Jiaguwen é incluída na Lista de Memórias Mundiais
Você já ouviu falar na escrita Jiaguwen? São inscrições em ossos de animais e cascas de tartaruga, considerada o registro mais antigo da China e origem dos caracteres chineses. Foi descoberta em 1899, nas ruínas de Anyang, na província de Henan, antiga capital da dinastia Shang, que foi fundada no século XVI a. C e terminou no século XI. Com três mil anos de história, a escrita Jiaguwen foi usada exclusivamente pela família real para predizer o futuro e rezar. Graças a esta escrita, o desenvolvimento da civilização chinesa não foi interrompido e perdura até hoje, o que oferece materiais únicos e verdadeiros para estudar a história milenar, o Estado e a sociedade da antiguidade.
Para ter uma ideia da importância, em 30 de outubro de 2017, a UNESCO anunciou que a Jiaguwen da China foi incluída na Lista de Memórias Mundiais.
Ao oficializar a inclusão da escrita chinesa na lista mundial em dezembro de 2017, o ministério da Educação da China anunciou que irá criar um banco de dados informáticos da escrita. O objetivo é promover seu estudo e pesquisa a um novo patamar e despertar atenção e interesse de mais pessoas.
O Museu do Palácio Imperial, principal entidade que coleciona Jiaguwen, conta com aproximadamente 23 mil peças, ficando em 3º lugar do ranking mundial. Para o diretor do Museu, Shan Jixiang, a inclusão de Jiaguwen na lista mundial é de grande significado.
“Sendo uma das escritas mais antigas do mundo, Jiaguwen é testemunha da história da caligrafia chinesa que nunca foi interrompida ao longo de três mil anos. Ela possui a mesma raiz da escrita moderna. Em frente ao Pavilhão de Manutenção da Harmonia do Palácio Imperial, o presidente chinês, Xi Jinping, falou ao presidente americano, Donald Trump, que a história da China pode se remontar a cinco mil anos ou mais. Portanto, a cultura chinesa tem sido herdada sem parar. Um fato comprovado com os patrimônios culturais existentes até hoje.”
A lista de memórias mundiais, considerada como projeto carro-chefe da UNESCO e criada em 1997, visa resgatar e proteger registros documentais que estão se degradando e desaparecendo. As avaliações são feitas de dois em dois anos. A China se candidatou pela primeira vez à lista desde 1997 e já conta com 13 registros classificados. Marielza Oliveira, representante da UNESCO na China parabenizou a candidatura chinesa.
“As inscrições em ossos, uma das nossas novas coleções de registros internacionais da China, preservam os arquivos da casa real da dinastia Shang, constituindo o documento mais antigo na história da civilização humana. Ele representa um significativo valor acadêmico e cultural.”
Nos últimos anos, os ossos de animais e cascas de tartaruga foram reorganizados de forma detalhada. Agora, há mais de 160 mil peças de Jiaguwen na China e no exterior. Porém, reconhecer e interpretar esta escrita não são trabalhos fáceis. Em 2016, o Museu Nacional de Escrita Chinesa anunciou um prêmio de 100 mil yuans para decifrar um carácter. O presidente da Academia de Escrita Chinesa, Huang Dekuan explicou:
“Hoje, há mais de três mil ideogramas de Jiaguwen. Os que foram decifrados ou conhecidos não chegam a 1.400. Quanto aos restos dois mil caracteres, alguns deles temos a ideia do seu significado, mas não conseguimos explicar bem sua forma, pronúncia e tradução.”
Para o vice-ministro da Educação e diretor da Comissão Estatal da Língua, Du Zhanyuan, existem alguns problemas na pesquisa sobre Jiaguwen, como o reconhecimento e a influência desta escrita ainda são limitados, o conhecimento sobre a história e o valor cultural contido na escrita também são insuficientes. O vice-ministro revelou que pretende alcançar resultados notáveis na pesquisa fundamental, construção digital, promoção e aplicação de Jiaguwen, em três anos.
“Para fazer um bom estudo da escrita, devemos inovar, desenvolver a pesquisa com a inovação e promover a integração multidisciplinar entre o idioma, escrita, história, cultura, arqueologia e astronomia. Podemos aproveitar meios tecnológicos modernos como a construção de bases de dados informáticos, big data e computação em nuvem. Devemos utilizar uma série de novas tecnologia e metodologia de pesquisa interdisciplinar, como a fotografia digital de alta resolução, para promover o estudo de Jiaguwen a um novo patamar.”