Heróis anônimos do programa UHV da Represa de Belo Monte

O projeto da transmissão elétrica em ultra-alta tensão (UHV, na sigla em inglês) é um programa que a China investiu, construiu e operou na Represa de Belo Monte, Brasil. Em 12 de dezembro de 2017, a primeira etapa do projeto entrou em operação comercial. Agora, a segunda etapa de transmissão elétrica de mais de 2500 quilômetros está em bom andamento e vai ser concluída antes do planejado. O responsável do projeto de Belo Monte, a Companhia Nacional da Rede Elétrica da China (State Grid), mostrou o milagre da velocidade chinesa no território brasileiro, que foi possível com a dedicação de seus colaboradores.

Xiao Bin é o gerente de planejamento da segunda etapa da transmissão elétrica. Há sete anos morando no Brasil, ele testemunhou todo o processo do projeto. Xiao disse que está muito honrado por participar do programa, mas sente pena por não conseguir se reunir com sua família, sobretudo com o filho que recentemente nasceu.

“Na conserva por vídeo no wechat, meu filho não me chama de pai. Talvez ele conheça quem é o homem, mas não tem uma afeição profunda. Sempre me sinto triste ao pensar que só consigo me reunir com meu filho por apenas um mês por ano.”

O engenheiro Fan Lingfeng já trabalhou no Brasil por 13 anos. “Sou meio brasileiro”, brincou. Ele ficou mais preocupado com os pais idosos.

“Sempre ignoramos o ritmo de envelhecimento dos pais. Há dez anos, quando saíamos juntos, eles ainda conseguiam acompanhar meus passos, mas agora já não conseguem. À medida que eles envelhecem, me preocupo cada vez mais, até tenho sonhos estranhos.”

He Jiangying é uma jovem que acabou de se graduar pela universidade. Logo que entrou na empresa, ela foi enviada para o Brasil para preparar a 2ª etapa da transmissão elétrica na represa de Belo Monte. Sendo uma menina com pouca experiência de vida, ela sentiu dificuldade para se adaptar no Brasil e seu tempo máximo é de três meses.

“Tenho muita saudade da minha família. No início, tudo era completamente novo e não tive familiares para me acompanhar, foi bastante difícil. Sinto-me melhor depois das férias, mas, só consigo aguentar três meses. E depois, tenho de novo saudade de casa.”

Mesmo assim, a jovem nunca se arrependeu de ir morar no estrangeiro: “Não me arrependo. Os anos que passei no Brasil foram bastante maravilhosos por testemunhar todo o processo do programa de Belo Monte. Apear de ser duro, valeu a pena tanto na carreira profissional como na vida.”

Para a menina He Jiangying, o programa de Monte Belo significa “crescimento pessoal”, já para Xiao Bin, o projeto é o sinônimo de “orgulho”. Segundo ele, o projeto mudou a opinião dos brasileiros sobre o “made in China”.

“Por um longo tempo, no passado, nós chineses só fazíamos negócios com mercadorias pequenas e preliminares. Agora, a empresa State Grid faz grandes projetos elétricos aqui, importando muitos equipamentos de alta tecnologia que os brasileiros ou não têm capacidade de produzir ou não conseguem produzir bem como os chineses. Essas instalações mudam a atitude e a opinião dos brasileiros, sobretudo dos profissionais no setor elétrico, sobre a fabricação da China.”

O “meio brasileiro” Fan Lingfeng disse que é incontável a influência que o projeto de Belo Monte trará para o Brasil.

“Temos confiança na infraestrutura chinesa. A 2ª etapa do projeto de transmissão elétrica de Belo Monte incentivará obviamente o desenvolvimento do Brasil, tanto no setor de energia como em infraestrutura.”