Filme brasileiro Raia 4 aborda mundo psicológico de adolescentes
O filme Raia 4, produzido pelo diretor brasileiro Emiliano Cunha entrou na grande tela da cidade chinesa de Shanghai, dia 17 de junho. O longa, que participou de festivais cinematográficos no Panamá e no Uruguai, foi um dos concorrentes do Festival Internacional de Shanghai 2019.
A produção trata da “adolescência cruel” da Amanda, uma atleta de natação com 12 anos. Ela passa a maior parte do tempo na piscina. Sem a preocupação e cuidado suficiente dos pais, o espaço debaixo da água lhe oferece uma sensação de segurança. Ela ama a modalidade e espera se destacar por meio dos treinos duros. No entanto, Amanda tem uma forte rival - a colega Priscila. A ocorrência entre as duas adolescentes se estende da piscina para todos os aspectos da vida. A obra trata do mundo interior complexo dos adolescentes, disse o produtor do filme, Davi de Oliveira Pinheiro.
“No caso do Raia 4, ele é muito mais psicológico, muito mais sobre a personagem e sua relação com o mundo. O filme cria fragmentos de vida, que ganham significado quando o público assiste. As pessoas que acham o significado, o significado não apenas embutido na própria obra, mas também na experiência dos próprios espectadores.”
Sun Xiaofei, uma adepta da sétima arte, disse que o filme integra dois estilos cinematográficos - esporte e adolescência. Ela elogiou especialmente a descrição detalhada do mundo psicológico dos personagens.
“Quando assisti ao filme, senti que passei experiências semelhantes às da protagonista. É algo comum para as meninas na fase da adolescência. A descrição sobre o mundo interior das personagens é preciosa e o desfecho do filme é uma surpresa.”
De acordo com Oliveira Pinheiro, a história foi inspirada na experiência pessoal do próprio diretor. Antes de iniciar a carreira cinematográfica, Emiliano Cunha foi um atleta de natação.
“O Emiliano realmente queria fazer um retrato da vida pregressa dele como atleta. Ele quer mostrar uma visão do que é essa atleta, que era muito pessoal dele. Mas, desde o início, ele procurou não ser uma biografia, e o primeiro movimento para fazer isso foi ter uma personalidade feminina como protagonista, ao invés de ser um menino. A partir das vivências que ele teve, ele começou a criar cenas, criar momentos, criar situações que formam a Amanda e as personagens em sua volta.”
Merece ser ressaltado que as duas atrizes do filme, Brídia Moni e Kethelen Guadagnini, não são profissionais. Elas não tinham nenhuma experiência de cinema antes de participar das filmagens. As atrizes foram selecionadas de equipes da natação.
“Desde o início, o Emiliano queria que fossem atletas, não atores atletas, mas, sim, atletas atores. Daí ele começou a procurar em clubes, procurando esses nadadores e nadadoras que seriam personagens. Passaram por um processo de qualificação para atuar no filme. Vimos no início o vídeo de Brídia que o olhar dela é muito forte. Após a seleção no estúdio, escolhemos alguns atletas, e iniciamos uma oficina de atuação com grupos fechados, para que a gente os observasse e decidisse o elenco.”