Norte

 

A região norte da China abrange as cinco províncias de Hebei, Shandong, Henan, Shanxi e Shaanxi e os dois municípios centrais Beijing e Tianjin. Toda a região situa-se nos cursos médio e inferior do rio Amarelo com o planalto de  Loess no Oeste e as planícies Norte no Leste. O rio Amarelo, berço da cultura e símbolo da civilização chinesa, ocupa uma posição importante nesta região.

 

Longa história, antiga tradição cultural

A região norte da China é um dos importantes berços da nação chinesa. O Homem de Beijing, que viveu cerca de 500 a 600 mil anos atrás em Zhoukoudian, nos arredores de Beijing, e o Homem de Lantian de Shaanxi que vivia 800 mil anos atrás, são ancestrais da nação chinesa. Já no período neolítico, cerca de 5 a 6 mil anos atrás, os vestígios de seres humanos espalhava-se em toda a região norte da China. Segundo os estudos sobre objetos desenterrados nas escavações arqueológicas, a população daquele tempo cultivava já a agricultura primitiva e tinha a criação de gados domésticos. A relíquia de Banpo, nos arredores de Xi´an, província de Shaanxi, é um dos típicos representantes da cultura neolítica. O túmulo do imperador Amarelo, fundador lendário da nação chinesa, encontra-se no monte Qiaoshan do distrito de Huangling, província de Shaanxi; Os vestígios das atividades dos três imperadores Yao, Shun e Yu, sucessores do imperador Amarelo, são encontrados no curso inferior do rio Fenhe. Xia (do século 22 a.C. ao século 17 a.C.) e Shang (do século 17 a.C. ao século 11 a.C.), os dois estados de sistema escravista mais antigo da China, tinham atividades principalmente nesta região. A relíquia de Yin em Anyang, província de Henan, foi a capital inequívoca no período tardio da dinastia Shang. No período, a China já estava na sociedade escravista madura com a indústria de fundição de bronze desenvolvida. Através das escritas gravadas nas carapaças e ossos de animais, a escritura da língua Han, com mais de três mil anos de história, tinha naquele período sua forma embrionária. Tendo como base a planície da bacia do rio Weihe, que corre na província de Shaanxi no noroeste, o imperador Qinshihuang fundou a dinastia Qin unificada (de 221 a.C. a 206 a.C.). Os dois apogeus da sociedade feudal da China: a dinastia Han (de 206 a.C. a 220 d.C.) e a dinastia Tang (de 618 a 907) tinham sua capital na cidade de Chang´an (atual Xi´an) deixando inúmeras relíquias históricas. Durante longos períodos posteriores, as planícies do norte da China é uma das religiões mais desenvolvidas economicamente e o centro político do país. Entre as sete mais famosas capitais antigas da China, cinco, nomeadamente Xi´an, Beijing,  Anyang, Luoyang e Kaifeng, estas últimas três na província de Henan, estão na região,   entre as quais Xi´an, famosa pelas relíquias históricas, é uma cidade turística logo depois de Beijing, capital chinesa. Nos pavilhões No. 1 e No.2, que se situam nas periferias de Xi´an, está exibido um exército de guerreiros de terracota da dinastia Qin desenterrado e ordenado, é considerado a “oitava maravilha do mundo”.

A cultura chinesa tem longa tradição, contando com duas importantes origens: o confucionismo representado por Confúcio e o taoísmo representado por Lao Zi. Confúcio(de 551 a.C. a 479 a.C.), fundador do confucionismo, chama-se em chinês Kong Qiu, aliás, Zhongni, foi um grande pensador, político e educador que vivia no final do período da Primavera e Outono. Dizem que ele tinha três mil discípulos, uns 70 dos quais eram famosos. Os livros Lun Yu (Analetas de Confúcio), Zhongyong (Justo Meio), Da Xue (Grande Aprendizagem) e Meng Zi (Mêncio) são os clássicos confucianos compilados por seus discípulos. Confúcio e Mêncio tinham suas principais atividades nas regiões de Zouxian, Qufu, província de Shandong. A doutrina por eles fundada é chamada de “Doutrina de Confúcio e Mêncio” e adotada como a ideologia predominante da cultura tradicional chinesa pelos governadores em diversas dinastias e exerce profundas influências tanto para a cultura chinesa como para a cultura oriental, razão pela qual Confúcio é denominado como um dos “dez maiores pensadores na antiguidade em todo o mundo”. Lao Zi foi também um pensador do período da Primavera e Outono e fundador do taoísmo. Dizem que ele tem o sobrenome Li e seu próprio nome é Er, aliás, Dan, por isso, é chamado também de Lao Dan. Foi funcionário encarregado da administração de livros na dinastia Zhou e depois, abandonou o cargo para viver em retiro. O mais importante livro filosófico de Lao Zi foi o seu Dao De Jing (Tao Te Ching, Livro do Caminho Perfeito). Confúcio e Lao Zi são naturais da região norte da China e as doutrinas por eles criadas exerceram influências sobre a cultura chinesa durante mais de dois anos e têm certo significado prático até hoje em dia.

Hoje, Qufu reserva o Templo de Confúcio, o Cemitério dos Kong e um conjunto de residências dos Kong. No sul da capital distrital de Zouxian, o Templo de Mêncio, as residências e o Cemitério dos Meng, apesar de não serem tão grandiosos como os dos Kong, têm a sua distribuição igual aos dos Kong.

Não muito longe da terra natal de Confúcio e Mêncio, situa-se a montanha Tai. Nas planícies norte da China, a montanha Tai é considerada pelos chineses da antiguidade como a mais importante entre as cinco montanhas, nomeadamente a montanha Huashan no oeste, a montanha Hengshan no norte, a montanha Hengshan no sul e a montanha Songshan no meio. Com exceção da montanha Hengshan no sul, todas as outras montanhas encontram-se no norte da China. O pico de Yuhuangding da montanha Tai situa-se a 1545 metros acima do nível do mar e o Templo Dai ao sopé da montanha é um dos maiores conjuntos da arquitetura antiga da China, onde estão reservadas numerosas lápides com inscrições antigas. Nos penhascos ao longo do caminho para o pico, encontram-se muitas inscrições e afrescos de valor cultural.

 

Planalto de loess

Quanto à topografia, a região norte pode se dividir em duas partes: planícies e planalto de Loess.

O planalto de loess no oeste e as planícies norte no leste têm ao meio umas cadeias de montanhas e formam o segundo e o primeiro das três patamares no território chinês. O loess acumulado no planalto denominado com a mesma substância contribuiu para a formação das planícies norte, a que os rios, principalmente o rio Amarelo, serviam de correias de transmissão de terras amarelas, por isso, pode-se dizer que sem o planalto de loess, não existiriam as planícies norte de hoje.

Coberta de uma camada maciça de loess, o planalto de loess chinês, o único no mundo, possui uma superfície de mais de 300 mil quilômetros quadrados e sua camada de loess tem em alguns lugares 100 até 200 metros. No planalto, a terra mostra-se amarela escura e solta. A corrosão de chuva e vento contribuiu para a sua configuração singular. Existem muitas polêmicas quanto à formação de loess. A opinião mais comum considera que a acumulação das terras amarelas transportadas dos desertos da Ásia Central pelo vento oeste, nos tempos remotos, à região, é o motivo da formação do planalto de loess. E todo o processo da formação levava pelo menos centenas de milhares de anos, segundo especialistas.

O ambiente primitivo do planalto de loess era as florestas e estepes. Devido às atividades humanas, incluindo pecuária e agricultura durante os milênios, as estepes e florestas primitivas foram destruídas enquanto a corrosão provocada pelo vento e pela chuva esculpiu inúmeros sulcos grandes e pequenos nessa terra.

Possuindo ricos recursos de cálcio de ácido carbônico, as terras amarelas são duras quando secas e tornam-se moles e lodosas logo após ser molhadas pela chuva e são levadas pela água, o que representa o motivo fundamental da erosão de terra e água do planalto, região que mais enfrenta a questão em todo o país, e por esse motivo, os rios que passam pela região carregam a maior densidade de areia e lodo em todo o mundo. O rio Amarelo transporta, em média anual, 1,6 bilhão de toneladas de areias ao curso inferior.

No planalto de loess correm muitos rios, principalmente o curso principal do rio Amarelo e suas afluentes, nomeadamente os rios Weihe, Jinghe, Fenhe, Suhe, Yanhe, etc. Os vales destes rios, por exemplo, dos vales dos rios Fenhe e Weihe, possuem boas condições para a construção das obras hidráulicas e são produtores de trigo e algodão, sendo assim as regiões mais ricas no planalto de loess.

 

 

 

 

Controle e aproveitamento do rio Amarelo

O rio Amarelo é o segundo maior rio chinês com 5460 quilômetros de extensão. Ele parte de seus mananciais na bacia de Yueguzonglie na ala norte das montanhas Bayanhar da província de Qinghai, corta todo o norte em direção leste-oeste, passando as províncias de Qinghai, Sichuan, Gansu, Shanxi, Shaanxi, Henan e Shandong, as regiões autônomas de Ningxia e de Mongólia Interior e o município de Chongqing, e deságua no mar no distrito de Kenli, província de Shandong. A bacia do rio tem uma superfície de 752,4 mil quilômetros quadrados onde se forma um sistema hidrográfico composto por suas ramificações tais como os rios de Huangshui, Zhaohe, Jinghe, Weihe, Luohe, Fenhe, Yihe, Qinhe etc, com o volume anual de 48 bilhões de metros cúbicos. A configuração na bacia do rio Amarelo varia-se de vastas planícies a pastagens naturais e montanhas, ricas em recursos naturais. Ao longo da bacia e nas suas periferias no curso inferior, há mais de 20 milhões de hectares de terras cultivadas e uma população de 110 milhões.

Costuma-se dividir o rio Amarelo em cursos superior, médio e inferior, respectivamente entre os mananciais e Togtoh da Mongólia Interior, entre Togtoh e Mengjin da província de Henan e entre Mengjin e o mar. O curso superior situa-se no planalto Qinghai-Tibet com o volume estável de água e pouca areia. No curso médio, que percorre no planalto de loess, o rio começou a carregar grande quantidade de terras amarelas e areias, motivo pelo qual o rio é chamado do rio Amarelo, e em cada metro cúbico das águas do rio tem até 37,6 quilos de areia.

Depois de entrar nas planícies norte, as correntes da água do rio tornam-se desaceleradas, o que faz com que as areias transportadas pela água fiquem depositadas no leito, elevando dia a dia o fundo do rio, até transformem o curso inferior um “rio suspenso”. Segundo cálculos, o leito do rio Amarelo no seu curso inferior se eleva a ritmo de 10 cm ao ano. Quando o sedimento ultrapassa as margens, as inundações e a mudança do curso são inevitáveis. Segundo registros históricos, há 2500 anos, houve mais de 1500 inundações do rio e as grandes mudanças do curso, 26. As influências atingiram Tianjin no norte e Huaihe no sul. Pode-se encontrar vestígios deixados pela mudança do curso em qualquer parte das planícies norte da China. As inundações e a mudança do curso causaram profundos sofrimentos à população. Os registros históricos descrevem que “vêem-se cadáveres por onde as inundações passaram” e “vêem-se pessoas famintas em vastas regiões”. Estes registros representam um panorama verdadeiro deixado pelas calamidades, por isso, o rio Amarelo é chamado também a “amargura da China”.

Depois da fundação da República Popular da China em 1949, o rio Amarelo entrou num novo período histórico. A estabilidade estatal e o desenvolvimento econômico possibilitaram o ordenamento e a prevenção das inundações do rio. O governo chinês investiu pesado para consolidar os diques ao longo do rio e determinou as zonas baixas como áreas de acumulação e áreas de fuga das enchentes. No curso médio, persiste-se há anos nos trabalhos de manutenção de terras e água, obtendo notáveis resultados. Nas regiões do curso médio e superior, com condições, construíram-se grandes obras hidráulicas que desempenham hoje em dia importante papel para a regulação e acumulação das inundações no curso inferior, para a produção de eletricidades e o abastecimento humano e industrial. Graças aos esforços, não ocorreram grande ruptura nem mudança do curso após o ano de 1949 apesar da incidência de grandes enchentes.

A exploração dos recursos hídricos no rio Amarelo atrai a atenção mundial. Os cursos médio e superior com mais de 4600 quilômetros de extensão, especialmente o trecho que se estende por 1000 quilômetros entre Qinglongxia na Região Autônoma da Nacionalidade Hui de Ningxia e Longyangxia da província de Qinghai, têm abundantes recursos hídricos e o seu volume hídrico ocupa mais de um terço do volume permanente anual no rio. Possuindo uma queda de cerca de 1300 metros, ele conta com os recursos de 13 milhões de quilovates, ocupando mais da metade dos recursos hídricos totais do rio, pelo que constitui a parte ideal para a exploração à escala de degraus.

A área entre Lanzhou e Longyangxia, com 335 quilômetros, tem os recursos hídricos intensivos. As represas das usinas hidrelétricas de Longyangxia e Liujiaxia medem mais de 100 metros com a reserva respectivamente de 26,8 bilhões e 5,7 bilhões de metros cúbicos de água, além das centrais elétricas de Bapanxia e Yanguoxia no mesmo curso com a capacidade instalada de 3,1 milhões de quilovates.

Desde a cidade de Lanzhou para o curso inferior distribuem-se as grandes obras hidráulicas tais como Qingtongxia, Sanshenggong, Tianqiao e Sanmenxia, entre as quais o projeto de Sanmenxia que se situa perto da cidade do mesmo nome é o primeiro construído no curso principal do rio Amarelo iniciado em 1957 para controlar as inundações nos curso superior e médio e livrar o curso inferior das preocupações. No entanto, devido ao insuficiente cálculo sobre o problema de areias do rio, surgiu grave sedimentação no reservatório, situação esta conduzindo a várias transformações para que todo o conjunto das obras hidráulicas de Sanmenxia desempenhe funções para a produção de eletricidade, ao mesmo tempo da limpeza das areias, garantindo desta maneira o aproveitamento duradouro do reservatório. O sucesso das obras de transformação em Sanmenxia vem proporcionando valiosas experiências para a construção das obras hidráulicas nos rios com grande densidade de areia.

Com o fim de ordenar melhor o rio Amarelo, iniciou-se em 1994 a construção do reservatório de Xiaolangdi, província de Henan, com a capacidade para a acumulação superior a 5 bilhões de metros cúbicos. Com a conclusão das obras, este, junto com o reservatório de Sanmenxia, fortalece aos cursos médio e inferior a defesa da contra as maiores inundações durante 60 anos para a contra as maiores durante mil anos e proporciona boas condições para o ordenamento do leito no curso inferior e para a proteção das terras e água no planalto de loess.

 

Maior base energética da China

A região norte da China é a maior base energética do país, devido a seus abundantes recursos de carvão, petróleo e gás natural. O planalto de loess produz carvão. Quase todos os distritos da província de Shanxi têm suas industrias carboníferas e os campos de carvão da província de Shaanxi liga-se quase em um todo com os campos de carvão de Jungar e de Dongsheng na Mongólia Interior, sendo a base de produção energética da China no século 21.

A província de Shanxi, cujo carvão formou-se principalmente nos períodos iniciais da era paleozóica e da era mesozóica que datam a cerca de 100 a 200 milhões de anos, tem 60 mil quilômetros quadrados com jazidas subterrâneas de carvão, cifra esta representando um terço da superfície total da província. As seis principais bases carboníferas concentram-se em Datong, Ningwu, Xishan, Huoxian, Qinshui e Hedong, com uma reserva verificada de mais de 200 bilhões de toneladas, um terço da reserva nacional do minério. Além de suas características do baixo teor de cal, enxofre e fósforo e o alto calor, a simples estrutura geológica dos campos carboníferos e a estabilidade e a superficialidade de suas jazidas facilitam a exploração. Graças à construção durante muitos anos, a província de Shanxi é hoje em dia a maior base abastecedora de carvão com a produção maior a 200 milhões de toneladas anuais, um quinto da produção anual total do carvão bruto do país. A mina de Datong, no noroeste de Shanxi, é a maior da China e uma das maiores em todo o mundo. A mina de Datong é famosa pela produção de carvão energético caracterizado pelo grande poder calorífico, pouco teor de cal e impurezas. A mina de Yangquan é a maior produtora do País de antracites de qualidade. O carvão da província de Shanxi é exportado para todos os lugares do País e para outros países.

As minas de carvão da província de Shaanxi concentram-se na região de Tongchuan. Durante cerca de 10 e 20 anos, têm sido descobertos vários campos de petróleo e de gás natural, nomeadamente em Shenfu e Yan´an, onde a reserva de carvão ultrapassa a reserva total verificada na mesma província, e será um dos maiores campos carboníferos do mundo, se ligá-lo ao campo de carvão na Mongólia Interior a seu norte, razão pela qual a exploração do campo de Shenfu se revestirá de importância capital para o abastecimento energético da China no século 21.

Visando o transporte de carvão da província de Shanxi, o Estado se empenha na construção das rodovias e ferrovias de Shanxi ao exterior nos últimos anos. Além das estradas de ferro Beijing-Baotou e Taiyuan-Shijiazhuang, foram construídas nos mais de 30 anos, as artérias ferroviárias Beijing-Yuanping, Taiyuan-Jiaozuo etc., entre as quais a via férrea eletrificada Datong-Qinhuangdao destaca-se com sua capacidade de transporte de 100 milhões de toneladas anuais. Com o término da construção da ferrovia conectada aos portos carboníferos de Qinhuangdao, o carvão pode ser embarcado em Qinhuangdao e exportado para as províncias litorâneas do sul do país, assim como para vários países estrangeiros. Além disso, as usinas termoelétricas construídas nas zonas produtoras de carvão se abastecem de eletricidade a Beijing e Tianjin e outras regiões através das redes de eletricidade de alta tensão.

As planícies norte da China são ricas não apenas do recurso carbonífero, mas também do recurso de ouro preto. Os campos petrolíferos de Shengli no delta do rio Amarelo, de Dognpu entre as províncias de Shandong e Hebei e o de Renqiu no centro da província de Hebei são importantes bases petrolíferas estatais.

 

 

Indice        Voltar

Copyright 1998-2004 Todos os direitos reservados a Rádio Internacional da China.