Montanha Lushan 
中国国际广播电台


Entre todos os sítios chineses tombados como patrimônio mundial, a montanha Lushan tem um status especial: sítio de paisagem cultural mundial.

Localizada no norte da província do Jiangxi e à margem sul do curso médio do rio Yangtsé, a área da montanha Lushan tem uma área total de 302 quilômetros quadrados. Enquanto as cidades não muito longes da montanha são assoladas pelo calor no verão e são chamadas de "fornos", a montanha Lushan é um oásis.

Para conhecer a montanha Lushan, uma pessoa precisa ter algum preparo cultural. Em 1928, Hu Shi (1891 - 1962), erudito chinês, escreveu em seu relato de viagens Uma Excursão a Lushan: Três sítios históricos na montanha representam três tendências. O Templo do Bosque Leste representa a tendência geral do budismo e da achinesamento do budismo; a Caverna do Veado Branco representa a tendência da escola Song do confucionismo, ou neo-confucionismo nos últimos 700 anos e o Monte Guling simboliza a invasão da cultura ocidental na China.

O Templo do Bosque Leste se situa na ala noroeste da montanha Lushan. Em 381, o monge eminente Huiyuan passou pela montanha e morava nela por alguns dias a convite de um amigo budista. A oportunidade mudou a história da montanha. Registros históricos dizem que Huiyuan decidiu ficar aqui e cancelou seu plano de viagem ao sul, achando que a montanha era uma localidade sossegada e ideal para a cultivação mental. Em 386, o governador local mandou construir um templo para Huiyuan e escolheu a área leste ao Templo do Bosque Oeste, por esta razão, o novo templo foi batizado de Templo do Bosque Leste.

Na época de Huiyuan, faziam uns 300 anos desde a introdução do budismo à China, mas as sutras budistas eram traduzidas e lecionadas apenas de rotina e o budismo se limitava somente para o círculo intelectual e a classe superior. A ciência misteriosa, uma escola metafísica que tinha alguns semelhantes com o budismo, estava muito difundida entre a população. Acontece que o monge Huiyuan tinha uma boa formação da filosofia budista, da ciência misteriosa e do confucionismo e integrava as idéias destas últimas com as idéias do budismo, ao dar aulas sobre sutras budistas. Como um resultado, pessoas que tinham estado confusas sobre o budismo começaram a entendê-lo. Mais e mais pessoas chegaram ao templo e gradualmente as idéias do budismo se divulgavam em todo o país junto com a reputação do monge Huiyuan.

Além de traduzir sutras, dar aulas e escrever livros sobre o budismo durante os 36 anos na montanha Lushan, Huiyuan, com seus conhecimentos, sua sabedoria e coração grande, reuniu à sua volta um grupo de monges e eruditos eminentes. Eles criaram a seita da Terra Pura do budismo. Através da sua doutrina, um praticante podia renascer no "paraiso ocidental" após a sua morte, desde que recitar o nome do buda, levar o "paraíso ocidental" na mente e livrar-se de todas as ânsias humanas. Como esta disciplina budista é simples a praticar, a seita da Terra Pura começou a se divulgar amplamente em todas as camadas sociais. Desde o monge Huiyuan, a montanha Lushan tornou-se o sítio sagrado mais importante do budismo no sul da China.

A montanha Lushan é ainda uma localidade santa do taoísmo, religião indígena da China.

O monge taoísta chamado Lu Jingxiu tinha visitado muitas famosas montanhas antes de chegar à montanha Lushan no ano 461 e decidiu ficar aqui. Construiu um templo taoísta na montanha. As cataratas, pinheiros e bosques de bambu fizeram um ambiente muito bonito e tranqüilo para monges taoístas praticarem sua religião. Lu morava na montanha Lushan por sete anos, em que escreveu sobre o taoismo, reorganizou as hierarquias taoístas e estabeleceu a seita do Céu do Sul do taoismo. Lu Jingxiu foi canonizado como mestre Jianji, literalmente como mestre da simplicidade e tranqüilidade. O templo por ele construído é chamado assim Templo de Jianji.

No ano 405, um homem que não queria viver aos gostos vulgares do mundo secular chegou ao sopé da montanha Lushan. Ele disse em um dos mais famosos poemas seus, que o pássaro na gaiola sempre almejava a vida na floresta em que tinha morado. Ele renunciou ao posto oficial para levar uma vida bebendo, escrevendo poemas e fazendo trabalhos agrícolas no seu campo. Morreu doente e pobre, mas nunca se arrependeu pela opção. Foi Tao Yuanming, um dos maiores poetas na antigüidade chinesa. A integridade moral do poeta tem sido admirada por intelectuais das gerações posteriores. Tao Yuanming nasceu em Lushan. Depois de ele morrer, muitos eruditos vieram levar uma vida ermitã como Tao Yuanming.

A montanha Lushan é uma localidade de tranqüilidade e ainda um sítio para as introspecções.

No vale do Pico Wulaofeng, encontra-se a Academia da Caverna do Veado Branco, uma das mais antigas e famosas instituições de ensino da antigüidade chinesa. Foi Zhu Xi, um dos maiores eruditos do confucionismo na dinastia Song (960 - 1279), quem contribuiu muito para a fundação da Academia.

Zhu Xi sintetizou as filosofias da escola confuciana da dinastia Song e levou o confucionismo para uma nova fase. Até 1905, suas interpretações sobre os clássicos do confucionismo eram os livros manuais compulsórios para os intelectuais que queriam entrar na carreira de funcionários estatais através dos exames imperiais. Zhu Xi se dedicava ao ensino por mais de 50 anos quando as academias de ensino eram prósperas. Quando ele chegou em Lushan em 1179 para assumir um cargo oficial, a Academia da Caverna do Veado Branco já tinha se arruinado. Ele reconstruiu a academia, comprou terrenos para que os eruditos fizessem trabalhos agrícolas nas horas de folga, compilou os manuais, determinou os currículos escolares e convidou famosos eruditos para lecionar. Recolheu ainda grande quantidade de livros clássicos fundando uma biblioteca. Como resultado de seus esforços, muitos eruditos chegaram de todo o país e a Academia tornou-se famosa como a melhor no país. Os objetivos, os requerimentos, os conteúdos e a metodologia de ensino estabelecidos por Zhu Xi na Academia eram seguidos por eruditos das gerações posteriores. A Academia passou depois por seus períodos de prosperidade e de declínio durante centenas de anos até os meados do século 19 quando foi abandonada.

O período entre o século 4 e o século 13 foi marcado pela prosperidade da montanha Lushan quando existiam aqui mais de 500 templos budistas e taoístas. Mesmo no período menos próspero, havia até uns 300 templos. Diferente a outras montanhas famosas, a montanha Lushan tinha um ambiente acadêmico e cultural. Com a fundação da Academia da Caverna do Veado Branco, ela tornou-se a montanha dos intelectuais da China.

Eruditos ou literatos chineses escreveram sempre sobre as montanhas e os rios para exalar seus sentimentos e muitos deles faziam amizade com monges quando sofriam frustrações na sua carreira política. A montanha Lushan era seu asilo sagrado favorito. O poeta da dinastia Tang, Li Bai, gostava muito do taoísmo. Outro poeta da dinastia Tang, Bai Juyi, adorava o temperamento nobre do poeta Tao Yuanming. Li Bai e Bai Juyi tiveram planos de construir suas casas cobertas de colmo para levar uma vida ermitã na montanha Lushan e isso aconteceu também com Zhu Xi, quem costumava agir de maneira mais prática.

Poetas chineses escreveram muito sobre várias montanhas. De todos os poemas, só aqueles sobre a montanha Lushan são famosos. O poeta Su Shi da dinastia Song escreveu um poema no muro do Templo do Bosque Oeste dizendo:

Vista horizontalmente, ela é uma cordilheira; e verticalmente, um pico.

E as alturas são completamente diferentes ao longe ou ao perto.

Não posso reconhecer seu verdadeiro rosto, porque

Eu é que estou na montanha.

Depois de sua excursão ao Templo do Grande Bosque, o poeta Bai Juyi da dinastia Tang escreveu:

Por quatro meses no mundo

As flores murcharam já.

Mas no templo montanhoso os rebentos de pessegueiros

Apenas começam a desabrochar;

Lamentei a perda da primavera,

E não pude encontrá-la em qualquer lugar.

Ignorante, encontrei-a aqui.

Hoje em dia, vêem-se ainda o Templo do Bosque Leste e a Academia da Caverna do Veado Branco, mas do Templo do Jianji restam apenas as ruínas. No entanto, há muitas mansões no Monte Guling. Em fins do século 19, missionários estrangeiros começaram a construir suas mansões aqui. Estima-se que há mais de 600 mansões de estilos de 18 países. Igrejas católicas e cristãs, capelas ortodoxas e mesquitas islâmicas juntam-se com as mansões.

O Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO disse em 1996: os templos budistas e taoístas assim como a Academia da Caverna do Veado Branco que representa a filosofia idealista do confucionismo, se combinam de maneira singular com a paisagem extremamente pitoresca. A paisagem é do valor estético mais alto e bem integrada com o espírito da nação chinesa e sua vida cultural.