ninguém se
decidisse a chamar o rei à
razão, encontrou uma forma
airosa de tocar num assunto que
todos evitavam por ser tão
melindroso. Assim, dirigu-se à
sala do trono, e falou ao rei da
seguinte forma:
-- Há um enigma que nem eu nem
os meus amigos conseguimos
decifrar. Quer Vossa Majestade
tentar?
O rei Wei aceitou o
repto, e Chunyu Kun continuou:
-- Diz-se que o nosso
reino dispõe de um enorme
pássaro que, tendo o ninho no
palácio real, não voa nem canta
há três anos. Saberá Vossa
Majestade que pássaro é esse?
O rei percebeu a quem é
que Chunyu Kun se referia, e
respondeu-lhe com um sorriso:
-- Quando não voa, este
pássaro não se move; mas quando
voar atingirá os céus. Se não
canta, este pássaro fica mundo;
mas se cantar comoverá o mundo
inteiro.
A partir daí, o rei Wei
começou a proceder à reforma da
administração. Chamou à sua
presença todos os funcionários
com altas funções em cada um dos
distritos do reino, para avaliar
o seu desempenho, promovendo os
que faziam um bom trabalho e
mandando matar os que eram
corruptos. Em seguida, reforçou
os treinos a quem eram sugeitas
as forças militares e passou a
comandá-las pessoalmente,
conseguindo, assim, rechaçar a
invasão tentada por um dos
reinos vizinhos.
Desta forma, aquele que
fora o fraco reino de Qi passou
a trilhar a senda da
prosperidade.
Posteriormente, os
chineses transformaram as
palavras do rei Wei no provérbio
Quando canta, comove o mundo
inteiro, que se emprega para
descrever um homem obscuro que,
de repente, faz proezas
espectaculares.
|